
Um sem�foro, num cruzamento de Belo Horizonte. L� est�o dois homens vestidos com quimono, Relter Lima Silva Filho, de 22 anos, e Isac Matias, de 19, atletas de jiu-j�tsu que sonham em disputar uma etapa do Campeonato Europeu da modalidade, em janeiro do ano que vem, em Portugal. Sem recursos financeiros, apostam na venda de chaveiros de biscuit a motoristas e ocupantes dos ve�culos. � a forma que encontraram para tentar realizar seus sonhos.
Essa hist�ria come�ou muitos anos antes, com Relter. Nascido em Pindoretama, no Cear�, ele come�ou no esporte aos sete anos – ainda n�o era o jiu-j�tsu, e sim o tae kwon do. “Lutei dos sete aos 15 anos, ate que um tio, Rosi� Silva, que era professor de jiu-j�tsu, me levou para treinar com ele. Eu acompanhava lutas e campeonatos de jiu-j�tsu e gostava do esporte. No tae kwon do, o atleta depende muito do treinador. No jiu-j�tsu, a gente � que decide, no tatame. Foi f�cil fazer a troca.”
De competi��o em competi��o, Relter come�ou a observar a qualidade dos atletas mineiros, em especial de uma academia da periferia de Belo Horizonte, a Cass�oTeam, no Bairro das Ind�strias. “Percebi que era uma escola do esporte onde gostaria de seguir carreira. Em 2017, eu e meu irm�o, Roitier, conseguimos ir a Portugal disputar uma etapa do Europeu. Fui eliminado, mas vi os atletas mineiros em a��o e a qualidade deles me chamou a aten��o. Um advogado me disse que tinha gostado do meu jiu-j�tsu e perguntou se eu queria vir para BH. Topei na hora, viemos eu e meu irm�o”, conta.

Com a mudan�a para a capital mineira, Relter teve de largar a faculdade de educa��o f�sica em Fortaleza. Estava no segundo ano. “Eu ia e voltava de bicicleta, todos os dias. Eram 80 quil�metros por dia. Agora, quero muito um t�tulo de import�ncia, que possa alavancar minha carreira”, diz.
T�TULOS No ano passado, Relter foi campe�o brasileiro peso galo e campe�o metropolitano em BH. Conquistou tamb�m o SO Open, o Vit�ria Open e o Gramado Open. Em 2017 e 2018, ficou em terceiro lugar no Sul-Americano.
Ele vende chaveiros nos sinais h� cinco meses. Cada um custa R$ 5 e conseguiu, at� agora, arrecadar apenas R$ 600. “Preciso de pelo menos R$ 3 mil para a passagem. L�, vou me hospedar na casa de um amigo. O dia em que consegui mais foi R$ 100. Tem dia que n�o vendo nada. Tamb�m n�o aceito dinheiro como esmola. Tem gente que quer dar dinheiro, mas n�o aceito. N�o acho certo. S� terei o dinheiro se vender a mercadoria” ressalta. (ID)