TDAH
S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Adultos com transtorno de d�ficit de aten��o e hiperatividade, o TDAH, encontram dificuldades para receber um diagn�stico adequado e, tamb�m, acompanhamento e tratamento. A conclus�o � de um novo estudo publicado nesta quarta-feira (20).
Para avaliar quais seriam as diretrizes terap�uticas em adultos mais velhos com TDAH, os cientistas buscaram mais de cem artigos publicados na base de peri�dicos m�dicos PubMed que continham os termos "transtorno de d�ficit de aten��o/hiperatividade" e "adultos mais velhos" desde a origem da base de dados at� 1º de maio de 2023.
Depois, analisaram separadamente cada artigo encontrado em busca de dados sobre diagn�stico, preval�ncia, rastreamento populacional, efic�cia e seguran�a de tratamentos para adultos mais velhos, de acordo com as diretrizes nacionais e internacionais para a condi��o. Encontraram 44 pesquisas com esse recorte espec�fico de idade.
Segundo o Manual Diagn�stico e Estat�stico de Transtornos Mentais (DSM), da Associa��o Americana de Psiquiatria, e a classifica��o internacional de doen�as (CID) da OMS (Organiza��o Mundial da Sa�de), o TDAH se classifica como um transtorno de neurodesenvolvimento, caracterizado pela manifesta��o persistente de desaten��o e/ou hiperatividade, interferindo no funcionamento ou desenvolvimento, podendo haver o predom�nio de impulsividade ou desaten��o, com diferentes subtipos.
O diagn�stico em adultos � dado quando h� pelo menos seis ou mais sinais ou sintomas de desaten��o e/ou hiperatividade a partir dos 12 anos, ainda de acordo com a diretriz internacional. Os sintomas mais comuns s�o impulsividade, hiperatividade e dificuldade em focar ou dar aten��o a uma atividade.
De acordo com a pesquisa sueca, a maioria dos pacientes com diagn�stico de TDAH durante a inf�ncia ou adolesc�ncia n�o s�o acompanhados at� uma idade mais velha, o que pode prejudicar a detec��o dos sintomas do transtorno em pessoas entre 50 e 55 anos.
Outros dist�rbios mentais, como depress�o, transtorno bipolar, transtorno dissociativo de identidade, decl�nio cognitivo moderado, sintomas associados � menopausa em mulheres e dist�rbios do sono, t�m manifesta��es cl�nicas similares ao TDAH, e podem prejudicar o diagn�stico correto.
"Nosso estudo conclui que s�o necess�rias abordagens melhores para o rastreio e diagn�stico de TDAH em pessoas com 50 a 55 anos", afirma a pesquisadora Maja Dobrosavljevic, primeira autora do estudo. "Conforme adquirimos conhecimento dos desafios enfrentados por adultos mais velhos vivendo com TDAH, uma abordagem adaptada e mais compreensiva � crucial para o bem-estar dos pacientes."
Mais preocupante ainda foi o dado encontrado de que apenas 0,9% dos indiv�duos com 50 anos ou mais com diagn�stico de TDAH s�o tratados adequadamente para o transtorno, menos da metade do total de adultos com preval�ncia nessa faixa et�ria (0,23%).
Al�m disso, o uso prolongado de terapias, que n�o envolvem apenas os medicamentos psicoestimulantes, mas tamb�m psicoterapia e atividades psicoeducativas podem afetar a manifesta��o dos sintomas ao longo do tempo.
"Os dados da nossa pesquisa mostram como nenhum estudo at� o momento acompanhou indiv�duos mais velhos por um per�odo de tempo prolongado. As pesquisas focaram, por outro lado, avalia��es chamadas de retrospectivas de acordo com as manifesta��es do transtorno na fase infantil, e isso pode ser afetado at� mesmo pelo esquecimento dos sinais manifestados quando crian�a", explica Larsson, do Instituto Karolinska.
Os cientistas concluem com um apelo para que mais estudos cl�nicos, randomizados, controlados por placebo sejam feitos incluindo tamb�m pessoas com 50 anos ou mais com TDAH, at� mesmo para avaliar poss�veis riscos cardiovasculares nessa faixa et�ria pelo uso prolongado de medicamentos.
Nos �ltimos anos, cresceu o n�mero de adultos jovens que fazem uso de medicamentos estimulantes para TDAH, n�o necessariamente apresentando diagn�stico do transtorno. A busca por uma alta performance no trabalho e conseguir focar diversas atividades ao mesmo tempo � uma das explica��es para o crescimento de vendas desses medicamentos.
Paralelamente, tem aumentado tamb�m os novos diagn�sticos em pessoas de 30 a 40 anos, especialmente mulheres, do transtorno. De acordo com o CDC (Centro de Controle e Preven��o de Doen�as) americano, na inf�ncia � maior a preval�ncia de TDAH em meninos do que meninas, mas cada vez mais mulheres jovens t�m apresentado o diagn�stico j� na fase adulta, muitas vezes por uma manifesta��o at�pica do sintoma de desaten��o nelas.
Embora esses novos diagn�sticos estejam crescendo, n�o h� necessariamente um aumento na preval�ncia geral da doen�a na fase adulta, explica Mario Louz�, coordenador do Ambulat�rio de TDAH Adultos do IPq (Instituto de Psiquiatria) da USP. "O que tem crescido, na verdade, � que se tornou uma doen�a mais percept�vel."
Louz� e colegas do HC (Hospital das Cl�nicas) da USP fizeram um estudo com pessoas com mais de 65 anos com TDAH e viram que os sintomas relatados por esses pacientes eram os mesmos dos jovens. "Basicamente, as queixas de pessoas da terceira idade eram similares �s dos adultos jovens, mas como muitos j� t�m uma menor press�o, menos demandas de trabalho, sentem menos os efeitos", explica.
De acordo com ele, o maior conhecimento sobre o transtorno neurobiol�gico e a conscientiza��o sobre a sa�de mental tamb�m contribuem para o aumento dos diagn�sticos. "As pessoas est�o buscando mais informa��o, procurando entender os sintomas, e por isso mais conscientes de que aquilo que sentiam pode ser uma condi��o mental."
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