Médico utilizando equipamento de IA

Desenvolver modelos de intelig�ncia artificial inclusivos � um desafio. Para garantir acur�cia, os algoritmos precisam ser 'treinados' com dados representativos da popula��o

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S�O PAULO, SP, E BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Aos poucos, a intelig�ncia artificial avan�a em hospitais brasileiros. E, segundo as institui��es que a adotam, a tecnologia ajuda a evitar mortes.

 

No Brasil, entre os hospitais que a utilizam para monitorar pacientes est�o o Israelita Albert Einstein e o S�rio-Liban�s, al�m da Rede D'Or.

O S�rio-Liban�s usa a ferramenta integrada aos prontu�rios eletr�nicos para estimar o tempo de interna��o. O algoritmo coleta informa��es sobre interna��es anteriores, motivo da atual e resultados de exames. A tecnologia permite gerir recursos de UTI, diz Felipe Veiga, diretor-m�dico de inform�tica em imagens m�dicas da institui��o.

 

A Rede D'Or, dona do Hospital S�o Luiz e Nova Star em S�o Paulo, tamb�m usa intelig�ncia artificial para estimar o tempo de interna��o. Quando a tecnologia prev� a longa perman�ncia de um paciente intubado, por exemplo, ele recebe o tratamento de mobiliza��o precoce, que consiste em moviment�-lo ou, se poss�vel, ajud�-lo a se levantar do leito.

 

"Isso reduz tempo de interna��o, mortalidade e, depois da alta hospitalar, esse paciente tem melhor cogni��o", diz Jorge Salluh, m�dico intensivista e pesquisador do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino.

 

 

 

J� o Einstein implementou, em 2018, a Central de Monitoramento Assistencial, que acompanha dados de pacientes e usa intelig�ncia artificial para predizer piora nos casos e emitir alertas �s equipes.

 

Esse n�cleo monitora os pacientes do Einstein e tamb�m do Hospital Municipal Vila Santa Catarina, na zona sul de S�o Paulo, que pertence � rede p�blica e � gerenciado pelo grupo. Segundo o m�dico Leonardo Carvalho, do setor de Medicina de Precis�o do Einstein, o algoritmo da rede se torna mais preciso ao ser alimentado com dados de pessoas com diferentes contextos.

 

Desenvolver modelos de intelig�ncia artificial inclusivos � um desafio. Para garantir acur�cia, os algoritmos precisam ser "treinados" com dados representativos da popula��o, afirma o advogado Christian Perrone, coordenador de direito do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS).

 

Outra quest�o s�o os riscos das ferramentas de intelig�ncia artificial em rela��o � seguran�a da informa��o, j� que esses sistemas processam um grande volume de dados sens�veis.

 

A Lei Geral de Prote��o de Dados (LGPD) garante o direito � privacidade de informa��es pessoais em meio f�sico ou digital e abrange prontu�rios eletr�nicos e sistemas de intelig�ncia artificial.

 

Segundo Perrone, a lei oferece mecanismos de prote��o, mas h� necessidade de mais especifica��es. "Alguns processos ainda n�o est�o totalmente regulados, como o uso de grandes conjuntos de dados para treinar ferramentas."

O Albert Einstein e a Rede D'Or afirmam que empregam, como medida de seguran�a, a anonimiza��o dos dados de sa�de. Todos os hospitais mencionados dizem estar em conformidade com a LGPD.

 

O sistema do Einstein custou R$ 1,2 milh�o. Claudia Laselva, diretora da unidade hospitalar Morumbi e de pr�ticas assistenciais do hospital, afirma que a tecnologia reduz custos ao melhorar a seguran�a do paciente.

 

"Desde que implementamos no centro cir�rgico, h� mais de 1.500 dias, zeramos eventos catastr�ficos e graves relacionados � anestesia e reduzimos 30% dos demais eventos adversos", diz Laselva. Um evento catastr�fico � aquele que leva a um dano permanente ou � morte, enquanto um evento grave gera um dano importante ao paciente, por�m tempor�rio.

 

O uso de intelig�ncia artificial em hospitais ainda � limitado na rede p�blica. As iniciativas existem, mas, segundo Marco Bego, diretor-executivo do n�cleo de inova��o e tecnologia do Hospital das Cl�nicas da USP (HC-USP), est�o em sua maioria em fase de pesquisa. O Centro de Pesquisa e Solu��es em Intelig�ncia Artificial na Sa�de, na USP, desenvolve ferramentas de intelig�ncia artificial e valida as desenvolvidas externamente para uso no HC-USP.

 

Bego diz que � preciso contemplar tr�s condi��es para implementar a ferramenta no SUS: aumentar o acesso � sa�de, a qualidade do servi�o e a sustentabilidade da rede p�blica. Segundo ele, a tecnologia pode guiar as decis�es a partir de dados reais, fazendo valer o investimento.

 

Mortalidade por sepse Em julho, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, publicaram tr�s estudos que mostram como a intelig�ncia artificial reduziu em 18% a mortalidade por sepse (infec��o generalizada) entre pacientes de cinco hospitais americanos.

A intelig�ncia artificial desenvolvida na universidade foi chamada de Trews ("targeted real-time early warning score", cuja tradu��o livre em portugu�s � pontua��o de alerta antecipado em tempo real).

 

O sistema analisou sinais vitais, uso de medicamentos e resultados de exames. Quando par�metros como press�o arterial e contagem de plaquetas ultrapassaram limites predeterminados, o algoritmo disparou um alerta de risco de choque s�ptico em um intervalo de 11 a 94 horas de anteced�ncia.