
Um dos clubes tradicionais do pa�s, o Cruzeiro amarga seu primeiro rebaixamento. O descenso em si n�o � o fim do mundo. Afinal, at� gigantes como Bayern, Manchester United, Milan, Juventus e Liverpool j� foram rebaixados em suas ligas. O problema � que a queda celeste era uma daquelas “trag�dias anunciadas”. E ningu�m teve compet�ncia para evit�-la.
Grande parte desta derrocada se deve ao omisso presidente Wagner Pires de S� e a diretoria a quem ele deu plenos poderes – e sal�rios exorbitantes –, em especial a Itair Machado. Com certa dose de prepot�ncia, se deixaram levar pela conquista do Mineiro e bom in�cio da Libertadores. O mandat�rio chegou a “antever” a conquista do tri da Am�rica. Triste ilus�o...
A realidade nua e crua come�ou a dar as caras quando o time foi eliminado pelo River Plate nas oitavas de final da Libertadores. Com o ent�o t�cnico Mano Menezes privilegiando os mata-matas, o time j� patinava no Brasileiro. Primeiro grande erro de avalia��o. Todos achavam que haveria tempo para recupera��o. N�o houve.
Se em campo a equipe seguia em decl�nio, passando a duras penas por Fluminense e Atl�tico na Copa do Brasil, com jogadores como Fred, Thiago Neves, Eg�dio, Ed�lson e Robinho e apostas como David e Pedro Rocha sem corresponderem, fora das quatro linhas a situa��o se revelou pior. Envolvida em acusa��es de corrup��o, lavagem de dinheiro, falsifica��o de documentos, toda a c�pula celeste entrou na mira da investiga��o da Pol�cia Civil.
Esse caos administrativo teve efeito imediato. Com muitas d�vidas e investidores em fuga, o grupo ficou enfraquecido depois que jogadores come�aram a ser negociados. Os sal�rios tamb�m come�aram a atrasar, mesmo com a antecipa��o de cotas de TV e patroc�nio. Em consequ�ncia, em campo o que se via era um time sem alma, sem entrega.
A substitui��o de Mano por Rog�rio Ceni s� escancarou o abismo. Ao bater de frente com os medalh�es, principalmente ap�s a elimina��o na Copa do Brasil, diante do Inter, o treinador n�o teve aval da diretoria e foi demitido. Mais tarde, Wagner Pires de S� teria a cara de pau de dizer que “se Ceni tivesse ficado isso n�o teria acontecido”... Quem mandava no clube afinal?
Abel Braga chegou neste ambiente ca�tico e n�o conseguiu mudar o quadro da equipe, que quase n�o marcava gols e tinha uma defesa se sustentando apenas nos “milagres” de F�bio. A derrota para o CSA em casa n�o s� determinou a sa�da de Abel, mas tamb�m sacramentou a queda. Adilson Batista veio para tentar o que era imposs�vel. O resto, incluindo o afastamento de Thiago Neves, foi s� pirotecnia, nuvem de fuma�a.
Agora, n�o h� outra sa�da. � promover intensa reformula��o, afastando dirigentes e medalh�es, colocando as finan�as em dia e apostando na juventude. Apesar do momento de luto, tenho certeza que a torcida celeste vai empurrar essa equipe de volta ao rumo para constru�rem, juntos, novas p�ginas heroicas e imortais.
(*) Jornalista do Estado de Minas