Jan Luiz Leonardi

Psic�logo Jan Luiz Leonardi destaca que para organizar a interven��o, a DBT utiliza uma hierarquia cl�nica constru�da por meio da tradu��o das queixas do paciente em comportamentos-alvo

Arquivo Pessoal


A Terapia Comportamental Dial�tica (DBT, do original Dialectical Behavioral Therapy) foi desenvolvida pela americana Marsha Linehan como uma forma de interven��o em comportamentos suicidas e de automutila��o. Posteriormente, a DBT foi reconhecida como o tratamento padr�o-ouro para o transtorno da personalidade borderline e, mais recentemente, vem sendo adaptada e pesquisada para outros quadros cl�nicos, envolvendo crian�as, adolescentes e adultos.

O psic�logo Jan Luiz Leonardi, formado em Terapia Comportamental Dial�tica pelo Behavioral Tech (EUA), com mestrado em psicologia experimental e doutorado em psicologia cl�nica, explica que o modelo padr�o da DBT engloba quatro componentes:
  1. Psicoterapia individual, na qual o terapeuta faz uso de diferentes estrat�gias de interven��o com �nfase na mudan�a de comportamentos, pensamentos e emo��es
  2. Treino de habilidades, voltado � instala��o e fortalecimento de determinados repert�rios comportamentais, a saber: mindfulness (entendido como o processo intencional de observar, descrever e participar de uma �nica atividade no momento presente e sem julgamento), efetividade interpessoal (assertividade, aprimorar relacionamentos e manter-se fiel a seus valores), regula��o emocional (diminuir a frequ�ncia de emo��es indesejadas, controlar fatores de vulnerabilidade �s emo��es, etc.) e toler�ncia a mal-estar (que abarca t�cnicas emergenciais de sobreviv�ncia a crises e aceita��o da realidade)
  3. Consultoria por telefone, para manejar situa��es de crise, generalizar as habilidades treinadas e fomentar a rela��o terap�utica
  4. Reuni�o de consultoria entre terapeutas, cujo objetivo � cuidar da compet�ncia t�cnica e da motiva��o dos profissionais que trabalham com casos graves e/ou de dif�cil manejo.
Jan Luiz Leonardi destaca que para organizar a interven��o, a DBT utiliza uma hierarquia cl�nica constru�da por meio da tradu��o das queixas do paciente em comportamentos-alvo, que s�o categorizados em diferentes est�gios: "Assim, comportamentos que colocam a vida em risco, tais como a��es suicidas e automutila��o, est�o no topo da hierarquia. Comportamentos que interferem na terapia, como faltar na sess�o e n�o implementar as habilidades ao longo da semana, s�o os pr�ximos da lista. E assim a hierarquia segue, sempre com base nos objetivos de vida do paciente. Uma vez que os comportamentos-alvo foram selecionados e hierarquizados nos diferentes est�gios, o paciente registra sua frequ�ncia e intensidade em um cart�o di�rio, que � examinado no in�cio de cada sess�o de terapia individual".

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Interven��o, aceita��o, mudan�a e dial�tica

 Com base nesse monitoramento dos comportamentos-alvo, Jan Luiz Leonardi afirma que o terapeuta navega por tr�s paradigmas de interven��o, aceita��o, mudan�a e dial�tica: "Aceita��o � a habilidade de reconhecer a realidade tal qual ela �, incluindo pensamentos, sentimentos e comportamentos, sem julgamento e sem tentar negar, escapar ou mudar a experi�ncia imediatamente. A ideia � que a aceita��o pode levar a uma maior paz interior e proporcionar uma base mais s�lida para a mudan�a. Al�m disso, o terapeuta pode lan�ar m�o de valida��o, compreendida como a comunica��o clara e precisa de que a dor emocional sentida pelo paciente e sua dificuldade em resolver certa situa��o s�o coerentes e justific�veis".
 
Por sua vez, lembra o psic�logo, o paradigma de mudan�a visa a modifica��o de comportamentos: "Primeiro, o terapeuta tenta descobrir exatamente o que aconteceu antes e depois de um certo comportamento aparecer, para saber onde focar a ajuda. Depois, utiliza t�cnicas espec�ficas para ajudar a mudar esse comportamento. Essas t�cnicas v�m principalmente das terapias comportamentais e cognitivo-comportamentais. Ainda dentro do paradigma de mudan�a, a DBT tem algumas estrat�gias de comprometimento, que visam promover motiva��o no paciente para aderir a um procedimento espec�fico ou ao plano de trabalho como um todo."
Jan Luiz Leonardi chama a aten��o para fato da DBT enfatizar a coexist�ncia da aceita��o e da mudan�a, buscando um equil�brio entre aceitar a realidade como ela � e fazer esfor�os ativos para mud�-la: "Ademais, a DBT disp�e de um conjunto de estrat�gias dial�ticas, voltadas a solucionar entraves no processo terap�utico. Um exemplo disso � a estrat�gia chamada fazer dos lim�es uma limonada, em que o terapeuta mostra o valor de determinada adversidade como uma oportunidade para aprender comportamentos novos ou exercitar as habilidades aprendidas".

O psic�logo destaca que a DBT � uma abordagem psicoter�pica que tem por objetivo tratar problemas de sa�de mental, proporcionar al�vio em sofrimento psicol�gico e ajudar na constru��o de uma vida plena: "Vale destacar que a DBT tem um forte compromisso com a sustenta��o emp�rica de seus princ�pios; portanto, para ser um bom terapeuta DBT, � fundamental manter-se atualizado com os avan�os tanto da ci�ncia psicol�gica b�sica quanto da pesquisa cl�nica em psicoterapia".