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Estado de Minas O REI

Pel�, 80 anos: o mito que ficou famoso at� pelos gols que n�o marcou

Confira os principais lances das oito d�cadas de vida do maior jogador de todos os tempos, que faz anivers�rio na sexta-feira


18/10/2020 04:00 - atualizado 18/10/2020 11:38

Ver galeria . 10 Fotos Pelé ao lado do pai, Dondinho, e da mãe, CelesteOswaldo Amorim/O Cruzeiro/Arquivo EM
Pel� ao lado do pai, Dondinho, e da m�e, Celeste (foto: Oswaldo Amorim/O Cruzeiro/Arquivo EM )


Uma anota��o � caneta tinteiro em frente ao nome Edson Arantes do Nascimento no livro de batismo da Matriz Sagrada Fam�lia de Tr�s Cora��es n�o deixa d�vida: “Este � Pel�. Campe�o mundial de futebol – 1958 – Bicampe�o em 1962”. A observa��o � do monsenhor Jos� Guimar�es Fonseca, que morreu antes do tricampeonato no M�xico'1970, p�roco que batizou, em abril de 1941, o maior orgulho da cidade do Sul de Minas, que se tornaria majestade eterna dos gramados do mundo inteiro: o Rei Pel�, que na sexta-feira completa 80 anos.

Pel� nasceu em 23 de outubro de 1940 – embora a certid�o de nascimento, por motivo n�o explicado, registre o dia 21 –, em Tr�s Cora��es, para onde o pai, Jo�o Ramos do Nascimento, o jogador Dondinho, natural da vizinha Campos Gerais, foi servir no 4º Regimento de Cavalaria Division�rio do Ex�rcito.

Na cidade, com emprego na rede ferrovi�ria, Dondinho conheceu Celeste, filha de um vendedor de lenha, com quem se casou e teve tr�s filhos, o primeiro batizado de Edson, em homenagem a Thomas Edison, inventor da l�mpada el�trica.
Pelé chora no ombro de Gilmar e é consolado por Djalma Santos após a conquista da Copa do Mundo de 1958, na Suécia
Pel� chora no ombro de Gilmar e � consolado por Djalma Santos ap�s a conquista da Copa do Mundo de 1958, na Su�cia (foto: Arquivo Estado de Minas - 29/6/58)


Por tr�s anos, o garoto que viria a ter o apelido mais conhecido do mundo foi chamado pelos familiares de Dico. A mudan�a, a contragosto do menino que odiava ser chamado de Pel�, veio em 1943, quando Dodinho foi contratado pelo Vasco da Gama de S�o Louren�o, tamb�m no Sul de Minas, onde atuava o goleiro Bil�. Dico o idolatrava e dos gritos quase onomatopeicos de “Pl�, Pl�, Pl�”, os outros garotos passaram a chamar-lhe de Pel�.

A fam�lia Arantes do Nascimento trocou a pequena casa da Rua 13 (hoje rebatizada em homenagem a Pel�) em definitivo em 1945, quando Dondinho recebeu boa proposta do Bauru Esporte Clube. No interior paulista, em companhia do pai, Pel� trocava o parquinho pelos gramados. Em 1956, vencida pela insist�ncia, Celeste autorizou o ex-atacante Waldemar de Brito a levar Pel� ao Santos.
O craque abre os braços e comemora gol no jogo entre Brasil e México, pela Copa de 1962, no Chile, onde ele se sagraria, com a Seleção, bicampeão mundial
O craque abre os bra�os e comemora gol no jogo entre Brasil e M�xico, pela Copa de 1962, no Chile, onde ele se sagraria, com a Sele��o, bicampe�o mundial (foto: Ronaldo Moraes/O Cruzeiro - 30/05/1962)

O mundo aos seus p�s

Pel� chegou ao Santos no in�cio de agosto de 1956. Tinha 15 anos e 10 meses. No primeiro treino, encheu os olhos principalmente do presidente, o ex-goleiro Athi� Jorge Coury, que lhe garantiu alojamento, alimenta��o e sal�rio de 6 mil cruzeiros – o primeiro contrato profissional seria assinado apenas em 25 de junho de 1957, quando Pel� j� havia feito 30 jogos.

