Imagem das m�os de um cientista com ampolas
Se h� alguns anos as possibilidades para tratar o c�ncer se resumiam � quimioterapia e � radioterapia, essas t�cnicas — que destroem c�lulas cancer�genas, mas tamb�m danificam c�lulas saud�veis — est�o cada vez mais sendo substitu�das por op��es com menor toxicidade e mais focadas em caracter�sticas espec�ficas de cada paciente.
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"Op��es de terapias cada vez mais personalizadas fazem com que o c�ncer se aproxime cada vez mais de se tornar uma doen�a considerada cr�nica, com benef�cios efetivos � qualidade de vida de pessoas com diagn�stico da doen�a", afirma o oncologista Bruno Ferrari, fundador e CEO do Grupo Oncocl�nicas.
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Na avalia��o do especialista, o futuro do tratamento da doen�a � promissor, e permitir� que cada vez mais pessoas tenham op��es terap�uticas com menos efeitos colaterais e progn�sticos mais animadores.
An�lise gen�mica � a base para individualiza��o
O avan�o dos estudos envolvendo o genoma humano, al�m do c�digo gen�tico presente nas c�lulas tumorais e de forma �nica em cada indiv�duo, fez com que nos �ltimos anos a an�lise dos genes se tornasse parte indispens�vel dessa �rea da medicina.
O m�dico Jos� Cl�udio Casali da Rocha, chefe de oncogen�tica do A.C.Camargo Cancer Center, explica que os estudos da gen�tica focados em c�ncer se dividem em preven��o e tratamento, diagn�stico e acompanhamento.
"A primeira (an�lise) � chamada de germinativa, e � feita no DNA da pr�pria pessoa. O objetivo � definir caracter�sticas dos indiv�duos, detectar uma poss�vel sensibilidade maior de determinados genes a muta��es cancer�genas e tamb�m marcadores gen�ticos, por exemplo. J� a chamada som�tica � uma an�lise da gen�mica do tumor, feita para avaliar o comportamento biol�gico das c�lulas dele e entender, entre outros fatores, qual � a chance dele se espalhar."
Esses estudos gen�micos, de acordo com Casali, exigem que se criem consensos de tratamento entre diferentes especialistas.
"N�o � mais um m�dico s� que define o tratamento hoje. Essa decis�o � compartilhada e discutida com o paciente."
Imunoterapia potencializa as defesas do corpo
O tratamento � feito com subst�ncias que foram desenvolvidas para identificar e atacar caracter�sticas espec�ficas das c�lulas cancerosas, bloqueando o crescimento do tumor e permitindo que o organismo do paciente recupere as condi��es para derrot�-lo.
A descoberta da imunoterapia foi o que rendeu aos imunologistas Tasuku Honjo, japon�s, e James Allison, americano, o Pr�mio Nobel de Fisiologia e Medicina de 2018.
Os testes com esses medicamentos t�m mostrado resultados positivos para c�nceres como o de mama, de ov�rio, de pulm�o, de cabe�a e pesco�o, de bexiga, melanoma, entre outros.
As terapias que usam a imunoterapia tamb�m se revelam cada vez mais eficazes, e s�o uma boa not�cia para os pr�ximos anos — a expectativa � de que a t�cnica se torne mais popular em termos de conhecimento e aplica��o, al�m de mais barata.
No Sistema �nico de Sa�de (SUS), a primeira imunoterapia dispon�vel gratuitamente para os brasileiros foi aprovada em 2020, beneficiando pacientes com melanoma avan�ado.
Embora j� existam muitas op��es de tratamento, nosso sistema p�blico de sa�de ainda esbarra em entraves por quest�es financeiras.

O c�ncer surge de muta��es gen�ticas que transformam c�lulas em c�lulas tumorais
Getty ImagesAnticorpos monoclonais: menos toxicidade e maior efetividade
Considerado um tipo de imunoterapia, o tratamento com anticorpos monoclonais, tamb�m chamado de terapia-alvo, auxilia o corpo a identificar as c�lulas cancerosas.
Eles s�o produzidos em laborat�rio para se ligar a um alvo espec�fico nas c�lulas tumorais e podem provocar tanto uma resposta imune que destr�i as c�lulas cancerosas como marc�-las, facilitando a sua identifica��o pelo sistema imunol�gico.
