Quem nunca ouviu falar a frase "mente s�, corpo s�o"? Segundo especialistas na �rea de sa�de mental, trata-se da mais pura verdade. Cuidar do psicol�gico e do f�sico � fundamental para o bem-estar. Neste m�s � celebrado o Janeiro Branco, que busca chamar a aten��o das pessoas para as necessidades relacionadas � sa�de mental, a depress�o e o cuidado com os sentimentos. Com a chegada do ano novo, projetos, sonhos e metas s�o iniciados. Para alguns, � necess�rio jogo de cintura e habilidades emocionais para encarar todas as demandas e expectativas.

O psiquiatra F�bio Aur�lio Leite, do Hospital Santa L�cia Norte e membro titular da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, alerta que a campanha traz � tona a conscientiza��o sobre os transtornos mentais, que s�o uma realidade mais do que evidente no Brasil e no mundo. "Quebra de preconceitos, busca derrubar os tabus e, principalmente, trata da inclus�o social de muitos pacientes que t�m alguns transtornos. Eles podem realmente ter um lugar na sociedade e desempenhar uma fun��o importante", destaca o m�dico. F�bio tamb�m avalia que a a��o salva vidas. "O Janeiro Branco chama a aten��o para todos os transtornos que podem culminar com um desfecho tr�gico", enfatiza, ressaltando a necessidade de um tratamento precoce e procura por ajuda.

O especialista pontua que os transtornos mais comuns s�o a depress�o e a ansiedade, tanto no Brasil quanto no mundo. Al�m disso, a popula��o em idade produtiva � a que mais sofre com as doen�as mentais. "Os desafios profissionais e materiais e as rela��es interpessoais acabam sendo mais intensos e as cobran�as e exig�ncias emocionais s�o maiores", comenta. Com a pandemia da covid-19, F�bio analisa que o mundo passa por um grande teste de resist�ncia emocional. "As pessoas �s vezes imaginam que precisam cuidar s� do corpo e que isso � suficiente, mas algumas doen�as f�sicas s�o tamb�m repercuss�o de quest�es mentais, como as doen�as psicossom�ticas, algumas patologias de pele e transtornos gastrointestinais", detalha.

O m�dico sanitarista e psiquiatra Ricardo de Albuquerque Lins ressalta que as pessoas tendem a se cuidar apenas quando adoecem de forma aguda. "� preciso pensar que o ser humano, nas suas singularidades, n�o consegue ter a real dimens�o do cuidado que necessita, por isso a import�ncia de um sistema de sa�de como o SUS com amplia��o do acesso", pontua. "As reflex�es com ajuda de amigos, de familiares e de profissionais de refer�ncia podem iniciar o processo do cuidado. Tamb�m � importante refletir no consumo, tanto da falta total como no desenfreado, para suprir algo que sempre vai estar ausente, porque sentimentos ruins deixam-nos fragilizados e tendemos a tomar atitudes com o outro e com n�s mesmos que podem ser uma bola de neve de afetos hostis e negativos", reflete.

A Secretaria de Sa�de do Distrito Federal (SES-DF) realizou, at� outubro de 2022, mais de 655 mil procedimentos nos servi�os especializados de sa�de mental. Para quem busca ajuda, a pasta orienta procurar a unidade b�sica de sa�de (UBS). "L�, as pessoas poder�o ser avaliadas, classificadas quanto ao risco psicol�gico, as equipes generalistas respons�veis pelo atendimento contam com o suporte de profissionais especializados em sa�de mental. Assim, o encaminhamento para outros servi�os poder� ser realizado, se necess�rio", destaca.

Outra op��o da rede p�blica s�o os Centros de Aten��o Psicossocial (CAPs), que funcionam como servi�os especializados de sa�de mental inseridos na comunidade e n�o necessitam de encaminhamento. "S�o destinados a pessoas que apresentam intenso sofrimento ps�quico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, inclusive decorrentes do uso de �lcool e outras drogas", destaca. Para situa��es de crise aguda relacionada a sofrimento ps�quico decorrente de transtornos mentais ou abuso de drogas, os doentes dever�o ser assistidos nos hospitais gerais ou unidades de pronto- atendimento (UPAs).

