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Tomaz Silva/Ag�ncia Brasil

Novidades como as vacinas para a dengue e para o v�rus sincicial respirat�rio, al�m dos obst�culos j� conhecidos do Programa Nacional de Imuniza��es (PNI) como o antivacinismo e a hesita��o vacinal ser�o temas de discuss�o entre especialistas que v�o se reunir de quarta-feira (20) a s�bado (23) em Florian�polis,

 

A presidente da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIM), M�nica Levi, diz estar otimista em rela��o � retomada das coberturas vacinais, cuja queda j� come�ou a ser revertida.

“� um trabalho bem �rduo, porque quando voc� consegue causar medo e desconfian�a, � muito dif�cil retomar isso. Mas sou uma pessoa otimista, acho que estamos caminhando. As coberturas vacinais j� est�o melhores que em 2021 e 2022. Acho que vamos conseguir, mas recuperar todo o estrago demora um pouco para voltarmos a ser um exemplo”, avalia.

A sociedade cient�fica � a organizadora da jornada que ser� realizada

 

Confira a entrevista completa:

 

Nos �ltimos anos, a jornada foi realizada no contexto de queda das coberturas vacinais, pandemia de covid-19, aumento do antivacinismo e, agora, com a vacina��o de volta �s prioridades do Minist�rio da Sa�de. Esses temas deixaram o evento mais "quente", com discuss�es que despertaram maior interesse? Se, sim, como essa expectativa impactou a pr�pria organiza��o? : Eu n�o tenho essa percep��o. Inclusive estamos com um n�mero de inscritos menor que o habitual, mas tem a quest�o da localiza��o, de ser no Cost�o do Santinho [em Florian�polis], em um lugar de mais dif�cil acesso, principalmente para o Norte e Nordeste, e um lugar mais caro. Ent�o, o n�mero de participantes vai ser menor. Agora, para os profissionais da Sa�de, esse tema � quente. N�s estamos sempre discutindo e, inclusive, organizando um f�rum de sa�de p�blica que � a �ltima atividade do evento, um f�rum interativo com PNI, Unicef, Opas, Conass, Conasems, para dar um fechamento na jornada sobre muitos temas. Um fechamento que n�o � te�rico, mas sobre o que podemos nos unir para fazer e que n�o estamos fazendo at� agora. Agora, acho que saturou esse tema na m�dia geral. Quando vejo postagem sobre o risco de retorno das doen�as controladas no passado pelas baixas coberturas, a minha impress�o � de que n�o tem dado mais ibope na popula��o em geral. Acho que quem se interessa j� foi contemplado e j� leu, mas a gente ainda n�o reverteu esse cen�rio, e o tema tem que continuar sendo falado, tem que continuar vendo os obst�culos. E para os profissionais de sa�de interessados o tema � quente, como sempre. As dificuldades na vacina��o da covid, a nova variante, o aumento do n�mero de casos. Tudo isso continua sendo assunto atual.

Ag�ncia BrasilM�nica Levi

: Nesse cen�rio de desgaste do tema que voc� menciona, a comunica��o fica ainda mais complicada. � preciso discutir uma inova��o na comunica��o? : Sem d�vida. � preciso inovar para sensibilizar de outra forma, ir a pessoas que n�o est�o se importando e achando que a informa��o n�o � com elas. As estrat�gias todas t�m que ser repensadas. Estamos em um momento em que a comunica��o tem que ser diferente, n�o tem como fazer como era antes e dava certo.

Ag�ncia BrasilM�nica Levi

: A jornada tamb�m vai ser um momento de avaliar os obst�culos e os primeiros resultados dessas a��es de microplanejamento e multivacina��o lideradas pelo Minist�rio da Sa�de? i: Tem bastante espa�o dentro da jornada para a sa�de p�blica. Nos 50 anos do PNI e nos 25 da SBIm estamos de m�os dadas. Ent�o, essas tem�ticas v�o ser muito discutidas. Esse microplanejamento j� vem acontecendo, com a��es pontuais em locais pontuais, diferenciados, e entendendo que o Brasil tem diversas realidades e que � necess�rio o microplanejamento para atender a todas as demandas e obst�culos, que s�o diferentes de uma regi�o para outra.

Ag�ncia BrasilM�nica Lev

: Sendo essa a primeira jornada desde a decreta��o do fim da pandemia de covid-19, j� vai ser poss�vel fazer uma avalia��o mais conclusiva sobre a pandemia e o papel da vacina��o no controle dela? : N�o � um tema que eu diria ser o principal. Tem muitas outras coisas, estrat�gias para a elimina��o de meningococos, de HPV e c�ncer de colo de �tero, novas vacinas e novos agentes infecciosos, como o v�rus sincicial respirat�rio, que foi o v�rus que causou mais casos de doen�as graves e interna��es de crian�as no p�s-pandemia. Tem nova vacina de pneumonia, o herpes zoster, que tem vacina no privado, a dengue, com o lan�amento de uma nova vacina. Temos novas vacinas incorporadas no calend�rio da SBIm e no PNI, mudan�as de recomenda��es nos CRIE [Centro de Refer�ncia para Imunobiol�gicos Especiais]. O programa da jornada est� muito completo, com tudo isso incorporado. N�o � s� covid. Ano passado j� tivemos uma jornada presencial, e acho que n�o mudou muita coisa. O que mudou foi que a OMS decretou o fim da emerg�ncia em sa�de p�blica, mas n�o mudou muita coisa. Mas � claro que vai ter. A primeira mesa j� � sobre a covid e o que esperar. A covid n�o � o foco.

