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Estado de Minas ATL�TICO

Caso Cuca, do Atl�tico, mostra como sociedade e jornalismo mudaram

Condena��o dos jogadores por abuso de menor foi tratada como 'travessura' em 1987; em 2021, torcedores questionaram contrata��o do treinador pelo Galo


09/03/2021 07:34 - atualizado 09/03/2021 07:44

Condenado na Suíça em 1989, Cuca e os jogadores do Grêmio foram retratados como vítimas no Brasil(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Condenado na Su��a em 1989, Cuca e os jogadores do Gr�mio foram retratados como v�timas no Brasil (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O esc�ndalo de viol�ncia protagonizado por Cuca e outros tr�s jogadores do Gr�mio, Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi, condenados por abuso sexual da jovem Sandra Pf�ffli, de 13 anos, na Su��a, em 1987, ficou nas sombras por d�cadas e voltou ao holofotes neste ano, quando o treinador foi contratado pelo Atl�tico. De acordo com pesquisadores ouvidos pelo Superesportes, dois fatores contribu�ram para o resgate desse caso: a luta feminista, em especial das atleticanas, que questionaram o acordo com o treinador e protestaram na internet, e a mudan�a na imprensa, cuja cobertura passou a dar mais espa�o � viol�ncia contra grupos minorit�rios, como crian�as e mulheres.

Em agosto de 1987, o Gr�mio fez uma excurs�o � Su��a. Os quatro jogadores foram presos no Hotel Metropolitano, em Berna, por terem abusado de Sandra Pf�ffli, que tinha ido com os amigos ao quarto dos atletas para pedir uma camisa do clube ga�cho. Eles ficaram presos durante quase 30 dias e voltaram ao Brasil ap�s ter sido encerrada a fase de instru��o do processo. Cuca, Henrique e Eduardo foram condenados a 15 meses de pris�o e multa de 8 mil d�lares cada um. Fernando foi penalizado por ter sido c�mplice com tr�s meses de pris�o e multa de quatro mil d�lares. Nenhum deles cumpriu a pena.

Com centenas de pessoas no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, os jogadores do Gr�mio foram recebidos como v�timas do epis�dio de viol�ncia na Su��a. A imprensa ajudou a construir essa narrativa. No jornal Correio do Povo de 29 de agosto de 1987, o colunista Wianey Carlet ironizou o caso de viol�ncia.  "Viol�ncia? Claro que n�o. Ficou ainda mais claro, pelo menos para mim, que n�o houve viol�ncia no ap. 204 do hotel Metr�pole. Pode-se questionar, isto sim, o bom gosto dos envolvidos... Mas cores e sabores n�o se discute, resta dar as boas vindas aos nossos doces devassos".

J� no Zero Hora do dia 8 de agosto de 1987, Paulo Santana chamou o caso de uma "travessura irrespons�vel". "Os jogadores do Gr�mio n�o assimilaram a mudan�a do fuso hor�rio. Levaram um choque de costumes… Agora � s� torcer - no que acredito - que a Justi�a su��a fa�a justi�a. Isso �, que ela realmente encare o fato como foi uma travessura irrespons�vel e de total imprevid�ncia dos autores quanto a sua ilicitude e consequ�ncia". Ambos os colunistas morreram em 2017.

Ana Carolina Vimieiro, pesquisadora de ativismo no esporte e quest�es de g�nero da UFMG, afirma que os jornais tentaram culpar a v�tima. "� muito importante, fundamental mesmo, sobretudo se olharmos para a forma como esses casos foram originalmente tratados pela m�dia. O caso do Cuca, em particular, expressava o que a sociedade pensava e ainda pensa, em menor grau hoje, mas ainda pensa, sobre casos de estupro: que a culpa � da v�tima. Quando olhamos para o material noticiado � �poca, vemos claramente que os jogadores foram transformados em v�timas do sistema prisional da Su��a e que a v�tima, uma menina de 13 anos chamada Sandra Pf�ffli, teve sua moral questionada, de forma a legitimar a no��o de que ela tinha culpa por ser violentada", disse.

