(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas �RBITRO DE FUTEBOL

'Como derrotei meu ego t�xico e aprendi a n�o levar tudo para o lado pessoal'

Quando Frederik Imbo percebeu que tinha um problema, ele decidiu que precisava fazer algo a respeito. E o que ele fez? Ele se tornou juiz de futebol.


02/03/2021 09:13 - atualizado 02/03/2021 10:46


Frederik Imbo decidiu ser árbitro por causa de seu amor pelo futebol e seu desejo de testar sua resiliência(foto: Imboorling)
Frederik Imbo decidiu ser �rbitro por causa de seu amor pelo futebol e seu desejo de testar sua resili�ncia (foto: Imboorling)

Se voc� se irrita facilmente com o que outras pessoas fazem ou deixam de fazer, voc� pode querer ouvir o que Frederik Imbo tem a dizer.

Quando percebeu que estava explodindo com cada pequena coisa que acontecia na sua vida, Imbo decidiu que precisava fazer algo a respeito. Ent�o, ele se tornou juiz de futebol.

A conex�o entre as duas coisas n�o � �bvia, mas Imbo diz que se tornar �rbitro era o que ele precisava para controlar seu problema, porque as pessoas quase nunca gritam coisas positivas ou encorajadoras para os �rbitros, mas n�o � algo pessoal.

"Sou o bode expiat�rio. Aparentemente, estou sempre errado. � sempre minha culpa", disse Imbo em uma palestra TEDx no in�cio de 2019. "E eu queria aprender a n�o levar tudo para o lado pessoal."

A arbitragem � uma responsabilidade relativamente recente para esse consultor de comunica��o de 45 anos da B�lgica.

Ele � o fundador da Imboorling, uma empresa que oferece apresenta��es, workshops e sess�es individuais para ensinar as pessoas a se comunicarem com efic�cia.

Imbo se formou em teatro e atuou em filmes e s�ries de televis�o, mas "nunca foi talentoso o suficiente para se destacar como ator", disse ele � BBC.

Durante uma performance, Imbo se deparou com a ideia do ego, que, para os prop�sitos de sua abordagem, ele descreve como "a parte m� de n�s que quer estar certa, que � como uma crian�a".

Ele come�ou a perceber que, muitas vezes, quando se apegava a coisas que outras pessoas haviam feito, n�o era seu c�rebro consciente que falava, mas seu ego.

'N�o � sobre mim'


Imbo é especialista em comunicação e também árbitro de futebol na Bélgica(foto: Imboorling)
Imbo � especialista em comunica��o e tamb�m �rbitro de futebol na B�lgica (foto: Imboorling)

Imbo criou duas estrat�gias para lidar com situa��es como essas. Ele poderia dizer a si mesmo que a outra pessoa estava tendo um dia ruim e que o que estava acontecendo n�o era por causa dele, o que na maioria das vezes � verdade.

Ou ele poderia admitir que �s vezes � sobre ele: que �s vezes as pessoas ficam chateadas e o atacam como resultado de suas a��es, e que ele simplesmente precisava ser capaz de se sentir confort�vel com essa ideia.

"Eu disse, tudo bem, a melhor maneira de testar essa teoria � encontrar um contexto para me testar, para me expor quando se trata de n�o levar as coisas para o lado pessoal", diz Imbo.

N�o h� nada de fr�volo em ser �rbitro tanto no futebol. Voc� pode ser insultado, intimidado, alvo de comportamentos abusivos.

"Os jogadores s�o realmente dif�ceis. Eles gritam o que querem. Eles se aproximam e dizem 'voc� n�o sabe nada sobre o jogo' ou 'voc� usa o c�rebro ou o qu�?'. � assim que os jogadores s�o", diz ele.

Claro, o abuso contra os �rbitros n�o � simplesmente uma quest�o de ego ferido, mas uma preocupa��o real no esporte.


Muitos árbitros saem de campo temendo ou sofrendo agressões de torcedores e jogadores(foto: Getty Images)
Muitos �rbitros saem de campo temendo ou sofrendo agress�es de torcedores e jogadores (foto: Getty Images)

Recentemente, a institui��o de caridade Ref Support UK relatou um aumento "em massa" no n�mero de �rbitros que buscavam apoio em sua linha de ajuda, dizendo que os jogadores estavam se comportando como "animais enjaulados" ap�s serem libertados do confinamento pelo coronav�rus.

O problema � grave, de acordo com The Third Team, uma empresa que ensina resili�ncia aos �rbitros. Em 2018, entre os 7 mil �rbitros registrados no Reino Unido, 200 decidiram deixar o esporte por temer ou sofrer ataques e amea�as de viol�ncia de jogadores, treinadores e torcedores.

