Raíssa Batista descobriu que estava com leucemia em 2020: hoje ela está curada

Ra�ssa Batista descobriu que estava com leucemia em 2020: hoje ela est� curada

Arquivo pessoal

 

 Uma luta complexa, em uma fase que deveria ser sin�nimo de leveza e brincadeira. No Brasil, o c�ncer � uma realidade presente na vida de in�meras crian�as. Drama que j� � a primeira maior causa de mortes por doen�as no pa�s entre crian�as e adolescentes de um a 19 anos, de acordo com dados do Instituto Nacional do C�ncer (Inca).

 

Segundo a institui��o, 80% dessas crian�as e adolescentes seriam curados com o tratamento necess�rio e o diagn�stico precoce da doen�a. Por�m, s�o nesses pontos que mora o grande "x" do problema. Nevi�olino Pereira de Carvalho, oncologista pedi�trico, ressalta que h� avan�os, mas alguns dilemas, como rem�dios de alto custo e falta de assist�ncia especializada para auxiliar essas crian�as, s�o grandes entraves.

 

"Sabemos que alguns tumores existentes s�o curados somente com quimioterapia convencional. Mas outros, n�o. E novas imunoterapias, anticorpos biclonais, monoclonais e terapia-alvo chegam com um pre�o muito alto no mercado", explica o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pedi�trica (Sobope).

 

Muitos desses medicamentos t�m comprova��o cient�fica de que seu impacto aumenta a chance de cura desse grupo. Entretanto, ainda n�o est�o dispon�veis no Sistema �nico de Sa�de (SUS). No Brasil, h� toda uma regulamenta��o para a inclus�o dessas novas terapias. Etapas e prazos que precisam ser cumpridos corretamente, desde a fase inicial, que envolve o reconhecimento e a autoriza��o da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa).

 

Depois desse primeiro passo, � preciso, ainda, que a Comiss�o Nacional de Incorpora��o de Tecnologias no Sistema �nico de Sa�de (Conitec) fa�a a avalia��o do medicamento para reconhecer seu impacto e efic�cia no paciente. Em seguida, um dos principais pontos � analisado e posto � prova: como distribuir o insumo pelo SUS. "Esse processo pode durar at� um ano", afirma Nevi�olino.

 

De concreto no cen�rio em rela��o � possibilidade de terapias, h� v�rias formas de extrema import�ncia. Em especial da leucemia linfoide aguda (LLA) — tipo de c�ncer presente no sangue e na medula, capaz de afetar os gl�bulos brancos, e o mais comum na inf�ncia. "Esse � muito necess�rio, principalmente nos casos em que os pacientes n�o respondem ao primeiro tratamento ou naqueles em que houve o controle da doen�a, mas o indiv�duo acabou recidivando", detalha

 

O medicamento mencionado por Nevi�olino � o Blinatumomab, imunoter�pico considerado por muitos profissionais como um dos grandes avan�os da medicina nos �ltimos anos. "Essa nova terapia revolucionou o cen�rio porque � uma medica��o que, quando utilizada, consegue controlar novamente a doen�a. E conseguindo isso, temos como consolidar a remiss�o com o transplante de medula", descreve.

 

CURA Uma das crian�as espalhadas pelo pa�s com diagn�stico de LLA � Ra�ssa Batista, de 12 anos, que descobriu a doen�a em julho de 2020. A princ�pio, como relata a m�e, Rosania Batista, de 35, os sintomas eram dores de barriga, que aumentavam gradualmente ao longo dos dias.

 

As duas, que vivem em S�o Paulo, logo correram para o m�dico com a pequena, pensando que se tratava de algo bem simples. Depois de v�rias semanas � espera do resultado, ele, enfim, veio. "Era leucemia. Quando o diagn�stico dela chegou, foi devastador. Voc� n�o imagina passar por isso, muito menos o seu filho. � uma doen�a muito dif�cil", conta Rosania.

 

Um per�odo complicado, ainda mais por ter outra filha pequena, de 2 anos. Mesmo assim, ela diz que recebeu um suporte maravilhoso da fam�lia durante todo o processo de tratamento. Com a iminente dificuldade de aux�lio, dada a dimens�o da doen�a, encontrou, em uma associa��o para crian�as e adolescentes com c�ncer, chamada Tucca, um lugar com equipe de enfermagem, m�dicos e uma �tima estrutura para acompanhar Ra�ssa.

 

L�, m�e e filha tinham tudo o que precisavam para ir em busca da cura da garota. Tratamentos di�rios, quimioterapias e muitas consultas. "Os efeitos da doen�a foram devastadores. Minha filha at� parou de estudar. Ela foi uma guerreira", relembra.

 

Apesar dos contratempos durante a quimioterapia, a primeira semana de Ra�ssa foi muito positiva, como recorda Rosania. Ela era forte e corajosa, segundo a m�e. Depois de quase tr�s anos, hoje, a pequena est� curada. E vive como uma crian�a deve viver: feliz. "Gra�as a Deus, a Ra�ssa se recuperou e est� de alta. Desde ent�o, n�o h� mais nenhum rem�dio que ela tome."