O jornal feminista Mulherio foi um dos poucos a n�o endossar esse vi�s na cobertura. Na �poca, cobriu o caso de forma cr�tica, mas n�o houve grande repercuss�o. Nos �ltimos dias, uma republica��o de uma mat�ria viralizou nas redes sociais: "Henrique, Fernando, Eduardo e Alexi (Cuca), quatro jogadores do Gr�mio acusados do estupro de uma menina de 13 anos na Su��a, foram transformados pela imprensa ga�cha em 'her�is', gra�as a uma serie de deturpa��es dos fatos e do culto ao machismo", diz um trecho (Clique aqui para ler na �ntegra).

"O papel do jornalismo l� atr�s foi de reproduzir essas narrativas, com exce��o de ve�culos da m�dia alternativa, como o Mulherio. E, no caso do Cuca, vemos todo o machismo daquele per�odo aflorar nas narrativas locais de quem cobriu o caso. Todos homens, � claro", destacou Ana Carolina Vimieiro.

Cuca com a camisa do Grêmio em 1987(foto: Reprodução / Placar)
Cuca com a camisa do Gr�mio em 1987 (foto: Reprodu��o / Placar)

O que mudou no jornalismo?

Apesar de fazer as ressalvas de que o jornalismo esportivo mant�m foco maior apenas nos jogos e � feito majoritariamente por homens, Vimiero entende que a m�dia passou a refletir sobre a viol�ncia contra minorias e a representatividade na pr�pria imprensa. Ela cita uma mat�ria publicada recentemente pelo Superesportes mostrando a presen�a de poucos negros na m�dia e a apura��o da Globo no estupro cometido pelo atacante Robinho, condenado em segunda inst�ncia pela Justi�a Italiana.

"Destaco o trabalho reflexivo de v�rios ve�culos de m�dia brasileiros recentemente. E a� est� tamb�m a import�ncia de resgatarmos esses casos. Tanto os coment�rios sobre racismo no esporte do narrador J�lio Oliveira, que disse que as reda��es s�o mares brancos e a mat�ria de Humberto Martins, no Superesportes, sobre a aus�ncia de negros na imprensa, quanto o trabalho de apura��o da Globo no caso Robinho e reportagem do Esporte Espetacular sobre casos de estupro envolvendo t�cnicos e jogadores de futebol s�o fruto de uma reflex�o do pr�prio jornalismo esportivo sobre si mesmo. Isso � important�ssimo para mudarmos a forma como as coisas s�o feitas. Ent�o, n�o me surpreende que a cobertura do caso da d�cada de 1980 tenha sido como foi, mas vejo recentemente movimentos reflexivos importantes no jornalismo esportivo. S� assim vamos caminhar em outra dire��o", frisou.

"Mas ainda temos muitas raz�es para repensarmos o jornalismo esportivo. As pesquisas demonstram que ele � pouqu�ssimo diverso. Dados do International Sports Press Survey (ISPS) de 2011 , uma pesquisa global sobre jornalismo esportivo, indicam que grande parte da cobertura � focada nos atletas (mais de 50%), sendo que, desses, 85% s�o homens. O jornalismo esportivo tamb�m ouve poucas fontes (alarmantes 26% das not�cias n�o ouvem nenhuma e 41%, uma) e as que ouve s�o predominantemente internas ao campo esportivo (atletas e treinadores). Elas tamb�m s�o majoritariamente masculinas. Na imprensa (mas n�o h� qualquer raz�o para pensar que � diferente em outras m�dias), 92% das mat�rias s�o assinadas por homens. Por fim, quase 80% das not�cias se resumem ao pr� e p�s jogo".

Último clube de Cuca foi o Santos(foto: RICARDO MORAES / AFP)
�ltimo clube de Cuca foi o Santos (foto: RICARDO MORAES / AFP)

J� o professor Carlo Alberto Carvalho, da Comunica��o Social da UFMG, explica que � preciso um compromisso �tico das reda��es em busca de uma cobertura mais extensiva no combate aos diversos tipos de viol�ncia.