A estreia n�o demoraria: em 7 de setembro, marcaria o primeiro de seus 1.091 gols pelo Peixe, substituindo o veterano Del Vecchio no segundo tempo da vit�ria sobre o Corinthians de Santo Andr�, por 7 a 1, no ABC Paulista. Daquela tarde festiva do Dia da Independ�ncia at� encerrar a carreira oficialmente, em 1977, Pel� vestiria a camisa alvinegra por 1.116 vezes.

Em 21 anos foram 1.367 jogos e 1.279 gols por Santos, Sele��o Brasileira, Sele��o Paulista, Sele��o das For�as Armadas e New York Cosmos, para onde se transferiu em junho de 1975 com a miss�o de popularizar o soccer na terra do Tio Sam.

Todos os feitos foram precoces na carreira mete�rica de Pel�. Com as boas atua��es no Santos, n�o demorou a chamar a aten��o de Vicente Feola, t�cnico da Sele��o, que o convocou pela primeira vez para enfrentar a Argentina, pela Copa Rocca. Entrou no segundo tempo e marcou o gol brasileiro na derrota por 2 a 1, no Macaran�, em 7 de julho de 1957. No fim do mesmo ano, foi vice do Paulista, atr�s do S�o Paulo de seu �dolo de inf�ncia, Zizinho.
O inesquecível milésimo gol, marcado de pênalti, em jogo contra o Vasco, no Maracanã, em 12 de novembro de 1969
O inesquec�vel mil�simo gol, marcado de p�nalti, em jogo contra o Vasco, no Maracan�, em 12 de novembro de 1969 (foto: Indal�cio Wanderley/O Cruzeiro - 19/11/69)


O ano seguinte seria de gl�rias. Em mar�o, Pel� foi confirmado por Feola para a Copa do Mundo. Ca�ula do grupo, assumiu o posto de titular na Su�cia na terceira rodada, j� que Dida acusava les�o e Mazolla n�o estava em boa fase. Foi decisivo na fase final, ao fazer o gol da vit�ria sobre Pa�s de Gales, por 1 a 0, que classificou o Brasil para as semifinais.

At� hoje � o �nico jogador a marcar tr�s gols em uma final de Copa, na goleada sobre a Fran�a, por 5 a 2. No fim de 1958, levantou o primeiro dos 10 trof�us do Paulista pelo Santos. Em 1959, aos 18 anos, serviu como recruta no 6º Grupo M�vel de Artilharia da Costa, em Santos.

A d�cada de 1960 consagraria Pel� como o Rei do futebol. Em 1961, marcou gol hist�rico contra o Fluminense, quando driblou sete jogadores antes de balan�ar as redes – o lance rendeu cinco minutos de aplauso e placa no Maior do Mundo.

Com a Sele��o, conquistou o bicampeonato no Chile'1962, apesar de ter se machucado na segunda partida. Com o esquadr�o santista de Gilmar, Coutinho e Pepe, foi o dono das Am�ricas e, depois do Mundo, ao conquistar o bicampeonato da Libertadores e do Mundial Interclubes, em 1962 e 1963. No Brasil, teve a sequ�ncia de cinco t�tulos da Ta�a Brasil, iniciada em 1961 e interrompida em 1966, quando perdeu para o Cruzeiro. Em fevereiro de 1966, Pel� se casou com Rosemeri Cholbi, com quem teria tr�s filhos, at� a separa��o, no in�cio dos anos 1980.
O gol na final da Copa de 1970, contra a Itália, no México, onde o Brasil e o craque foram tricampeões do mundo
O gol na final da Copa de 1970, contra a It�lia, no M�xico, onde o Brasil e o craque foram tricampe�es do mundo (foto: John Varley/Varley Agency/REX/Shutterstock)
 

