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Estado de Minas MEM�RIA

60 anos da morte de Heleno de Freitas

Um dos grandes personagens do futebol da Am�rica do Sul, e �dolo do Botafogo, morreu em Barbacena depois de quase cinco anos internado


postado em 08/11/2019 04:00 / atualizado em 07/11/2019 18:37

Polêmico e impulsivo, Heleno de Freitas brilhou no Botafogo e vestiu as camisas de Boca Juniors-ARG, Vasco, Atlético de Barranquila-COL e América-RJ(foto: Arquivo/EM)
Pol�mico e impulsivo, Heleno de Freitas brilhou no Botafogo e vestiu as camisas de Boca Juniors-ARG, Vasco, Atl�tico de Barranquila-COL e Am�rica-RJ (foto: Arquivo/EM)

 

Gabriel Garc�a M�rquez era ainda um foca na reda��o do El Heraldo de Barranquilla, em 1950, quando um jogador mineiro o fez se apaixonar por futebol. Naquele ano, Heleno de Freitas, j� atormentado pela s�filis terci�ria que lhe corro�a os nervos, aventurou-se no futebol colombiano, que havia rompido com a Fifa e fundado uma liga pirata, com sal�rios astron�micos. Para l� migraram �dolos como os argentinos Di St�fano e N�stor Rossi, mas foi Heleno quem arrebatou o cora��o de Gabo, que comparou o estilo de jogo do brasileiro a um “autor de romances policiais”, pelo sentido de c�lculo, movimentos e desenlaces r�pidos e surpreendentes.


Nascido em S�o Jo�o Nepomuceno, na Zona da Mata mineira, Heleno morreu h� exatos 60 anos, em 8 de novembro de 1959, depois de quatro anos e 10 meses internado em um hosp�cio em Barbacena. O comportamento impulsivo e irasc�vel lhe renderam o apelido de Gilda – a geniosa personagem de Rita Hayworth –, e encantou gera��es, se tornando um dos maiores personagens do futebol brasileiro. Suas fa�anhas foram louvadas por escritores, de Roberto Drummond  (“aquele que aqui na terra foi um deus, que multiplicou gols como se gols fossem peixes”) a Eduardo Galeano (“cara de Rodolfo Valentino e humor de c�o raivoso”).

 

"Ele escolheu ser jogador de futebol pelo ego de querer ser aplaudido por 40 mil pessoas"

Marcos Eduardo Neves, autor da biografia Nunca houve um homem como Heleno (2003)

 


Mas, afinal, o que torna Heleno de Freitas um personagem t�o fascinante seis d�cadas depois de sua morte? “O Heleno transcende o fato de ser um jogador de futebol. Ele � um dos personagens brasileiros mais fascinantes de todos os tempos. Ele escolheu ser jogador de futebol pelo ego de querer ser aplaudido por 40 mil pessoas, mas poderia ser um diplomata, seguir carreira no direito. Ele seria relevante e de sucesso em qualquer �rea”, conta Marcos Eduardo Neves, autor da biografia Nunca houve um homem como Heleno (2003), que serviu de refer�ncia para o filme Heleno (2011), protagonizado por Rodrigo Santoro.


Marcos Eduardo est� preparando a terceira edi��o da biografia, que ser� disponibilizada no ano que vem, data do centen�rio de nascimento do jogador. O livro ser� lan�ado pelo selo Museu da Pelada, bra�o editorial dedicado a esportes da rec�m-criada Approach Editora. “Heleno � uma hist�ria atemporal, de jogadores que se perdem por quest�es seja de drogas, doen�as, noitadas...”, conta Marcos.


Gl�ria e drama

 

Em 2012, o Estado de Minas publicou o caderno Heleno, estrela tr�gica (dispon�vel no superesportes.com.br). Durante uma semana, a reportagem refez o caminho de gl�ria e drama de Heleno: os primeiros anos em S�o Jo�o Nepomuceno, onde est� sepultado; a gl�ria no Rio de Janeiro com a camisa de Botafogo, Vasco e Sele��o Brasileira; e os �ltimos anos internados em uma cl�nica particular em Barbacena.