Ag�ncia BrasilM�nica Levi

: E qual tema voc� destacaria como um dos focos? : Um assunto muito importante que vai ser tratado � a hesita��o. Esse obst�culo que n�o � novo, mas foi superlativado na pandemia, principalmente quando chegaram as vacinas de covid-19. A gente come�ou a ter recusa de vacina��o e hesita��o com essas plataformas novas e tudo o que veio como quest�o pol�tica que interferiu muito e deixou o Brasil super dividido. � um trabalho bem �rduo, porque quando voc� consegue causar medo e desconfian�a, � muito dif�cil retomar isso. Mas sou uma pessoa otimista, acho que estamos caminhando. As coberturas vacinais j� est�o melhores que em 2021 e 2022. Acho que vamos conseguir, mas recuperar todo o estrago demora um pouco para voltarmos a ser um exemplo.

Ag�ncia BrasilM�nica Levi

: Esse antivacinismo que chegou contra as vacinas de covid j� atingiu outras vacinas do PNI? : Com certeza j� respingou. As pessoas come�aram a desconfiar de onde vem a mat�ria-prima, os insumos, desconfiar politicamente. Respingou, sim.

Ag�ncia BrasilM�nica Levi

: Nestes 50 anos de PNI, o Z� Gotinha � um dos protagonistas e voltou a ser tratado como um s�mbolo nacional. Como voc�s t�m visto o resgate desse personagem? : Eu vejo de uma maneira muito positiva, porque ele � um �cone. Todo mundo quer tirar foto com o Z� Gotinha, por mais que de certa forma ele possa ser d�mod� para uma outra gera��o. N�o sei o quanto um adolescente se sente estimulado a se vacinar contra o HPV com o Z� Gotinha chamando. A gente tamb�m tem que pensar nisso, as vacinas n�o s�o s� de crian�as. Temos para todas as faixas et�rias, e temos que ter uma maneira de conversar com todas as idades. Mas o Z� Gotinha � um �cone e a presen�a dele nos eventos � fundamental.

Ag�ncia BrasilM�nica Levi

: Em rela��o �s novidades, os avan�os nas vacinas contra arboviroses como a dengue e a chikungunya est�o entre as principais novidades? : Vai haver esse tema, principalmente sobre a dengue, porque a vacina j� est� a�. Mas tamb�m falando de zika e chikungunya. Mas essas n�o s�o as principais. Temos a vacina do v�rus sincicial respirat�rio, HPV nonavalente, pneumoc�cica-15. S�o temas que ser�o bastante abordados.

Ag�ncia BrasilM�nica Levi

: As cl�nicas privadas est�o perto de receber vacinas contra o v�rus sincicial respirat�rio? : Ainda n�o tem, mas est� prestes a chegar. Ela j� est� sendo liberada pelo FDA [ag�ncia reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos], e alguns pa�ses j� est�o utilizando a vacina��o materna para proteger o beb�, a vacina��o com anticorpo monoclonal para o beb�, em dose �nica, e para o idoso. Ent�o, tem coisas novas chegando.

Ag�ncia BrasilM�nica Levi

: E a SBIm j� est� discutindo como recomendar essa vacina em seus calend�rios? : S� quando estiver mais pr�ximo que a gente come�a a discutir tecnicamente e definir as nossas posi��es. Ainda n�o estamos fazendo isso, estamos lendo e acompanhando o passo a passo. Mas, por exemplo, a pneumo-15 j� estava no calend�rio da SBIm antes de a vacina estar dispon�vel.

Ag�ncia BrasilM�nica Levi

O antivacinismo tamb�m tem sido percebido nas cl�nicas privadas? H� menos procura? Mais d�vidas? : Com certeza. As cl�nicas do Brasil, as que n�o fecharam, est�o com o movimento bastante reduzido comparativamente a antes da pandemia. Muitas cl�nicas fecharam e outras est�o tentando se manter, mas o movimento das cl�nicas no Brasil inteiro diminuiu muito.

Ag�ncia Brasil:M�nica Levi

: Ent�o, h� uma crise nas cl�nicas privadas de vacina��o? : Sim, com certeza.

Ag�ncia BrasilM�nica Levi

 

*O rep�rter viajou para Florian�polis a convite da SBIm para cobrir a Jornada Nacional de Imuniza��es