m�dicos conversam com paciente
Segunda cirurgia mais frequente em mulheres na idade reprodutiva, sendo superada, no Brasil, apenas pela cesariana, a histerectomia � indicada em casos de mioma, endometriose e tumor, entre outras complica��es. O grande volume de procedimentos, por�m, n�o ameniza as preocupa��es quanto a poss�veis efeitos adversos.
Histerectomia: procedimento do passado, presente ou futuro?
Na tentativa de aprofundar a an�lise de vantagens e desvantagens desse tipo de tratamento, pesquisadores do Centro de Pesquisa da Sociedade Dinamarquesa do C�ncer avaliaram o risco comparativo de c�ncer, doen�a cardiovascular e morte entre mulheres submetidas a histerectomia benigna com a retirada dos ov�rios.
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A retirada das gl�ndulas reprodutivas femininas visa aumentar as chances de sobreviv�ncia de mulheres com alto risco de c�ncer de ov�rio. No entanto, de acordo com os pesquisadores, n�o se sabe o suficiente sobre como esses procedimentos afetam outros aspectos da sa�de das pacientes.
O estudo, com base em dados de mais 140 mil mulheres na Dinamarca, mostra que as mulheres que tiveram os ov�rios removidos apresentam um risco menor de c�ncer de ov�rio, mas outros resultados de sa�de variaram de acordo com a idade/estado da menopausa. A cirurgia foi associada, por exemplo, ao aumento do risco de doen�a cardiovascular em mulheres mais jovens e ao de c�ncer nas mais velhas com menor vulnerabilidade de serem acometidas por tumores.
"A remo��o de ambos os ov�rios no momento da histerectomia benigna � controversa. Sabemos que ela beneficia mulheres com predisposi��o gen�tica ao c�ncer de ov�rio, mas para mulheres sem essa predisposi��o, esse c�ncer � raro, e a redu��o de sua ocorr�ncia deve ser ponderada em rela��o a outros benef�cios e riscos de sa�de a longo prazo", afirma Mathilde Gottschau, primeira autora do artigo, publicado na revista Annals of Internal Medicine, da American College of Physicians.
Para chegar � conclus�o, Gottschau e colegas analisaram registros nacionais de sa�de dispon�veis na Dinamarca, com informa��es sobre diagn�sticos, cirurgias, status de migra��o e �bito. "Inclu�mos 142.985 mulheres, das quais 22.974 tiveram ambos os ov�rios removidos ao mesmo tempo em uma histerectomia benigna. Quer�amos investigar o impacto da remo��o dos ov�rios em diferentes aspectos da sa�de", conta a autora.
O grupo tamb�m observou que as mulheres na pr�-menopausa submetidas � cirurgia apresentaram um risco maior de hospitaliza��o por doen�a cardiovascular, enquanto as na perimenopausa (transi��o para a menopausa), p�s-menopausa precoce e p�s-menopausa tardia, um risco maior de c�ncer. "Al�m disso, entre as pacientes com os ov�rios removidos na perimenopausa, houve mais mortes nas avalia��es feitas 10 e 20 anos ap�s a cirurgia. E nas mulheres com 65 anos ou mais, houve menos morte quando avaliadas 20 anos depois", detalha a autora.
Horm�nios
Na avalia��o de Sandre, os resultados obtidos pela equipe dinamarquesa se justificam pela cessa��o de produ��o dos horm�nios pelos ov�rios. "Sabe-se que o �rg�o produtor de horm�nios femininos continua uma m�nima produ��o na p�s-menopausa, e � exatamente isso que protege a mulher de doen�as cardiovasculares, osteoporose e alguns tipos de c�ncer", explica. "Contudo, devemos considerar que, para todas as doen�as citadas, a aus�ncia do �rg�o e, consequentemente, dos horm�nios � apenas um fator de risco associado."
Tatianna Ribeiro, ginecologista da cl�nica Rehgio, em Bras�lia, explica que o procedimento de remo��o dos ov�rios (ooforectomia) costuma ser realizado com a histerectomia e outras cirurgias intra-abdominais. Por�m, a m�dica alerta que � necess�rio levar em considera��o, al�m das queixas da paciente, outras comorbidades associadas, a idade e o hist�rico de sa�de familiar. "A retirada cir�rgica dos ov�rios propicia redu��o abrupta dos n�veis de estradiol e testosterona s�ricos tanto na transi��o quanto na p�s-menopausa. Essa queda nos esteroides sexuais pode resultar em redu��o da libido, aumento no risco de fraturas por osteoporose e eleva��o nas taxas de doen�as cardiovasculares", justifica.
A ginecologista defende que a decis�o final sobre a realiza��o ou n�o da retirada dos ov�rios cabe � mulher, que dever� se basear nas informa��es atualizadas sobre os benef�cios e poss�veis danos � sa�de. Tanto as especialistas quanto a autora lembram que os mecanismos por tr�s dos riscos adversos � sa�de em decorr�ncia da histerectomia com a retirada dos ov�rios s�o complexos devido � influ�ncia do estado da menopausa e de outros fatores associados � sa�de ginecol�gica da mulher, como a produ��o de horm�nios, e tamb�m de fatores externos — tabagismo, sedentarismo, alimenta��o inadequada e hist�ria familiar, entre outros.
Ainda assim, a conclus�o da equipe de pesquisadores � de que as desvantagens gerais da remo��o dos ov�rios superam as vantagens em mulheres na pr�-menopausa, enquanto para as p�s-menop�usicas, os dados n�o indicam um claro benef�cio. Para Gottschau e colegas, a expectativa � de que o estudo fa�a parte de um conjunto de investiga��es na �rea que contribuam para uma avalia��o geral dos benef�cios e riscos desse tipo de procedimento.
*Estagi�ria sob a supervis�o de Carmen Souza
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