 

Heleno de Freitas (C) na Seleção Brasileira: noitadas e gênio forte dentro de campo abreviaram o tempo do jogador com a camisa do Brasil(foto: Arquivo O Cruzeiro/EM)
Heleno de Freitas (C) na Sele��o Brasileira: noitadas e g�nio forte dentro de campo abreviaram o tempo do jogador com a camisa do Brasil (foto: Arquivo O Cruzeiro/EM)

 

Nascido em ber�o de ouro, filho de um negociante de caf� e uma professora, Heleno come�ou a jogar futebol ainda na cidade natal. Mas a morte precoce do pai fez a fam�lia mudar-se para o Rio de Janeiro, instalando-se em Copacabana. Nas peladas do Posto 4, sob o comando de Nen�m Prancha, fez sucesso, at� ser levado ao Botafogo, com 15 anos. Estreou no profissional em 1939, levado por Jo�o Saldanha, e logo se transformou no maior astro do alvinegro.


Chegou � Sele��o Brasileira, mas as noitadas e o comportamento furioso em campo foram minguando seu espa�o em campo. O que imprensa e torcedores pensavam ser crise de g�nio do jogador – pois era um raro caso de atleta nascido rico em um futebol rec�m-profissionalizado –, era sintoma do avan�o da s�filis, que come�ava a atingir-lhe o sistema nervoso.

 

(foto: Arte sobre fotos O Cruzeiro/Arquivo EM)
(foto: Arte sobre fotos O Cruzeiro/Arquivo EM)
 

 

Mart�rio em Barbacena

 

Os registros do Estado de Minas feitos no in�cio de 2012, em Barbacena, s�o os �ltimos das instala��es do pr�dio onde funcionou a Casa da Sa�de S�o Sebasti�o, que recebeu Heleno a partir de dezembro de 1954. Ali, no quarto de nº 25, a estrela do Botafogo passou seus �ltimos anos consumido pela febre que lhe corro�a os nervos. A cl�nica funcionou at� 1995, quando deu lugar a um hotel de mesmo nome, arrendado pelo empres�rio Silvio Pires. H� alguns anos, o pr�dio com capacidade para 130 pessoas em 80 quartos foi demolido. No lugar, est� sendo erguido um pr�dio de seis andares.


Na d�cada de 1950, Barbacena respirava o ar da loucura. Inaugurado em mar�o de 1903, o Azylo Central de Barbacena, mais tarde chamado de Hospital Col�nia, recebia cerca de 3.500 pacientes por ano, registrando m�dia de �bitos acima de 700. O terror, que o psiquiatra italiano Franco Basaglia compararia a um campo de concentra��o nazista, durou cerca de 80 anos. Al�m do Hospital Col�nia, que atendia indigentes, a cidade tinha cl�nicas particulares, para pacientes de melhor condi��o financeira, como a Casa de Sa�de S�o Sebasti�o, inaugurada em 1948.

 

Em Barbacena, no local onde era a Clínica São Sebastião, e depois Hotel São Sebastião, está sendo erguido um prédio de seis andares(foto: Denis Damasceno/Arquivo pessoal)
Em Barbacena, no local onde era a Cl�nica S�o Sebasti�o, e depois Hotel S�o Sebasti�o, est� sendo erguido um pr�dio de seis andares (foto: Denis Damasceno/Arquivo pessoal)

O antigo Hotel São Sebastião, em Barbacena(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O antigo Hotel S�o Sebasti�o, em Barbacena (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
 

 

Durante os quase cinco anos de interna��o, Heleno chegou a transitar pela cidade, comprava charutos no centro e gostava de ver treinos do Olympic, no campo de Santa Tereza. Em 1956, recebeu a visita do time do Botafogo, que jogaria na cidade na inaugura��o da ilumina��o do est�dio. Foi o �nico encontro entre Heleno e outro g�nio alvinegro de fim dram�tico: Garrincha.


A partir de 1957, a sa�de e sanidade de Heleno foram piorando: perdeu peso, ficou sem cabelo e os dentes estavam enfraquecidos. Passou a agir de forma violenta, comer papel e rasgar roupas com os dentes. Na manh� de 8 de novembro de 1959 foi encontrado morto por um enfermeiro. Foi velado e sepultado no cemit�rio S�o Jo�o Batista, em S�o Jo�o Nepomuceno, que, em 2012, inaugurou uma est�tua de 2,30m para homenagear o filho ilustre.

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