A utiliza��o da nicotina � considerada por muitos estudiosos como sendo a porta de entrada para o uso de drogas il�citas
O combate ao tabagismo, v�cio em cigarro, traz uma nova preocupa��o entre as autoridades de sa�de no mundo todo: os chamados vapes ou cigarros eletr�nicos. De acordo com a Vigil�ncia de Fatores de Risco e Prote��o para Doen�as Cr�nicas por Inqu�rito Telef�nico (Vigitel), do Minist�rio da Sa�de, a m�dia hist�rica aponta uma queda no n�mero de adultos que fumam, registrando em 2021, que 9,1% dos brasileiros fumam, sendo a preval�ncia de 11,8% entre homens e 6,7% entre mulheres. J� o uso do vape foi na contram�o dessa m�dia. O relat�rio de 2022 do Inqu�rito Telef�nico de Fatores de Risco para Doen�as Cr�nicas n�o Transmiss�veis em Tempos de Pandemia (Covitel), registou quase 20% dos jovens brasileiros, faixa et�ria de 18 a 24 anos, como usu�rios do dispositivo. O aumento tem sido visto com preocupa��o, pois esses cigarros eletr�nicos s�o utilizados de forma desmedida, tamb�m causam depend�ncia e, por consequ�ncia, danos � sa�de. Al�m disso, apesar da comercializa��o ser proibida no Brasil, a fiscaliza��o � deficit�ria e o produto � encontrado facilmente no com�rcio.
Independente se cigarro normal ou vape, parar de fumar pode ser um desafio considerado imposs�vel para muitas pessoas devido � natureza viciante da nicotina. De acordo com o pneumologista e m�dico cooperado da Unimed-BH, Silvio Musman, s�o diversos os fatores que contribuem para essa dificuldade. "As causas mais conhecidas para a adic��o s�o a depend�ncia f�sica e psicol�gica e a press�o social. Sobre a depend�ncia f�sica, a nicotina � a vil�, j� que � uma subst�ncia altamente viciante", detalha o especialista.
De acordo com ele, quando algu�m fuma regularmente, o corpo se acostuma com a presen�a da nicotina e se torna dependente dela. J� quando tenta parar, pode experimentar sintomas de abstin�ncia, como irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentra��o, aumento do apetite e intensa vontade de fumar. "H�bitos que associamos ao cigarro, como fumar ap�s o almo�o, ou quando tomamos caf�, descrevem a depend�ncia psicol�gica. S�o gatilhos para que queiramos fumar", detalha. O m�dico ainda relata sobre a press�o social, seja por conta do conv�vio com pessoas que fumam ou as pausas no trabalho para "pitar".
Pr�tica de esporte como aliada
Luciene Aparecida Ferreira Batista, empres�ria, de 49 anos, conseguiu, depois de muitas idas e vindas, cessar o tabagismo ap�s come�ar a correr. "Iniciei a pr�tica em 2015, quando ainda fumava. Via que o v�cio n�o me permitia evoluir no esporte, tinha dificuldade para respirar e cansa�o f�sico", lembra Luciene. Ela, que fumava desde os 17 anos, parou durante as duas gesta��es, tentou largar o cigarro por diversas outras vezes, mas, por conta da ansiedade, um dos sintomas da abstin�ncia, voltava a fumar. "Eu comecei por conta de amigos que fumavam, senti uma press�o da conviv�ncia com eles", conta. Hoje, por ter parado de fumar e investir na corrida, a empres�ria diz que foram in�meros os benef�cios. "Eu ganhei condicionamento f�sico, melhorei minha sa�de e, ainda, economizei bastante, j� que o ma�o de cigarro n�o � barato e compramos com frequ�ncia", relata. Ela explica que foi um processo dif�cil parar de fumar, mas que hoje v� que fez uma das melhores escolhas, tanto para ela, quanto para a fam�lia.
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V�cio que causa doen�as
Musman lista quais s�o as doen�as relacionadas ao tabagismo e alerta que os fumantes passivos, que convivem com quem fuma ativamente, tamb�m est� sujeito a sofrer consequ�ncias. "O tabagismo � uma doen�a que contribui para o desenvolvimento de c�nceres, principalmente que acometem os pulm�es, traqueia, boca, laringe, faringe e est�mago. Tamb�m podem ser o gatilho para leucemia miel�ide aguda e tumores na bexiga, no p�ncreas, no f�gado, dentre outros".
O m�dico explica que a fuma�a que sai da ponta do cigarro e se difunde homogeneamente no ambiente, cont�m em m�dia tr�s vezes mais nicotina, tr�s vezes mais mon�xido de carbono e at� 50 vezes mais subst�ncias cancer�genas do que a fuma�a que o fumante inala. "A exposi��o involunt�ria � fuma�a do tabaco pode acarretar desde rea��es al�rgicas em curto per�odo, at� infarto agudo do mioc�rdio, c�ncer do pulm�o e doen�a pulmonar obstrutiva cr�nica em adultos expostos por longos per�odos", alerta.
Crian�as e adolescente expostos ao v�cio
As crian�as fumantes passivas, de acordo com Musman, apresentam uma chance maior de contrair problemas respirat�rios em rela��o �s que os familiares n�o fumam. "Al�m disso, quanto maior o n�mero de fumantes no domic�lio, maior o percentual de infec��es respirat�rias, nas crian�as que vivem com fumantes", conta o pneumologista. O m�dico orienta que � fundamental que os adultos n�o fumem em locais onde haja crian�as, j� que o seu organismo ainda se encontra em desenvolvimento e as menores serem mais vulner�veis aos efeitos da exposi��o.
Recentemente, o Governo Estadual declarou guerra � comercializa��o dos vapes e cigarros para menores de 18 anos no entorno de escolas, j� que, por lei, a venda de qualquer tipo � proibida no Brasil.
Musman acredita que muitos adolescentes, com o objetivo de conquistar espa�o na sociedade e de satisfazer a necessidade de pertencer e ser aceito pelo grupo, acabam fazendo escolhas equivocadas que podem inclusive prejudicar a pr�pria sa�de. "O cigarro e o �lcool s�o drogas l�citas que fazem t�o mal quanto as drogas il�citas. O uso de produtos derivados de tabaco e, consequentemente, a depend�ncia � nicotina, que se estabelece no jovem consumidor, podem favorecer a aquisi��o de outros comportamentos pouco ou menos saud�veis. A utiliza��o da nicotina � considerada por muitos estudiosos como sendo a "porta de entrada" para o uso de drogas il�citas", aponta o especialista.
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