"Denunciar todas as formas de viol�ncias f�sicas e simb�licas contra as mulheres, vindas de quaisquer homens, em quaisquer atividades, deve ser parte do compromisso �tico da imprensa rumo a uma sociedade livre das viol�ncias de g�nero. Quando estamos diante de casos que envolvem pessoas p�blicas, como jogadores e treinadores de futebol, o compromisso �tico � ainda maior, pois s�o indiv�duos que atuam em atividades de grande visibilidade e a impunidade � um p�ssimo indicador de que as viol�ncias seriam aceit�veis. Infelizmente, a imprensa esportiva somente h� muito pouco tempo percebeu que n�o � mais poss�vel silenciar as mulheres v�timas de viol�ncias por parte de atletas, treinadores, dirigentes e outros homens ligados ao mundo dos esportes. Que as den�ncias sejam, doravante, trazidas a p�blico, em coberturas equilibradas, eticamente qualificadas", ressaltou.

O que mudou na sociedade?

Em 1987, a sociedade brasileira tinha acabado de sair da ditadura militar, que durou de abril de 1964 a mar�o de 1985. Naquele momento, a nova constitui��o democr�tica ainda n�o tinha sido institu�da. Ela foi um marco aos direitos dos cidad�os brasileiros, por garantir liberdades civis e os deveres do Estado, como explica a professora de antropologia �rica Renata de Souza, da UFMG.

"Naquela �poca, os movimentos sociais estavam come�ando a ganhar for�a e f�lego no Brasil. Ent�o, toda essa discuss�o que est� muito mais amadurecida hoje sobre os direitos humanos e os direitos das mulheres com o feminismo, n�o era uma realidade no Brasil dos anos 1980. Por isso, naquele momento nada aconteceu. E os anos 1980 foram um esc�ndalo no Brasil em muitos sentidos, em termos de direitos das crian�as, das mulheres e dos idosos, a gente n�o tinha nenhum tipo de respaldo, que ocorreu com a Constitui��o de 1988. Antes dela, realmente a gente tinha situa��es escandalosas no Brasil a respeito de v�rias popula��es vulner�veis de viol�ncia contra essas popula��es", diz.

�rica de Souza diz que � importante rememorar casos como esse envolvendo o ex-jogador e hoje t�cnico Cuca para mostrar que epis�dios assim n�o ser�o mais tolerados na sociedade que queremos construir. "Acho importante, sim, resgatar esses casos, porque a gente n�o tinha naquela �poca um debate cr�tico a respeito. Isso n�o significa, ent�o, que o caso tenha que morrer, ele tem que ser resgatado, ser problematizado para ilustrar e para mostrar que casos assim, epis�dios assim, n�o ser�o mais tolerados. Que a forma com a qual a sociedade v� hoje o direito das mulheres � muito diferente do que via nos anos oitenta. Resgatar esses casos s�o importantes pela mem�ria, para gente mostrar que as coisas mudaram. O que era 'permitido' ou o que n�o era devidamente punido antigamente, n�o era porque n�o se tinha esse debate na sociedade. E hoje, com esse debate, n�o � mais tolerado".

A luta feminista � o principal motivo para o debate da viol�ncia contra a mulher prosperar na sociedade. Nasceu nas redes sociais uma campanha contra o retorno do t�cnico Cuca ao Atl�tico com o lema #CucaN�o. Em grande n�mero, as atleticanas conseguiram colocar este assunto como um dos mais comentados no Twitter nas �ltimas semanas, quando o Galo ainda estava negociando com o treinador.

A doutoranda em ci�ncia pol�tica Luciana Andrade explica essa a��o nas redes. "Os movimentos feministas e de mulheres est�o cada dia mais “online”, atuando de forma interligada e conectada. Est� cada dia mais f�cil ter acesso ao hist�rico das pessoas p�blicas e a documentos judiciais, inclusive de outros pa�ses. � um debate sobre o abuso sexual de mulheres, no caso do Cuca ainda com o agravante de (a v�tima) ser menor de idade e configurar tamb�m pedofilia, que nunca sai do cen�rio p�blico. O que ocorre � o foco maior em determinadas situa��es ou problemas, especialmente nos tempos em que estamos vivendo, com ataques constantes aos direitos humanos das mulheres, inclusive um ataque institucional em que as mulheres est�o sistematicamente perdendo acesso a pol�ticas p�blicas de g�nero no n�vel federal".

