Imagem de um homem segurando um halter de academia

Se usados sem recomenda��o por pessoas saud�veis, as subst�ncias podem causar graves efeitos colaterais

Reprodu��o/Freepik
 

O uso ilegal de rem�dios controlados como anabolizantes ganhou um novo alerta: as falsifica��es. Lotes falsos de Deca-Durabolin e Durateston foram proibidos e apreendidos pela Anvisa (Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria) na �ltima semana. Longamente utilizados de forma indevida para fins est�ticos, os medicamentos s�o originalmente prescritos para reposi��o de horm�nios em organismos que n�o os produzem adequadamente.

Quando usados sem recomenda��o em indiv�duos saud�veis, causam efeitos colaterais graves, que v�o desde mudan�as f�sicas at� a morte.

Comuns nas academias de muscula��o e luta, os medicamentos s�o principalmente buscados por homens que querem alcan�ar objetivos est�ticos com maior rapidez.

Deca-Durabolin e Durateston s�o utilizados, muitas vezes associados, para promover ganho de massa muscular e perda de gordura em um per�odo que o corpo sozinho n�o conseguiria. Os riscos para a sa�de, por�m, s�o altos. Personal trainers e treinadores esportivos consultados pela Folha dizem que o consumo dos anabolizantes para ganho de massa muscular e melhora do desempenho � corriqueiro, mas poucos usu�rios aceitam falar abertamente sobre o tema.

A SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo) � contr�ria a pr�tica devido aos riscos, que variam de excesso de acne, mudan�as na voz, crescimento de mamas em homens e do clit�ris em mulheres, at� danos hep�ticos graves, diminui��o da fertilidade, problemas card�acos e morte s�bita.


"S�o dois rem�dios importantes para tratar doen�as. Os efeitos colaterais est�o associados ao seu uso inadequado", afirma Alexandre Hohl, vice-presidente do departamento de Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgeneridade da institui��o. Para ganho de massa muscular para fins est�ticos, os medicamentos devem ser usados em doses muito superiores ao indicado na bula, o que gera um alto risco aos usu�rios, afirma Hohl.


"Um homem que n�o produz testosterona de maneira adequada vai fazer uma [inje��o de] Durateston a cada 15 ou 20 dias. Os caras que fazem anabolizante fazem dez, 20 ampolas por m�s deste tipo de horm�nios", diz o m�dico. O vice-presidente destaca que falsifica��es dos f�rmacos s�o um problema antigo e agravado pelo uso indevido, uma vez que o rem�dio prescrito precisa ser comprado com receita e na farm�cia.


Os lotes falsos eram comercializados sob a marca "Schering-Plough". Os registros desta farmac�utica para os medicamentos, por�m, foram cancelados por transfer�ncia de titularidade � Aspen Pharma Ind�stria Farmac�utica, e ocorreram, � �poca, "por iniciativa comercial das pr�prias empresas", segundo a Anvisa.


As vers�es de Deca-Durabolin e Durateston da Aspen Pharma, denunciante e atual detentora do registro, permanecem autorizadas para venda. A foto dos produtos apreendidos apresenta fabrica��o recente e data de vencimento v�lida. Como a venda dos medicamentos � controlada, ficam mais expostos ao problema pacientes com prescri��o que buscam os rem�dios a pre�os menores na internet e aqueles que compram sem receita m�dica para fins est�ticos por meio do com�rcio ilegal.


O Deca-Durabolin tem como princ�pio ativo � o decanoato de nandrolona e � indicado para a reposi��o de testosterona em homens com condi��es associadas ao hipogonadismo, que provoca defici�ncia do horm�nio. J� o Durateston tem como base �steres de testosterona e � recomendado para reconstruir tecidos enfraquecidos por doen�as cr�nicas ou danos graves, como HIV ou queimaduras.


O atleta de MMA Jo�o Lopes, 29, j� recorreu aos anabolizantes. Ele afirma ser comum entre os lutadores o uso de subst�ncias que melhorem o desempenho, sendo aqueles a base de testosterona os mais comuns. "Aumenta sua capacidade de treino, de for�a, de ganhos musculares. Um atleta profissional treina duas a tr�s vezes por dia, aquele que n�o faz uso do medicamento n�o consegue treinar em alto rendimento por muito tempo, por conta de les�es e do cansa�o f�sico", diz ele.


O que j� foi garantia de vit�ria, por�m, n�o � mais em decorr�ncia das novas pol�ticas das competi��es. Lopes conta que antigamente os testes eram feitos na semana da luta e, assim, os atletas tinham tempo suficiente para utilizarem o produto, obterem os resultados e tirarem a subst�ncia do corpo por meio de diur�ticos.


"Com a profissionaliza��o dos eventos, as comiss�es antidoping pro�bem os diur�ticos no esporte e os testes s�o feitos de uma maneira aleat�ria e n�o sistematizada, podendo pegar o atleta na sua academia no meio de um treino e a meses ainda da realiza��o de sua luta", afirma.