Uma das marcas mais conhecidas no mundo, a Sele��o Brasileira de futebol vive crise de popularidade. Mesmo com um dos melhores come�os em eliminat�rias sul-americanas da hist�ria, com quatro vit�rias em quatro jogos, v� aumentar o desinteresse pelos jogos, a ponto de os mesmos n�o serem sequer transmitidos pela TV aberta, como ocorreu na vit�ria por 2 a 0 sobre o Uruguai, ter�a-feira, em Montevid�u.

Com isso, s� pode ver a melhor performance dos comandados de Tite quem se disp�s a pagar R$ 20 ou era assinante de servi�os de streaming ou pay-per-view. Muitos tentaram alternativas fora da lei, como links piratas – o Google registrou como tend�ncia no Brasil o duelo contra os uruguaios. De qualquer forma, muito pouco se comparado � audi�ncia de outras �pocas.

“Lembrei-me da minha adolesc�ncia, em 1950, quando ligava o r�dio para saber como estava o jogo da Sele��o Brasileira na Copa do Mundo. Mas sou um idoso, tenho mais de 80 anos. O que me preocupa � que meu neto de 14 anos, que joga, adora e respira futebol, estava no videogame na hora (do jogo)”, escreveu no Twitter o ex-zagueiro Proc�pio, que defendeu, entre outros, Atl�tico, Cruzeiro, Fluminense e S�o Paulo, al�m do pr�prio escrete canarinho em 10 partidas, e que tamb�m foi treinador.

Ele aponta alguns fatores, como a queda da qualidade dos convocados e tamb�m fatores extracampo como motivos para que a Sele��o j� n�o desperte tanto interesse. “Tem jogador sendo protegido. Outro, melhor, sendo preterido. H� convoca��o mais por interesse do que por m�rito. Tudo isso causa um descr�dito e afasta o torcedor”, diz o Proc�pio.

A qualidade tamb�m � apontada por outro ex-defensor, Vantuir Galdino, como um dos motivos de o Brasil n�o “parar” para ver a canarinho jogar. “N�o temos mais craques como antigamente, a qualidade t�cnica dos jogadores caiu, n�o tem mais atletas como Tost�o, Pel�, Jairzinho, Rivelino, G�rson e Reinaldo. Os melhores est�o fora do Brasil e n�o s�o nem craques, s� bons jogadores”, diz o ex-zagueiro, revelado pelo Galo e que tamb�m defendeu Flamengo e Gr�mio, al�m de ter vestido a amarelinha em nove jogos.

J� quem conhece bem o mercado v� motivos al�m do futebol para explicar a atual situa��o da Sele��o Brasileira. “H� uma gama de fatores para explicar o desinteresse pela Sele��o. Se voc� pegar as placas de publicidade, elas valiam mais em jogos da Sele��o que nos dos clubes. Agora mudou, at� porque a Rede Globo entrega nacionalmente um retorno muito bom para os anunciantes. Tamb�m h� a presen�a de novos players, a Conmebol repatriou dinheiro e quer assumir protagonismo. Tudo que envolve d�lar alto dificulta a vida de todos, inclusive da emissora que quer transmitir o futebol. E h� tamb�m a quest�o de crise de credibilidade. A Sele��o Brasileira desfalca os clubes. Os flamenguistas n�o tiveram um dos jogadores mais caros (�verton Ribeiro) contra o S�o Paulo, quando foi eliminado da Copa do Brasil. Isso gera n�o s� indiferen�a, mas �dio � Sele��o”, explica Amir Somoggi, s�cio da Sports Value Marketing Esportivo, que tem 20 anos de experi�ncia em marketing e gest�o esportiva.

 Pelo atual acordo firmado pela CBF, a Rede Globo tem os direitos de transmitir os jogos da Sele��o Brasileira realizados em territ�rio nacional. Por�m, nos jogos fora do pa�s, n�o h� acordo e cada partida vem sendo negociada em separado.

No caso do jogo com o Uruguai, Globo, Band e SBT chegaram a negociar a transmiss�o, mas a empresa espanhola Mediapro, que negocia os direitos da Associa��o Uruguaia de Futebol (AUF) teria pedido R$ 5 milh�es, valor considerado invi�vel, ainda mais em um ano marcado pela pandemia da COVID-19, em que quase todos est�o contendo gastos.

Contra o Peru, pela segunda rodada das Eliminat�rias Sul-Americanas, em 13 de outubro, o jogo s� foi exibido de forma gratuita por interven��o da CBF. A entidade comprou os direitos e os repassou � TV Brasil, canal estatal, num claro agrado ao governo federal.

O risco � perder o cliente, que n�o parece disposto a pagar para ver jogos contra equipes fortes, como o Uruguai? Que dir� diante de advers�rios mais fracos? 

O pr�ximo compromisso do Brasil nas Eliminat�rias � s� em 24 de mar�o de 2021, quando visita a Col�mbia. Mais uma vez, n�o se sabe se haver� transmiss�o na TV aberta.

A Mediapro reconheceu, na quarta-feira, que funcion�rios da Imagina Media Audiovisual SL, empresa na qual det�m participa��o acion�ria, pagaram propina a executivos da Fifa para obter direitos de transmiss�o de jogos das Eliminat�rias para as Copas do Mundo de 2014, 2018 e 2022.O dinheiro teria como alvo compromissos da Concacaf. A empresa diz ter demitido tr�s funcion�rios respons�veis pela irregularidade.