Mas, independentemente disso, mesmo em condi��es normais, os �rbitros precisam de muita for�a mental para lidar com suas pr�prias cr�ticas, inseguran�as e toda a negatividade interna causada por suas ansiedades.

O lado bom � que ficar mentalmente forte como um juiz de futebol pode ajudar em todos os aspectos da vida.

Especialistas como Ryan Holiday, autor de O Ego � o Inimigo, j� alertaram que um "ego t�xico" pode tornar nossa felicidade dependente de valida��o externa. Pode nos fazer desejar elogios, reconhecimento, curtidas nas redes sociais.

No processo de busca de valida��o, as pessoas correm o risco de ignorar suas paix�es, tornar-se menos criativas e nunca encontrar o verdadeiro sucesso, diz Holiday.

Pessoas com egos inflados muitas vezes acreditam que s�o privilegiadas. Paradoxalmente, s�o v�timas de suas pr�prias expectativas imposs�veis quando a realidade as atinge e elas s�o for�adas a lidar com uma queda de seu pedestal.

O sentimento de superioridade e baixa autoestima s�o as duas faces da mesma moeda.

Mas como podemos controlar nosso ego?

A girafa e o chacal

Imbo usa uma met�fora animal desenvolvida por Marshall B. Rosenberg, o fundador de uma teoria chamada "comunica��o n�o violenta", para descrever duas qualidades opostas presentes em todos n�s.

O chacal � autorit�rio e cr�tico. A girafa � suave e forte ao mesmo tempo. O primeiro "est� sempre em seu ego e quer estar certo", diz Imbo. O segundo � amig�vel e busca "conectar e compreender". Viver com os dois �s vezes parece uma contradi��o.

"Para ser honesto, o �mago do meu ser est� muito mais relacionado ao chacal do que � girafa. No entanto, meus valores est�o muito mais alinhados aos da girafa. Eu realmente valorizo %u200B%u200Bo respeito e a igualdade, mas sou muito r�pido em virar meu chacal", explica ele.

Mas a quest�o n�o � escolher entre um ou outro, mas deixar espa�o para ambos. Se toma uma decis�o incorreta durante uma partida, por exemplo, Imbo diz que se aproximar do t�cnico injusti�ado e reconhece o erro.

"Eu digo, podemos conversar sobre isso? E isso � tudo que tenho que fazer. O tom da voz dele muda imediatamente, porque voc� se comunica com a inten��o de se conectar. O ego dele baixa [a guarda], e a linguagem corporal muda", diz.

"A partir do momento em que o ego � reconhecido, h� espa�o para vulnerabilidade, e, em 90% dos casos, o treinador diz: 'Sim, voc� cometeu um erro, mas a minha rea��o tamb�m n�o foi muito respeitosa'", afirma.

Aceitar cr�ticas pode ser dif�cil, diz Imbo, mas � da� que vem a verdadeira li��o. Porque, se nos machuca que algu�m nos critique, provavelmente significa que eles tocaram em uma inseguran�a sobre n�s mesmos ou sentimentos de inseguran�a enraizados em experi�ncias passadas.

"Ent�o pensamos: [a cr�tica] � sobre mim", diz Imbo. "Significa que h� inseguran�a em mim e estou revivendo algo que j� aconteceu no meu passado. Estou recriando uma dor que senti antes."

Ent�o, Imbo sabe que � hora de ser "gentil consigo mesmo", dar-se um pouco de amor pr�prio.

"Quanto mais voc� se ama, quanto mais se aceita, maior a chance de voc� n�o acreditar mais que outras pessoas s�o respons�veis %u200B%u200Bpor sua pr�pria felicidade", diz ele.


Imbo diz que está feliz
Imbo diz que est� feliz "de uma forma mais sustent�vel" depois de se tornar �rbitro (foto: Imboorling)

Como resultado de se tornar um �rbitro, Imbo diz que est� feliz "de uma forma mais sustent�vel". Mas voc� n�o precisa suportar abusos para chegar �s mesmas conclus�es, � claro.

Em sua palestra no TEDx, Imbo tem uma maneira inteligente e menos dr�stica de transmitir a mesma mensagem: ele tira uma nota de 20 euros do bolso e pergunta quem na plateia a quer. Um grupo de pessoas levanta a m�o.

Ent�o, ele amassa a nota e a joga no ch�o. As m�os ainda est�o levantadas. Ele apanha, mastiga, cospe no ch�o, pisoteia.

Mas as m�os ainda est�o levantadas. Afinal, ainda � uma nota de 20 euros. Imbo ent�o passa sua mensagem principal.

"As pessoas podem atac�-lo, critic�-lo ou ignor�-lo. Eles podem arruin�-lo com suas palavras, cuspir em voc� ou at� mesmo pisotear voc�", diz ele.

"Mas lembre-se: o que quer que eles fa�am ou digam, voc� sempre manter� seu valor."


J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)