As terapias com anticorpos podem ser conjugadas com quimioterapia.
"O que acontece, nesses casos, � que a combina��o vai levar a quimioterapia diretamente para a c�lula cancer�gena, focando o tratamento apenas nela, o que diminui a toxicidade para o organismo, ao mesmo tempo que aumenta a efetividade do tratamento", diz Carlos Barrios, oncologista da Oncocl�nicas e especialista em hematologia pela Universidade de Washington, nos EUA.
Segundo ele, � importante frisar que, para alcan�ar bons resultados com essas terapias, um fator � primordial: conhecer profundamente o tipo de c�ncer e as caracter�sticas de cada paciente e cada c�lula, para atingir a doen�a com mais precis�o.
"� preciso estar equipado com tecnologia que identifique as altera��es gen�ticas em detalhe. N�o s�o muitos locais que oferecem esse tipo de tratamento", afirma.
Febre, calafrios, fraqueza, dor de cabe�a, n�usea, v�mitos, diarreia, redu��o da press�o sangu�nea e erup��es cut�neas s�o alguns poss�veis efeitos adversos da t�cnica.
Bi�psia l�quida � a t�cnica menos invasiva para detectar e acompanhar tumores
A bi�psia l�quida � um exame que usa principalmente sangue (embora tamb�m possa utilizar urina ou outros fluidos do corpo, como saliva e l�quido cefalorraquidiano), para analisar se h� a presen�a de c�lulas de um tumor maligno ou de fragmentos do DNA das c�lulas tumorais.
"O exame recebe esse nome para se diferenciar da bi�psia s�lida, na qual voc� tira um fragmento do tumor e analisa no microsc�pio, uma t�cnica mais invasiva", explica H�ber Salvador, cirurgi�o oncol�gico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncol�gica (SBCO).
� poss�vel avaliar, por exemplo, a efic�cia de um tratamento (como a quimioterapia), e a possibilidade de recidiva (volta do c�ncer) em um paciente j� em remiss�o pela an�lise da presen�a de c�lulas tumorais ap�s o fim de um tratamento.
Apesar de j� ser utilizada para outros tipos de c�ncer, seu uso atual mais frequente � em pacientes com c�ncer colorretal e de pulm�o, j� que essas s�o as doen�as com mais pesquisas que refor�am os benef�cios da t�cnica.

Exame de sangue
Future Publishing/Getty ImagesCAR-T Cell � alternativa para tumores hematol�gicos
Uma nova op��o de tratamento para tumores hematol�gicos — como linfoma e leucemia — , tamb�m aplicada por meio da terapia gen�tica, � a chamada CAR-T Cell.
Ela consiste em usar c�lulas do pr�prio paciente (linf�citos T, c�lulas de defesa) e modific�-las geneticamente em laborat�rio para combater o c�ncer.
Com a t�cnica, se tornou poss�vel habilitar c�lulas de defesa do corpo com receptores capazes de reconhecer o tumor e atac�-lo de forma cont�nua e espec�fica.
O alto custo para a produ��o do tratamento preocupa, mas seu avan�o vem sendo animador desde que ganhou popularidade no Brasil na segunda metade de 2019.
Na �poca, um paciente com linfoma n�o Hodgkins avan�ado do Hospital das Cl�nicas da Faculdade de Medicina de Ribeir�o Preto da USP, no interior de S�o Paulo, foi considerado o primeiro paciente da Am�rica Latina a alcan�ar a remiss�o da doen�a com o uso das c�lulas CAR-T.
A estrat�gia usada para o tratamento abre frentes para seu uso n�o s� em tumores hematol�gicos — como o linfoma —, podendo possivelmente ser usada para qualquer tipo de c�ncer.
"A metodologia j� conta com pesquisas voltadas a protocolos para leucemia mieloide aguda e mieloma m�ltiplo. H� expectativas de que em um futuro pr�ximo seja poss�vel o uso do CAR-T Cell em tumores s�lidos, caso do c�ncer de p�ncreas, apenas para citar uma das possibilidades que j� est�o em discuss�o", explica o m�dico hematologista Renato Cunha, doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (USP).
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