Ele fez a guerra parar

Uma das hist�rias atribu�das ao brilho do craque � sobre ele ter parado uma guerra civil, quando esteve no Congo Belga, no in�cio de 1969. Isso ocorreu pelo menos durante a partida, quando for�as do Congo-Kinshasa (ex-Zaire) e Congo Brazzaville estiveram pacificamente no mesmo est�dio para ver Pel� jogar. O mesmo ocorreu dias depois, quando o governo da Nig�ria assegurou que n�o haveria confronto na regi�o de Biafra enquanto o Santos estivesse no pa�s – promessa cumprida.

Em 19 de novembro de 1969, uma das cenas mais marcantes: em partida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, contra o Vasco, no Maracan�, ele marcou de p�nalti seu mil�simo gol. O jogo foi paralisado, Pel� foi erguido e uma multid�o de rep�rteres e fot�grafos correu para registrar o feito.
Ver galeria . 10 Fotos Pelé chora no ombro de Gilmar e é consolado por Djalma Santos após a conquista da Copa do Mundo de 1958, na SuéciaArquivo Estado de Minas - 29/6/1958
Pel� chora no ombro de Gilmar e � consolado por Djalma Santos ap�s a conquista da Copa do Mundo de 1958, na Su�cia (foto: Arquivo Estado de Minas - 29/6/1958 )


A d�cada de 1970 foi a consolida��o do mito. Na considerada maior Sele��o Brasileira de todos os tempos, Pel� conquistou o tricampeonato no M�xico. Encantou pelos quatro gols e at� pelos que n�o marcou: um chute do meio-campo que saiu ao lado do goleiro tcheco Ivo Viktor; a cabe�ada forte defendida pelo ingl�s Gordon Banks, considerada a maior defesa de todas as Copas; e o drible de corpo e o chute de bate-pronto que quase surpreenderam o goleiro uruguaio Mazurkiewicz.

Os anos seguintes foram marcados pelas despedidas, primeiro da Sele��o (em julho de 1971), depois do Santos (em outubro de 1974). De 1975 a 1977, atuou no New York Cosmos, ao lado de �dolos como Carlos Alberto Torres, Franz Beckenbauer e Johan Neeskens, em uma tentativa de populariza��o do futebol no pa�s.

Sa�de fragilizada

Desde a aposentadoria, Pel� � o embaixador mundial de futebol. Recebeu as mais variadas homenagens, da ONU ao Pal�cio de Buckingham. Foi escolhido atleta do s�culo nas mais diversas federa��es e publica��es. Participou de partidas amistosas como convidado especial, foi figura de destaque em premia��es e circulou pelo mundo todo at� entrar em um per�odo de reclus�o, por causa do abalo na sa�de nos �ltimos anos. Fragilizado devido aos problemas no quadril, Pel� tem sido hospitalizado com alguma frequ�ncia. No final de 2014, foi sido v�tima de uma infec��o urin�ria grave e teve de entrar   em tratamento intensivo e em di�lise.

Em entrevista ao site Globoesporte.com em fevereiro deste ano, Edinho, seu filho e ex-goleiro do Santos, falou at� em depress�o: “Ele est� bastante fragilizado em rela��o � mobilidade. Fez o transplante do quadril e n�o houve uma reabilita��o adequada. N�o consegue andar normalmente. S� com o andador. At� melhorou um pouco em rela��o a essa �poca recente (em que apareceu de cadeira de rodas), mas ainda tem bastante dificuldade. Est� com esse problema da mobilidade, que acaba acarretando  certa depress�o”.

A �ltima apari��o p�blica do astro foi em maio do ano passado, quando ele participou de um evento em S�o Paulo. Na �poca, posou ao lado do ex-presidente norte-americano Barack Obama.

Uma coisa � certa. As homenagens ao Rei do Futebol n�o v�o cessar, independentemente de seu estado de sa�de, j� que Pel� se tornou eterno.

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