Conversa entre médico e paciente

� importante o encaminhamento de pacientes ao urologista no caso de qualquer altera��o, como endurecimento, aparecimento de n�dulos ou assimetria da pr�stata ao toque, independentemente do valor do PSA

Rawpixel/Reprodu��o

� verdade que n�o existe consenso entre as sociedades de urologia e outras associa��es m�dicas com rela��o ao uso do toque retal como medida de diagn�stico precoce do c�ncer de pr�stata. Segundo a Associa��o Americana de Urologia (AUA), n�o existe evid�ncia para utiliza��o de outro teste, al�m do PSA, para indicar a necessidade de bi�psia prost�tica. 

No entanto, � importante o encaminhamento de pacientes ao urologista no caso de qualquer altera��o - como endurecimento, aparecimento de n�dulos ou assimetria da pr�stata ao toque, independentemente do valor do PSA. Al�m disso, o aumento sim�trico da pr�stata ao toque � sugestivo de hiperplasia prost�tica benigna, e s� � suspeito quando associado � eleva��o de PSA. 
 

A pol�mica � grande e antiga. Um estudo apresentado por pesquisadores do Centro Alem�o de Pesquisa do C�ncer, durante o Congresso da Associa��o Europeia de Urologia, em Mil�o, na It�lia, mostrou que o exame de toque retal, considerado um dos m�todos mais eficazes na detec��o de c�ncer de pr�stata, talvez n�o seja t�o eficiente assim, especialmente nos casos iniciais.

Os cientistas alegam, inclusive, que o exame est� deixando de detectar muitos tumores da pr�stata nessa fase da doen�a. No caso da Alemanha, geralmente ele � o �nico exame que integra o programa nacional de triagem com essa finalidade. Por isso, os pesquisadores apontam testes, como o PSA, como fundamentais para a triagem inicial dos pacientes. 
 

De acordo com o material divulgado no congresso, o exame de toque - que verifica altera��es como incha�o incomum ou caro�os no reto - quando comparado com a taxa de detec��o usando outros m�todos, como um teste de PSA, a taxa de detec��o foi substancialmente menor. O estudo, de nome PROBASE, contou com a participa��o de quatro universidades (TU Munique, Hannover, Heidelberg, D�sseldorf) e envolve 46.495 homens com 45 anos, inscritos entre 2014 e 2019. 

Agne Krilaviciute, uma das coordenadoras do estudo, disse que o toque retal deu resultado negativo em 99% dos casos e, "mesmo aqueles considerados suspeitos tiveram uma baixa taxa de detec��o". Ela acrescenta que "os resultados que vimos do estudo PROBASE mostram que o teste de PSA aos 45 anos detectou quatro vezes mais c�nceres de pr�stata".

Hip�teses

Os pesquisadores acreditam que uma das raz�es pelas quais o toque pode estar falhando em detectar c�nceres, particularmente em homens mais jovens, � porque as mudan�as no tecido da pr�stata podem ser muito pequenas para serem detectadas com um dedo. Al�m disso, alguns tipos de c�ncer ocorrem em uma parte da pr�stata que n�o pode ser facilmente alcan�ada por um dedo.

"O c�ncer em est�gio inicial pode n�o ter tamanho e rigidez para ser palp�vel", disse o professor Peter Albers, urologista da Universidade de D�sseldorf, autor s�nior do estudo. "A an�lise separada que usou exames de resson�ncia magn�tica antes das bi�psias para localizar c�nceres na pr�stata mostrou que cerca de 80% deles est�o em uma �rea que deveria ser f�cil de alcan�ar com um dedo e ainda assim os c�nceres n�o foram detectados pelo toque."

Os pesquisadores agora est�o pedindo o uso generalizado de testes de PSA e exames de resson�ncia magn�tica como parte de programas de triagem em vez do teste de toque. "Se o objetivo de um programa de triagem � identificar o c�ncer o mais cedo poss�vel e a ferramenta de triagem atual n�o est� fazendo esse trabalho, ent�o essa � uma falha fundamental dessa abordagem", disse o professor Albers.