(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas Reprodu��o

Fiv e hipertens�o: entenda os riscos

Mulheres submetidas � transfer�ncia de embri�es congelados t�m risco duas vezes maior de ter press�o alta na gesta��o


20/11/2022 04:00

 hipertensão gestacional
Cientistas ainda n�o conseguem explicar por que a fertiliza��o in vitro pode ser porta de entrada para a hipertens�o gestacional (foto: PHILIPPE LOPEZ/AFP )


Quando a gravidez por m�todo natural de concep��o n�o � poss�vel, uma das op��es mais adotadas � a fertiliza��o in vitro. Feito o procedimento, a gestante, como qualquer outra, n�o pode abrir m�o do pr�-natal. E nesse acompanhamento, a press�o arterial deve estar entre os indicativos priorit�rios, sinaliza uma equipe de cientistas da Noruega.
 
Isso porque, ao analisar dados de mais de 6,5 milh�es de mulheres, eles constataram que a transfer�ncia de embri�es congelados pode aumentar em 74% o risco de desenvolvimento de press�o alta na gravidez em compara��o a gesta��es com embri�es frescos ou concep��o natural. Considerando apenas o uso de embri�es congelados e a gravidez sem interven��o m�dica, o risco da complica��o � duas vezes maior.
 
Os pesquisadores ainda n�o conseguem explicar como o congelamento est� associado a um maior risco de hipertens�o na gravidez. Segundo Sindre Petersen, doutorando da Universidade Norueguesa de Ci�ncia e Tecnologia, a falta de dados sobre o tipo de ciclo congelado pode ter dificultado a equipe a identificar qual parte da transfer�ncia pode ser respons�vel pela maior vulnerabilidade.
 
Uma hip�tese levantada pelo grupo est� ligada ao corpo l�teo, estrutura end�crina tempor�ria que � formada a partir dos restos do fol�culo ovariano ap�s a ovula��o. "Em ciclos de congelamento programados, a forma��o do corpo l�teo � ignorada por completo, enquanto em ciclos frescos e de concep��o natural, ele secreta horm�nios vasoativos que podem ser importantes para a adapta��o materna � gravidez", diferencia Petersen. Dessa forma, a aus�ncia de corpo l�teo acaba dificultando a implementa��o da placenta, e isso impede o desenvolvimento do feto e o prosseguimento da gesta��o.
 
Transferência de embriões
Transfer�ncia de embri�es congelados pode aumentar em 74% o risco de desenvolvimento de press�o alta na gravidez (foto: Holding/Divulga��o)
 
 
O pesquisador afirma que essa teoria ainda precisa ser estabelecida, e que h� outras caracter�sticas do processo de transfer�ncia de embri�es congelados que podem estar ligadas ao fen�meno. "Por exemplo, altera��es epigen�ticas associadas � criopreserva��o ou ao descongelamento", indica o principal autor do estudo, divulgado na revista Hypertension, da Associa��o Americana do Cora��o.
Na avalia��o de Alvaro Ceschin, ginecologista e presidente da Associa��o Brasileira de Reprodu��o Assistida (SBRA), a forma de preparar o �tero pode levar � press�o alta, e n�o o fato de o embri�o ser congelado: "Quando a fertiliza��o in vitro utiliza embri�es congelados, � feito o chamado ciclo programado com manuseio de estrog�nio para preparar o �tero para receber o embri�o. E a pr�pria placenta j� produz muita progesterona e estrog�nio, que pode resultar em um descompasso na circula��o, levando � press�o alta. Por isso, o manuseio de mais horm�nios para estimular um ciclo 'artificial' pode aumentar esse risco".

PERFIS VARIADOS A equipe analisou registros m�dicos de nascimentos na Dinamarca, Su�cia e Noruega entre 1988 e 2015. A an�lise abrangeu quase 2,4 milh�es de mulheres com idade entre 20 e 44 anos que deram � luz durante o per�odo analisado. Foram inclu�das informa��es de 4,5 milh�es de gesta��es, das quais 4,4 milh�es foram concebidas naturalmente, 78 mil por transfer�ncia de embri�es frescos, e cerca de 18 mil geradas por embri�es congelados.
 
Tamb�m foram inclu�das 33 mil gravidezes de mulheres que tiveram filhos por mais de um dos m�todos de concep��o. Com esses dados, a equipe p�de verificar se o risco maior de ocorr�ncia de press�o alta estaria ligado a fatores relacionados aos pais, o que n�o apareceu na an�lise. As mulheres que deram � luz tinham idades m�dias distintas: 34 anos (transfer�ncia de embri�es congelados), 33 anos (embri�es frescos) e 29 (gravidez espont�nea).

FATOR IDADE Para a ginecologista Lauriene Pereira, o risco de hipertens�o est� mais relacionado a fatores pessoais, principalmente da m�e, do que ao processo de congelamento em si. "O estudo mostra que as mulheres que passam por transfer�ncia de embri�es congelados s�o mais velhas, faixa et�ria que tem maior disposi��o � inflama��o. Outro fator, que n�o est� expl�cito, mas precisa ser considerado, � que os pa�ses escolhidos para fazer o estudo s�o lugares em que a infertilidade est� muito relacionada ao sobrepeso", opina.
 
Carlos Rassi, cardiologista do Hospital S�rio-Liban�s de Bras�lia, tamb�m chama a aten��o para o fator idade. "O estudo revela que uma melhor orienta��o sobre o procedimento mais prop�cio para cada gesta��o pode evitar complica��es, sobretudo em mulheres mais velhas. � necess�rio que as m�es sejam informadas sobre os poss�veis riscos das transfer�ncias por embri�es congelados. Sendo essa uma escolha de procedimento mais consciente, elas podem optar por n�o fazer", diz.
 
Essa pr�tica � justamente o que o principal autor do estudo pretende com o trabalho. "Nossa pesquisa destaca a import�ncia da tomada de decis�o cl�nica compartilhada. Estou muito confiante de que uma boa decis�o de optar por uma transfer�ncia de embri�es frescos ou congelados pode ser tomada ap�s o di�logo entre as pacientes e seus m�dicos", enfatiza Petersen. "Al�m disso, acreditamos que nosso estudo destaca que � necess�ria uma considera��o cuidadosa de todos os benef�cios e danos antes de congelar todos os embri�es como rotina na pr�tica cl�nica."

* Estagi�ria sob supervis�o de Carmen Souza.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)