Amanda Ribeiro Fonseca de Souza

Amanda Ribeiro Fonseca de Souza, estudante de odontologia

Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press


O livro “The Wellness Trap” (A armadilha do bem-estar), de Christy Harrison, � o resultado de nove anos de pesquisas que a nutricionista coletou sobre a ind�stria da qualidade de vida, que �s vezes abra�a o marketing e se esquece da ci�ncia. Na obra, ela oferece algumas estrat�gias para que as pessoas consigam avaliar orienta��es de sa�de. 
 
O neurocirurgi�o Felipe Mendes, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), diz que muitos absurdos postados no mundo virtual s�o um risco para a sa�de e para o bem-estar daqueles que n�o t�m ferramentas ou conhecimento para se salvar de armadilhas.
 
Palavras da moda como “milagroso”, “pioneiro”, “secreto”, "biohack, “detox”, “natural” j� s�o um ind�cio de que, no m�nimo, � preciso pesquisar mais para confirmar tais termos. Ali�s, Christy Harrison avisa que, se algo � milagroso � porque n�o querem que as pessoas saibam o que realmente �. O risco � adotar algo, um rem�dio, por exemplo, que pode ter efeitos colaterais ou exceder tratamentos m�dicos. � comum as pessoas fazerem sua pesquisa no “dr. Google”, nas redes sociais ou mesmo nos grupos de WhatsApp e, assim, se tornarem presas f�ceis de informa��es mentirosas, al�m de vivenciarem experi�ncias negativas.

Felipe avisa que, para identificar fake news sobr
e sa�de e bem-estar, a primeira atitude � verificar a fonte da informa��o. “Procure sites oficiais e profissionais de sa�de bem estabelecidos e confi�veis, institui��es m�dicas, universidades ou especialistas reconhecidos. Evite fontes desconhecidas ou que pare�am promover solu��es 'milagrosas', sem embasamento cient�fico. Busque saber se a informa��o � apoiada por evid�ncias cient�ficas s�lidas. Procure por estudos revisados por pares que sustentem as alega��es feitas. Conselhos baseados em evid�ncias t�m mais probabilidade de serem confi�veis e eficazes.”

RESULTADOS � fundamental ficar atento a promessas exageradas. “Dicas que prometem resultados r�pidos e extremos, como perda de peso significativa em poucos dias ou curas milagrosas para doen�as graves, geralmente s�o suspeitos. Tenha cuidado com informa��es que n�o fornecem refer�ncias ou fontes para suas afirma��es. Nenhuma cura e nenhuma melhora da sa�de ocorre do dia para a noite.”
 
O especialista lembra ainda que � fundamental evitar conselhos que contradigam amplamente o que a comunidade m�dica ou cient�fica geralmente aceita. “Informa��es controversas ou em oposi��o ao consenso cient�fico podem ser enganosas. Esteja ciente de que h� interesses financeiros por tr�s de certas orienta��es. Se a informa��o estiver sendo promovida com o objetivo principal de vender produtos ou servi�os, � importante abord�-la com ceticismo.”
 
� comum nos dias de hoje as pessoas recorrerem � internet para obter informa��es sobre sa�de e sintomas m�dicos, mas tamb�m � importante evitar cair nas armadilhas. Para alguns pode ser dif�cil n�o ser seduzido pelo “dr.Google”. “Primeiramente, reconhe�a suas limita��es. A internet pode fornecer informa��es �teis, mas n�o � um substituto para o conhecimento e a experi�ncia de um profissional de sa�de qualificado. Verifique a credibilidade da fonte”, comenta o neurocirurgi�o. 
 
“Outra dica � evitar diagn�sticos por conta pr�pria. Tentar diagnosticar doen�as com base em informa��es encontradas na internet pode ser perigoso e levar a conclus�es erradas. Tenha cuidado com informa��es que n�o fornecem refer�ncias ou fontes para suas afirma��es. Dados confi�veis devem estar apoiados em estudos ou especialistas respeitados”, destaca Felipe Mendes.
 
Quem acredita em not�cias falsas nas �reas de sa�de e bem-estar coloca em risco o corpo f�sico e o equil�brio mental. “Acreditar em not�cias falsas pode ser extremamente prejudicial e perigoso. As fake news nessas �reas t�m o potencial de causar danos f�sicos, emocionais e mentais, e podem ter consequ�ncias s�rias para a sa�de”, alerta o m�dico.

DIAGN�STICOS De acordo com o neurocirurgi�o, as fake news, frequentemente, promovem tratamentos e curas n�o comprovados, podendo levar as pessoas a tomarem decis�es erradas em rela��o � pr�pria sa�de. “Seguir conselhos equivocados pode piorar condi��es m�dicas ou at� mesmo causar graves danos � sa�de. A desinforma��o pode levar as pessoas a ignorarem sintomas preocupantes ou retardar a busca por diagn�sticos adequados, o que pode resultar em uma avalia��o tardia de doen�as graves, diminuindo as chances de tratamento bem-sucedido.”
 