Autoconhecimento 

A psic�loga cl�nica Patr�cia Siqueira considera o autoconhecimento essencial para a conscientiza��o sobre a sa�de mental, al�m da cria��o de estrat�gias para lidar com as v�rias situa��es cotidianas e o rompimento com ideias err�neas em rela��o � terapia. "Sinais de alerta s�o emo��es sentidas com muita intensidade, tais como falta de controle emocional, tristeza, isolamento social, altera��es no humor, situa��es traum�ticas e dificuldades nas rela��es interpessoais", detalha. A especialista ressalta que o tratamento � realizado com psicoterapia, medita��o, exerc�cios f�sicos, alimenta��o, al�m de medica��o e acompanhamento psiqui�trico, a depender de cada paciente. O importante � procurar um profissional da �rea para avalia��o adequada.

O psiquiatra F�bio Aur�lio Leite adverte que os espa�os onde o indiv�duo est� inserido s�o fundamentais para a sa�de mental como medida preventiva de transtornos. "Manter os ambientes de forma pac�fica e tranquila, cultivar respeito e valores como liberdade para que as pessoas possam ser elas mesmas e tenham a tranquilidade de se expressar s�o importantes. Muito do que a gente percebe dos transtornos s�o emo��es e sentimentos que ficam guardados e presos, situa��es traum�ticas, bloqueios, press�es que acontecem", relata. Da mesma forma que Patr�cia Siqueira, o m�dico cita estudos epigen�ticos que tratam n�o apenas o que vem com a carga gen�tica, e indicam que o desenvolvimento humano e dos transtornos mentais est�o ligados aos lugares de conv�vio e � forma como nos relacionamos com o mundo.

Meditar e acalmar 

Manter a mente no lugar e buscar atividades que minimizem os estresses e os anseios do dia a dia s�o importantes para o autocuidado e a preven��o dos transtornos. Pr�ticas ligadas ao ioga, medita��o e medicina oriental s�o uma forma de relaxar e acalmar os �nimos. Sem restri��es para a quantidade de vezes que podem ser praticadas na semana, as pessoas podem buscar esses h�bitos e pratic�-los em ambientes ao ar livre ou em espa�os especializados.

Idealizadora da Escola Y�ga Lab, a profissional Ta�sa Santos ressalta que a atividade � uma ferramenta de autoconhecimento, desenvolvimento e evolu��o do ser para al�m do aspecto f�sico, abrangendo tamb�m o desenvolvimento energ�tico, emocional, mental e intuitivo. "Durante a medita��o, reduzimos o ritmo fren�tico das ondas mentais, geradas pelos pensamentos acelerados e dispers�o da mente. A diminui��o do ritmo de pensamentos nos permite enxergar com mais clareza, resolver situa��es com mais dinamismo e criatividade", argumenta.

A professora destaca que a pr�tica de ioga e de medita��o tem um acervo muito variado de ferramentas que ajudam bastante na redu��o do estresse e da ansiedade, como, por exemplo, t�cnicas de reeduca��o respirat�ria, de concentra��o, de purifica��o do organismo, de descontra��o f�sica e mental, flexibilidade e mobilidade, t�cnicas de for�a e equil�brio f�sico e emocional.

Propriet�rio do est�dio Yantra Yoga Bras�lia, Helton Azevedo avalia que a atividade oferece uma conex�o com algo para al�m da rotina, sem uso de celular e trazendo uma autorreflex�o. "A medita��o � algo que pode ser uma experi�ncia mais profunda. Para al�m de esvaziar a mente, ela conduz o praticante a tocar quest�es profundas sobre si, seus conflitos e traumas. � um caminhar para dentro de si em dire��o ao mundo", reflete.