Jovens assistindo aula

Conv�vio entre jovens que acontecia na escola deixou de existir por conta das restri��es e do isolamento social

Ag�ncia Brasil

 

A popula��o jovem, especialmente na faixa entre 18 e 24 anos, tem uma probabilidade cinco vezes maior de relatar queixas de sa�de mental em compara��o com a gera��o de seus av�s. “N�o h� uma �nica regi�o, grupo lingu�stico ou pa�s onde o decl�nio do bem-estar mental em gera��es sucessivamente mais jovens n�o � aparente. Isso se traduz em um aumento dram�tico na porcentagem de cada gera��o mais jovem que est� mentalmente angustiada ou lutando em um n�vel qualific�vel como de natureza cl�nica ou requerendo ajuda profissional”, aponta o estudo internacional.

 

Na cl�nica da psic�loga Mariana Azevedo, especialista em sa�de mental e depend�ncia qu�mica, houve um aumento expressivo no atendimento a crian�as e adolescentes, por isso foi necess�rio fazer uma capacita��o para atender esse p�blico. “A pandemia do novo coronav�rus aumentou o n�mero de atendimentos de jovens com transtornos mentais, incluindo depress�o e ansiedade. Al�m disso, a falta de contato social, o isolamento e a incerteza do futuro est�o entre os fatores que mais contribuem para o agravamento desse quadro”, aponta Mariana Azevedo.

 

Nessa busca de alivio para o desconforto e as ang�stias existenciais, a psic�loga identificou um fen�meno curioso entre os jovens que � a necessidade de simbolizar essas dores e frustra��es no corpo por meio de tatuagens. "A gente percebe esse aumento da tentativa de alivio do desconforto, da ang�stia, do mal-estar, pelo corpo, por meio das tatuagens", exemplifica.

 

A pandemia tamb�m trouxe mudan�as significativas na forma como os jovens se relacionam e interagem socialmente, especialmente ap�s a priva��o do ambiente escolar por conta do isolamento social. "Uma das coisas que marca a adolesc�ncia � essa separa��o do n�cleo familiar para uma constitui��o do sujeito. E nesse contexto, o conv�vio entre jovens que acontecia na escola deixou de existir por conta das restri��es e do isolamento social", explica.

A necessidade de manter o distanciamento f�sico e a redu��o de atividades presenciais afetaram negativamente a sa�de mental dos jovens, que muitas vezes dependem do contato social para se sentirem conectados e pertencentes a um grupo.

 

O decl�nio do bem-estar mental das gera��es mais novas tamb�m pode estar associado ao aumento do abuso de drogas e �lcool. Segundo a psic�loga Mariana Azevedo, isso se traduz em um aumento dram�tico na porcentagem de cada gera��o mais jovem que est� mentalmente angustiada. "Com esse novo cen�rio, alguns pacientes passaram a ter acesso a medica��es psiqui�tricas e a fazer abuso dessas subst�ncias. Por exemplo, houve um aumento expressivo do uso de Ritalina", afirma a psic�loga.

 

O excesso de liberdade e de acesso � informa��o criou um contraponto entre fam�lias liberais e outras mais fechadas e dogm�ticas. "O que eu observo que aconteceu na pandemia � que a conviv�ncia desses nesses n�cleos familiares muito dogm�ticos foi assim enlouquecedor, literalmente", afirma Mariana Azevedo.

 

Nesse contexto, ela ressalta que muitos jovens que j� lidavam com transtornos mentais antes da pandemia tiveram sua condi��o agravada pela falta de acesso a tratamentos adequados de sa�de mental.

 

Apesar do quadro preocupante, a psic�loga ressalta um aspecto positivo dessa pandemia, que foi a diminui��o do preconceito contra a terapia e de outros processos de autoconhecimento. "Muitas pessoas passaram a buscar a terapia para ter qualidade de vida. E agora podem falar sobre o que sentem, das suas viv�ncias, sem que isso precise estar sendo 'confessado'. Acabam se amparando nisso para se permitir falar de algo que causou um mal-estar, por exemplo", completa.

Relat�rio do Estado Mental do Mundo

O estudo mostra como o mundo est� se recuperando da pandemia e como as rela��es familiares e amizades est�o se deteriorando, com consequ�ncias significativas para o bem-estar mental.

 

A cada ano, o relat�rio apresenta o estado mental das popula��es, as tend�ncias em rela��o aos anos anteriores – e pela primeira vez o estudo inclui o Brasil. O levantamento coletou 407.959 respostas pela internet de pa�ses de todos os continentes, em nove idiomas diferentes.

 

Na regi�o da Am�rica Latina e do Caribe, por exemplo, enquanto menos de 15% das pessoas entre 55 e 64 anos tiveram pontua��es negativas no �ndice, entre 18 e 24 anos esse percentual foi acima de 50%. Isso quer dizer que mais da metade dos jovens desses locais relataram sintomas cl�nicos de transtornos de sa�de mental.

Servi�o

A Rede SARAH contribui com o Minist�rio da Sa�de no que se refere �s a��es voltadas ao enfrentamento da pandemia e suas graves consequ�ncias. O hospital oferece tratamento gratuito para reabilita��o de pacientes p�s-covid-19. Entre as principais altera��es neurol�gicas tratadas est�o: perda de for�a ou de sensibilidade nos membros superiores e inferiores, altera��es do equil�brio e da coordena��o motora, al�m de altera��es da mem�ria.

 

Os programas de reabilita��o incluem estimula��o neuropsicol�gica e da capacidade cognitiva e ocorrem com um agendamento pr�vio pelo site sarah.br.