prédio da Fiocruz

pr�dio da Fiocruz

Erasmo Salom�o/MS

A Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) lan�ou na tarde desta segunda-feira (10) o Observat�rio do Sistema �nico de Sa�de (SUS), um espa�o para discutir solu��es para o sistema p�blico de sa�de brasileiro. A proposta � que participem integrantes da academia, da gest�o p�blica e tamb�m representantes de movimentos sociais e dos trabalhadores e usu�rios do SUS, para tratar de problemas cr�nicos e novos desafios. Ser� poss�vel participar das atividades presencial e remotamente.

O observat�rio � vinculado � Escola Nacional de Sa�de P�blica Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), e tem como inspira��o outros observat�rios criados na �rea da sa�de. Um deles � o Observat�rio Covid-19 da pr�pria Fiocruz, que produziu monitoramentos e proposi��es relevantes durante a pandemia, como o acompanhamento semanal da ocupa��o de leitos de terapia intensiva.

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O vice-diretor da Escola de Governo em Sa�de da Ensp/Fiocruz, Eduardo Melo, anunciou que o primeiro semin�rio a ser realizado pelo observat�rio ser� em 1° de setembro, com o Financiamento do SUS como tema. O evento ter� parceria da Associa��o Brasileira de Sa�de Coletiva (Abrasco).

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"A gente tem uma expectativa muito grande de fazer um evento que n�o s� analise essa quest�o, mas elabore proposi��es para esse subfinanciamento cr�nico que a gente enfrenta no SUS", disse.

Melo destacou que o observat�rio poder� servir como um lugar de encontro entre diferentes pontos de vista sobre o SUS, para produzir uma vis�o de conjunto sobre os temas que ser�o abordados.

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Representando o Minist�rio de Sa�de no lan�amento, o assessor especial da Sa�de dos Territ�rios Vulner�veis Valcler Rangel ressaltou que o SUS � a maior ferramenta de defesa da vida no pa�s, e que os debates sobre ele envolvem tamb�m quest�es econ�micas, pol�ticas e interseccionais, al�m da crise clim�tica e a inclus�o das popula��es e seus territ�rios.

"A vit�ria cotidiana contra a destrui��o do SUS, contra as amea�as ambientais, contra a fome e contra a pobreza tem que ser um desafio colocado tamb�m para esse observat�rio. N�o pode ser apenas t�cnico, voltado para a tecnologia, que o SUS tem muita", disse.

Al�m da apresenta��o da proposta, a Ensp/Fiocruz promoveu uma confer�ncia inaugural com o m�dico sanitarista Gast�o Wagner de Sousa Campos, doutor em Sa�de Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O t�tulo da confer�ncia questionava se o SUS estava sob amea�a ou diante de uma janela de oportunidade, e o pesquisador iniciou sua apresenta��o afirmando que, na verdade, ambas ocorrem simultaneamente.

"Apesar de o SUS estar na Constitui��o, na lei, tem muita gente querendo retroagir � Constitui��o, em rela��o ao SUS e em rela��o aos direitos trabalhistas, por exemplo", disse. Ele ressaltou as amea�as pol�ticas como as press�es para derrubar a ministra da Sa�de, N�sia Trindade, por parte de grupos que desejam assumir o minist�rio. "A proposta de sa�de que eles t�m � de enfraquecimento do SUS, como foi nos governos [Micherl] Temer e [Jair] Bolsonaro. Eles querem privatizar, terceirizar, comprar servi�os. O presidente Lula disse que n�o vai ceder, mas � uma amea�a constante".

O sanitarista tamb�m v� uma janela de oportunidade com a nomea��o de uma ministra que se declara "ministra do SUS" e defende seus princ�pios, uma vez que o minist�rio tem grande capacidade de articula��o do sistema e de indu��o de suas diretrizes em outros entes federativos.

"Ter o Minist�rio da Sa�de pr�-SUS, proativo, antirracista, antimachista, pelo desenvolvimento econ�mico, pelo meio ambiente, � muito importante", disse Sousa Campos.

Entre alguns desafios dos pr�ximos anos, ele destacou a necessidade de dobrar a cobertura da aten��o prim�ria, que hoje chega a cerca de 50% da popula��o brasileira. Para tal, ele defendeu que � preciso avan�ar em pol�ticas como o Mais M�dicos, com a ado��o de concursos p�blicos e carreiras para equipes multiprofissionais, em vez de apenas contrata��es de m�dicos por bolsas tempor�rias.

"S� na aten��o prim�ria, nesses pr�ximos quatro anos, vamos precisar de R$ 5 bilh�es por ano a mais, o que � super vi�vel do ponto de vista econ�mico", disse.

Ele defendeu que a pol�tica de aten��o prim�ria do SUS � uma das mais sofisticadas do mundo, mas precisa ser posta em pr�tica de forma mais ampla. "Aten��o prim�ria n�o � para pobre, � pra todos n�s", afirmou.