Cl�udio Arreguy
jornalista
“Eu vi coisas que voc�s, humanos, nem iriam acreditar. Naves de ataque pegando fogo na constela��o de �rion. Vi Raios-C resplandecendo no escuro perto do Port�o de Tannh�user. Todos esses momentos ficar�o perdidos no tempo, como l�grimas na chuva...”
(Roy Batty, personagem de Rutger Hauer no seu mon�logo final em Blade Runner, O ca�ador de androides, filme de Ridley Scott de 1982)
(Roy Batty, personagem de Rutger Hauer no seu mon�logo final em Blade Runner, O ca�ador de androides, filme de Ridley Scott de 1982)
Ao falarmos sobre o futebol do passado � garotada que consome avidamente o notici�rio de hoje, parecemos aquele tio chato da festa de fam�lia que se perde nas reminisc�ncias e recebe de volta sorrisos de piedade. Ela se divide entre Messi e Cristiano Ronaldo.
Apaixonado que sou pelo mais popular dos esportes, j� adianto que adoro ver os dois jogarem, sou f� da dupla, respeito demais a abnega��o com que se dedicam ao of�cio, a assiduidade com que frequentam as redes advers�rias. S�o realmente excepcionais.
Apaixonado que sou pelo mais popular dos esportes, j� adianto que adoro ver os dois jogarem, sou f� da dupla, respeito demais a abnega��o com que se dedicam ao of�cio, a assiduidade com que frequentam as redes advers�rias. S�o realmente excepcionais.
Est�o entre os maiores, certamente. Como j� estiveram antes deles g�nios como Di St�fano, Garrincha e Maradona. Quase na mesma prateleira, Beckenbauer e Cruyff. Seriam, digamos, os deuses do meu Olimpo particular. E reverenciei, de perto ou pela TV, craques fora de s�rie.
S� no cap�tulo dos brasileiros: Didi, N�lton e Djalma Santos, Carlos Alberto, G�rson, Rivellino, Tost�o, Ademir da Guia, Dirceu Lopes, Reinaldo, Zico, Falc�o, Cerezo, Z� Carlos, S�crates, J�nior, Leandro, Careca, Rom�rio, Ronaldo, Ronaldinho Ga�cho e, ultimamente e bem acima de sua gera��o, Neymar.
S� no cap�tulo dos brasileiros: Didi, N�lton e Djalma Santos, Carlos Alberto, G�rson, Rivellino, Tost�o, Ademir da Guia, Dirceu Lopes, Reinaldo, Zico, Falc�o, Cerezo, Z� Carlos, S�crates, J�nior, Leandro, Careca, Rom�rio, Ronaldo, Ronaldinho Ga�cho e, ultimamente e bem acima de sua gera��o, Neymar.
Contemplei jogadas espetaculares, dribles desconcertantes, gols de placa, passes milim�tricos, cobran�as magistrais de falta. Posso me dizer um espectador privilegiado. Tudo isso para concluir diante dos exigentes sobrinhos: vi tudo isso num homem s�.
Pois �, um certo Edson Arantes do Nascimento, nascido num 23 de outubro de 1940, na cidade sul-mineira de Tr�s Cora��es reuniu todas as virtudes da turma acima em sua estatura de 1,73m e os 70kg, harmonicamente distribu�dos em musculatura quase perfeita para um atleta.
T�cnica, velocidade, drible, impuls�o, finaliza��o, arma��o, dom�nio de bola, vis�o de jogo, improviso, solu��o r�pida para os mais intrincados lances... Tudo isso e muito mais compunham o repert�rio de Pel�. Jogadas magistrais eram rotina para quem fazia dos gramados mais do que o local de trabalho, o parque de divers�es em que divertia os mais at�nitos s�ditos.
Como disse certa vez Tost�o, n�o consegui at� hoje encontrar um defeito no Rei do Futebol. Porque entre ele e a bola n�o havia segredos, e sim a mais completa harmonia.
N�o � qualquer um que faz 1.281 gols. S� ele conquistou tr�s t�tulos mundiais de sele��es – al�m de dois entre clubes. Este mito que completa oito d�cadas de exist�ncia transformou a camisa 10 em s�mbolo de excel�ncia. Resumiu toda a arte da bola na simplicidade com que colecionava gols e joias do futebol. E liberou os tios para serem chatos ao falar de suas fa�anhas.
Podem crer. Eu vi.