Sess�o de terapia - mulher conversando com profissional de sa�de mental
A psicoterapia tem como objetivo tratar quest�es relacionadas � mente, sa�de e outras demandas. E se engana quem pensa que o tratamento deve ser buscado somente quando se est� passando por um momento delicado e de sofrimento.
Segundo Thaise L�hr Tacla, psic�loga terapeuta e professora do curso de Psicologia da Pontif�cia Universidade Cat�lica do Paran� (PUCPR), � um erro procurar ajuda quando se chegou ao limite. “N�o � s� quando falamos de doen�a e sa�de mental. Pode buscar o autoconhecimento, entender, ver pontos e coisas da vida que quer desenvolver”, diz.
Por�m, para que o paciente se sinta � vontade e fale abertamente sobre qualquer assunto � necess�rio escolher um profissional e uma linha de tratamento adequados.
Como h� muitas vertentes � necess�rio que o indiv�duo identifique qual o melhor tipo, seja de acordo com sua personalidade, transtorno ou quest�o espec�fica.
“Cabe ressaltar que n�o existe uma abordagem melhor que a outra, e sim, maneiras de entender o indiv�duo. Temos abordagens mais diretivas e tem algumas que apresentam abordagens mais cient�ficas”, destaca Tacla.
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Na psicoterapia existem tr�s pilares que podem ajudar na escolha: comportamental, humano existencial e psicodin�mico.
Dentro de cada uma dessas existem “subclassifica��es” que podem direcionar ainda mais cada indiv�duo para iniciar o tratamento. Explicamos cada uma abaixo.
Comportamental
An�lise do comportamento
� baseada no behaviorismo (vem de behavior, que � comportamento em ingl�s) e com aspectos respaldados na ci�ncia. � uma perspectiva que vai analisar o comportamento do indiv�duo e suas intera��es com o ambiente.
Um exemplo pr�tico � a ansiedade no primeiro dia de aula. Geralmente, essa linha vai tentar entender por que isso ocorreu e por que o paciente teve essa resposta a esse sentimento.
O objetivo � ajudar a pessoa a encontrar a causa do sofrimento, identificar o seu comportamento e de outras pessoas para auxiliar com estrat�gias de enfrentamento e encontrar a fun��o desse medo. � considerada mais pontual e diretiva.
Terapia cognitivo comportamental (TCC)
Essa perspectiva enfatiza o pensamento do indiv�duo e como isso vai influenciar os sentimentos, emo��es e comportamento.
O papel da psicoterapia � auxiliar o paciente a entender as a��es provenientes desse acontecimento e as cren�as.
� a vertente mais utilizada nos pa�ses norte-americanos pela sua possibilidade de valida��o cient�fica por meio dos m�todos aplicados e comprovados.
O tratamento n�o deve ser buscado apenas quando se est� passando por um momento dif�cil
Getty Images“O terapeuta mostra essas distor��es cognitivas e em conjunto com o paciente, encontra alternativas, solu��es para as pr�prias ang�stias, mostrando o que h� por tr�s de um medo.
Ensina o pr�prio paciente a ter autonomia para aprender a lidar com suas pr�prias quest�es, diz Lala Fonseca, psic�loga com especializa��o em Psicofarmacologia pelo Hospital das Cl�nicas da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (FMUSP-HC).
Como � uma abordagem mais direta, � indicada para quem sofre com transtornos alimentares, ansiedade, depress�o, para pessoas que buscam a interpreta��o das situa��es da vida e que desejam um direcionamento por meio das pr�prias respostas. Atualmente, � o m�todo mais breve para solu��o de situa��es em geral.
Humano Existencial
Humanista ou transpessoal
O terapeuta atua em busca de um ambiente acolhedor para que o indiv�duo alcance suas qualidades e reconhe�a quais s�o suas dificuldades.
Prop�e que a pessoa s� ir� conseguir mudar as coisas quando aceitar a si mesma.
� indicada para quest�es ligadas a autoestima, estresse e para pacientes que buscam melhorar n�o por meio de suas ang�stias, mas sim por aspectos e pontos positivos.
Fenomenol�gica
Essa linha vai focar no indiv�duo como forma �nica. Vai enfatizar suas atitudes, buscar entender a raz�o de sua exist�ncia e fazer questionamentos como: por que eu existo, quais atitudes eu tenho diante da vida?
Nessa tamb�m s�o trabalhados valores e aspectos com base na exist�ncia do paciente, sem preconceitos e generaliza��es.
Gestalt
Seu objetivo � provocar insights no aqui e agora por meio da consci�ncia de si mesmo, al�m de envolver aspectos f�sicos, mentais e espirituais. � caracterizada pela reflex�o de suas a��es pr�prias e busca estrat�gias para se autorregular.
O terapeuta presta aten��o na fala, no tom de voz, gestos e outras linguagens corporais. Muitas vezes, esse processo provoca insights da percep��o de si mesmo.
Funciona para pessoas que necessitam ver a situa��o como um todo para compreender o resultado.