A amplia��o deste debate, contudo, n�o diminuiu consideravelmente os �ndices de feminic�dio no Brasil. Nos primeiros seis meses de 2020, 1.890 mulheres foram mortas de forma violenta em plena pandemia do novo coronav�rus. Em todo o ano de 2019, houve 3.739 mulheres feminic�dios. Naquele ano, o goleiro Bruno, condenado pelo homic�dio de Elisa Samudio em 2010, deixou a pris�o e virou alvo de clubes e f�s. De acordo com a professora �rica de Souza, esse � um exemplo de como a vida da mulher tem pouco valor na sociedade.

Boa Esporte foi um dos clubes que contrataram o goleiro Bruno após o assassinato de Elisa Samudio(foto: Divulgação)
Boa Esporte foi um dos clubes que contrataram o goleiro Bruno ap�s o assassinato de Elisa Samudio (foto: Divulga��o)

"Se esses debates n�o s�o feitos, se esses casos n�o vem � tona com essas figuras p�blicas, a gente ajuda a naturalizar a viol�ncia. Ela j� est� naturalizada, a viol�ncia contra mulher, o feminic�dio j� est� naturalizado, � estrutural na nossa sociedade, que ainda � patriarcal, machista, racista, transf�bica. Ent�o, se a gente naturaliza se tipo de situa��o, a gente refor�a todo o preconceito, todo o estere�tipo, como aconteceu com caso da Elisa Samudio. Tem gente ainda hoje tirando selfie com o goleiro Bruno como se ele fosse um astro ainda, sendo que ele � um feminicida, ele matou uma mulher. H� f�s que ignoram esse fato e ficam se exibindo nas redes sociais com ele. Ent�o, essa uma naturaliza��o muito perversa da viol�ncia. Significa que a vida daquela mulher n�o vale nada para aquela pessoa que est� tirando foto com goleiro Bruno, vale muito mais a vida do goleiro e aquela proje��o daquela pessoa ao lado dele do que a vida daquela mulher, que foi tirada de forma t�o violenta", observou �rica de Souza.

A imagem que o Atl�tico passa

E qual a imagem que o Atl�tico passa para sociedade ao contratar o t�cnico Cuca? O Superesportes fez a mesma pergunta para as tr�s mulheres ouvidas nesta reportagem. As respostas foram as seguintes:

"Passa a imagem de que � ainda estruturalmente machista e acha que a vida das mulheres n�o vale nada. � essa imagem que se passa", disse �rica Renata de Souza.

"O clube passa uma imagem de que n�o se afeta com rela��o � situa��o da viol�ncia contra as mulheres e meninas. Nos passa a imagem de que n�o h� nenhuma forma de accountability (presta��o de contas) de g�nero e de direitos humanos internamente no clube – caso jogadores, t�cnicos ou funcion�rios sejam violentos e agressores, mesmo condenados, poder�o continuar atuando em suas fun��es normalmente j� que esta n�o � uma quest�o que impacta ao clube. Infelizmente, a imagem que o Atl�tico passa e acaba reproduzindo � de tamb�m ser mais um elo de viol�ncia contra as mulheres. Se voc� n�o enfrenta a viol�ncia, se voc� n�o enfrenta o agressor, voc� acaba sendo conivente, reproduzindo a situa��o. Imagino que as torcedoras do clube ao saber que Cuca iria ser o t�cnico do time se sentiram violentadas. � preciso lembrar que uma grande parcela das mulheres brasileiras j� foram violentadas efetivamente. Colocar um estuprador, condenado, como t�cnico do clube, refor�a a aceita��o do problema e a impunidade como t�nica desta situa��o. Al�m disso, pode passar a imagem de que a culpa � da mulher", explicou Luciana Andrade.