Sem falar, destaca Felipe Mendes, que as not�cias falsas podem causar medo e ansiedade desnecessariamente, levando as pessoas a se preocuparem com problemas de sa�de que n�o existem ou que s�o exagerados. “Elas tamb�m podem levar as pessoas a ignorarem dados baseados em evid�ncias cient�ficas s�lidas e consistentes, o que as impedem de tomar decis�es seguras em rela��o � sa�de. E ainda ocorre uma invers�o sobre o que � verdade ou n�o, aumentando a desconfian�a em rela��o a informa��es m�dicas.”
 
O neurocirurgião Felipe Mendes

O neurocirurgi�o Felipe Mendes explica que, para identificar fake news sobre sa�de e bem-estar, o primeiro passo � verificar a fonte da informa��o

Marcos Vieira /EM/DA. Press
 
 
A internet aceita tudo 
 
Resposta r�pida, no momento que procura, sem espera e, acredita-se, “verdadeira”, “correta”. � o que procuram as pessoas que navegam pela rede � procura de informa��es sobre qualidade de vida, sa�de e bem-estar. Mas se j� “os antigos” j� diziam que uma folha de papel aceita tudo, a m�xima tamb�m vale para as telas por onde navega a sociedade digital do s�culo 21. Tem de tudo. 
A estudante de odontologia Amanda Ribeiro Fonseca de Souza, de 27 anos, diz que tem interesse em pesquisar sobre sa�de, bem-estar e qualidade de vida. “Costumo procurar informa��es sobre nutri��o, exerc�cios f�sicos e m�todos para lidar com o estresse e ansiedade.”
 
Amanda conta que, numa dessas pesquisas, seguiu recomenda��es que foram prejudiciais. “Em uma ocasi�o, vi uma receita caseira para tratar uma alergia de pele que estava tendo. A receita tinha uma mistura de ingredientes naturais, que supostamente aliviariam os sintomas da alergia.” Armadilha na medida para prender Amanda. “Embora a receita parecesse inofensiva, depois de aplic�-la na pele, percebi que a alergia piorou significativamente e a �rea afetada ficou mais irritada. Em vez de melhorar, a condi��o se agravou e tive que buscar ajuda m�dica para tratar o problema adequadamente.”

COMO SE PROTEGER Amanda aprendeu a li��o da pior forma, sentiu literalmente na pele. O que a fez mudar de comportamento. Agora, ela conta que “avalio a confiabilidade das informa��es com base em crit�rios como fonte, autoridade, refer�ncias, consist�ncia e evitando sensacionalismo. Essas regras me ajudam a discernir entre informa��es confi�veis e conselhos potencialmente falsos ou enganosos na internet”.
Mesmo assim, Amanda afirma que n�o se sente segura: Ainda temo, j� que a internet pode conter informa��es conflitantes ou imprecisas. Ent�o, quando encontro um dado importante ou que tenha impacto significativo na sa�de e no bem-estar, tento confirmar essas informa��es em v�rias fontes confi�veis antes de consider�-la como verdadeira”.

PROMESSAS Amanda reconhece que “as informa��es que obtenho por meio das redes que prometem solu��es r�pidas e milagrosas para problemas de sa�de e bem-estar podem ser tentadores e cativantes. A promessa de uma solu��o r�pida para quest�es como estresse, ansiedade, perda de peso ou tratamento de doen�as pode ser muito sedutora. Especialmente, quando algu�m est� passando por dificuldades e buscando al�vio imediato. Logo despertam o interesse, j� que oferecem a perspectiva de resolver problemas de forma f�cil e sem esfor�o. No entanto, � importante lembrar que, na maioria das vezes, essas promessas s�o exageradas ou at� mesmo falsas. Rem�dios milagrosos e dietas definitivas raramente t�m base cient�fica s�lida e podem ser perigosos � sa�de”.
 
Para a futura dentista, “essas promessas enganosas s�o um dos principais motivos para a dissemina��o de conselhos falsos na internet. Muitos sites e influenciadores se aproveitam do desejo das pessoas por solu��es r�pidas e f�ceis, levando-as a experimentar coisas que podem ser ineficazes ou prejudiciais”.
 
Para ler...

“N�o � uma dieta, � um estilo de vida.” Voc� provavelmente j� ouviu essa frase de v�rias pessoas quando o assunto � bem-estar. Mas como Christy Harrison revela em seu �ltimo livro, The Wellness Trap (A armadilha do bem-estar), a cultura do bem-estar promove um padr�o de sa�de que muitas vezes � inating�vel e profundamente prejudicial. The Wellness Trap investiga os persistentes problemas sist�micos dessa ind�stria, oferecendo informa��es sobre apropria��o cultural e vis�es destrutivas sobre a sa�de mental. Al�m disso, a escritora esclarece como uma crescente desconfian�a da medicina convencional levou as pessoas comuns a virarem as costas para a ci�ncia.