Psicodrama
� baseada em aspectos do teatro, usa o drama para encenar viv�ncias e apresenta uma abordagem que tem por objetivo resgatar a ess�ncia de cada ser humano.
“Enquanto o psicodrama visa reviver e aceitar seu passado e at� compreender o futuro, a principal diferen�a para a constela��o familiar � que esta ainda n�o “resolve” o “trauma em si”, diz Fonseca.
Mesmo tendo essa linha mais l�dica, � preciso uma forma��o em psicologia para, de forma t�cnica, auxiliar o indiv�duo nessa solu��o de quest�es traum�ticas, destaca a profissional.
� indicada para pessoas que t�m dificuldade em explicar determinada situa��o e o desconforto que causou. Al�m disso, tem como objetivo compreender a si, aos outros e sua capacidade em relacionar-se com os demais.
Logoterapia ou an�lise existencial
Esse tipo de psicoterapia tem o foco na busca do sentido. Visa encontrar a motiva��o e a raz�o da pessoa estar ali.
Ela pode ajudar o paciente a superar crises existenciais e respostas por dilemas profundos.
“Na pandemia resgatou-se muito a busca pelo sentido. Acabou por ter mais destaque, buscando a motiva��o da vida”, diz Tacla.
Psicodin�mica
Psican�lise
� uma abordagem mais antiga e tem como estrat�gia usar associa��o livre, falando sobre si e sem nenhuma interven��o. Ao falar o que sente sem interrup��o, a pessoa vai se tornando consciente.
� indicada para pessoas que busquem conhecer suas camadas mais profundas e sintam conforto na sua aus�ncia.
Dentro da psican�lise h� outras linhas que tamb�m podem ser escolhidas. S�o elas:
Freudiana ou psican�lise ortodoxa
Permite o paciente falar livremente, normalmente de costas para o analista e este, por sua vez, mant�m o sil�ncio para permitir que os pensamentos fluam livremente sem nenhuma interfer�ncia.
Terapia Junguiana
Tamb�m chamada de psicologia anal�tica, a terapia de Carl Jung tem como objetivo trabalhar o inconsciente e consciente para trazer o equil�brio do mundo externo e interno.
“A estrat�gia dessa linha � direcionar para o inconsciente. Entende-se que a pessoa falou algo que n�o queria falar”, diz a especialista da PUC-PR.
O paciente fica livre para falar o que deseja e o terapeuta pode tentar compreender, simbolicamente, o que suas queixas representam.
H� imagina��o ativa, interpreta��o de sonhos e sandplay (tamb�m chamado de jogo de areia), m�todo n�o verbal para construir cenas.
Terapia Lacaniana
Essa linha de abordagem d� �nfase � explora��o do inconsciente por meio da fala.
Assim como na psican�lise ortodoxa, o paciente deve falar livremente sem ser interrompido.
� muito comum o terapeuta repetir as falas do indiv�duo para ele mesmo se ouvir. � indicado para indiv�duos que lidam bem com limites.
Como escolher o terapeuta ideal?
Quando a pessoa decide come�ar a psicoterapia � importante buscar refer�ncias. O mais indicado, segundo os especialistas, � procurar alguns detalhes sobre o tipo de pr�tica que esse profissional exerce, seja por meio de suas publica��es, falas em espa�os p�blicos e projetos sociais desenvolvidos.
� preciso identificar qual o tipo mais adequado de terapia, seja de acordo com sua personalidade, transtorno ou quest�o espec�fica
Getty ImagesSinta-se � vontade tamb�m para perguntar qual linha ele segue, se far� questionamentos, anota��es ou se deixar� voc� falar mais durante as sess�es.
“O fundamental aqui � procurar viver uma experi�ncia inicial com o profissional para sentir se voc� foi escutado e se voc� sentiu que se formou um v�nculo inicial de onde pode frutificar uma rela��o terap�utica”, destaca Bartholomeu de Aguiar Vieira, professor de Psicopatologia, Est�gios de Psicodiagn�stico e Avalia��o da Personalidade do Centro de Ci�ncias Biol�gicas e da Sa�de (CCBS) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
H� pacientes que demoraram um ano para se sentir confort�veis em abrir quest�es relacionadas � sexualidade, por exemplo, e pontos onde a pr�pria pessoa tinha preconceitos.
“Abrir-se para o processo de terapia � doloroso, por�m, extremamente libertador. Ao reconhecer as pr�prias quest�es, o paciente se liberta de ang�stias. Ao aceitarmos quem somos, descobrimos para onde queremos e temos a possibilidade de ir e o que queremos fazer”, destaca Fonseca.
De in�cio, � importante fazer “sess�es teste” e ter um primeiro contato com o psicoterapeuta. Elas podem ocorrer por meio chamadas de v�deo, liga��o e de forma presencial.
Alguns oferecem at� atendimentos gratuitos para o primeiro encontro, mas nada impede de discutir valores e saber quanto ele cobra pelo servi�o.
Caso a pessoa n�o consiga pagar pelas sess�es, tamb�m h� a possibilidade de atendimentos sociais, feitos em cl�nicas-escolas a pre�os populares e at� sem custo.

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