"Passa a imagem de que crimes de viol�ncia contra a mulher s�o coisas menores, sem import�ncia e sem grandes repercuss�es. � uma forma de reproduzir a no��o de “travessura” l� do caso de Berna. O clube manda uma mensagem para a sociedade de que estupros cru�is de mulheres n�o s�o coisas graves", destacou Ana Carolina Vimieiro.

Em nota, o Atl�tico disse que confia na inoc�ncia de Cuca. “Sobre os antigos epis�dios envolvendo o nome do treinador (e que vieram � tona recentemente), o Clube entende que o assunto est� superado, em face das �ltimas declara��es dadas por ele. O Clube Atl�tico Mineiro afirma confiar no treinador, em suas palavras e, principalmente, em sua conduta: sempre proba e s�ria, inclusive durante o per�odo em que treinou o nosso time. O Clube afirma, ainda, ter absoluto respeito pelas mulheres, defende a bandeira da igualdade e repudia qualquer ato de viol�ncia ou discrimina��o, contra quem quer que seja”. 

Cuca assinou com o Atlético por duas temporadas(foto: Divulgação / Atlético)
Cuca assinou com o Atl�tico por duas temporadas (foto: Divulga��o / Atl�tico)

Defesa de Cuca

Trinta e quatro ano depois, Cuca se pronunciou e disse ao blog da jornalista Mar�lia Ruiz, no UOL Esporte, que n�o teve participa��o no caso. "Fui julgado � revelia, n�o estava mais no Gr�mio quando houve esse julgamento com os outros rapazes. � uma coisa que eu tenho uma lembran�a muito vaga, at� porque n�o houve nada. N�o houve estupro como falam, como dizem as coisas. Houve uma condena��o por ter uma menor adentrado o quarto. Simplesmente isso. N�o houve abuso sexual, [n�o houve] tentativa de abuso ou coisa assim", disse.

"Sou uma pessoa do bem, vivo numa fam�lia de mulheres, 90% da minha fam�lia s�o mulheres! Esse epis�dio de 1987 precisa ser explicado. Eu estava no Gr�mio havia duas ou tr�s semanas apenas, n�o conhecia ningu�m. Eu jamais toquei numa mulher indevidamente ou inadequadamente. Sou um cara de cabe�a e consci�ncia tranquila. Tenho a consci�ncia tranquila", acrescentou o treinador, em entrevista ao blog de Mar�lia Ruiz.

"Resolvi juntar minha mulher e minhas duas filhas para falar desse caso de 12.400 dias atr�s porque sou inocente", desabafou. "Eu preciso dar um basta nisso. Claro que essa hist�ria me incomoda demais. N�o posso virar bandido depois de 34 anos". O treinador disse que n�o falar� mais sobre o assunto.

A professora Ana Carolina Vimieiro questionou as declara��es do treinador. "Cuca tentou se defender tamb�m a partir de um discurso em que sua moral ilibada serviria de prova de que n�o cometeu o crime. Vejo aqui a mesma estrat�gia da d�cada de 1980, mas invertida. Se l� a moral da v�tima � usada para culpabiliza��o desta, agora � a moral dele que � usada para redimi-lo. Eu, como mulher e torcedora do Atl�tico, acho bastante inc�modo o fato dele dizer que o caso � algo que ele tem uma “lembran�a muito vaga”. E que ele resolveu dar um basta nisso, dando a entrevista. Como tem uma lembran�a vaga? Ele ficou preso por quase um m�s. Mesmo se ele fosse inocente, incomoda bastante essa afirma��o, parecendo desdenhar da gravidade da acusa��o. E, lembrando, Cuca foi condenado a 15 meses de pris�o pela Justi�a Su��a por viol�ncia sexual contra pessoa vulner�vel (com menos de 16 anos). N�o cumpriu porque o Brasil n�o tinha acordo de coopera��o com as autoridades su��as e nem extradita seus cidad�os".

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