Uberl�ndia � a cidade mineira com mais representantes na delega��o brasileira que vai para a Paralimp�ada de T�quio (foto: Kazuhiro Nogi/AFP )
Com 11 paratletas convocados pelo Comit� Paral�mpico Brasileiro (CPB), Uberl�ndia � a cidade mineira que mais enviar� representantes para a Paralimp�ada de T�quio'2021, que come�a em agosto. Ao todo, 36 paratletas representam Minas Gerais na competi��o.
Lara Lima (halterofilismo), Mateus Carvalho (bocha) e Rodrigo Parreira (atletismo), paratletas de associa��es parceiras da Funda��o Uberlandense de Turismo, Esporte e Lazer (FUTEL), garantiram a vaga na �ltima ter�a-feira (6/7).
Eles se juntam aos outro oito paratletas que tamb�m representam Uberl�ndia e j� estavam classificados para os Jogos de T�quio – Jovanna Morais Costa,Oscar Carvalho, Vander Fagundes, Jo�o Pedro Brutus de Oliveira, Laila Suzigan Abate, Gustavo Carneiro Silva, Raphael Oliveira de Moraes e Alberto Martins da Costa.
Confira as cidades mineiras com paratletas convocados:
Uberl�ndia - 11
Belo Horizonte - 9
Coronel Fabriciano e Montes Claros - 2
Bocai�va, Uberaba, Una�, Ituiutaba, Jesu�nia, Santa Luzia, Canap�lis, Juiz de Fora, Medina, Capin�polis, Formiga e Ponte Nova - 1
A competi��o acontecer� entre os dias 24 de agosto e 5 de setembro.
Essa � a edi��o da Paralimp�ada com a maior delega��o j� enviada pelo Brasil, com 253 paratletas. O presidente do CPB, Mizael Conrado, ao lado do vice-presidente da entidade, Yohansson Nascimento, e do diretor t�cnico Alberto Martins, apresentaram a delega��o nessa semana.
“Foi muito trabalho, muito esfor�o, suor, muita supera��o. Vivemos um momento sem precedentes na hist�ria. Est�vamos todos preparados h� um ano, quando surgiu a pandemia e o sonho dos atletas foi adiado. A pandemia ainda continua, por�m, esperamos que esteja rumando para o seu final e que os Jogos Paral�mpicos sejam uma grande alavanca e representem uma recupera��o dos nossos povos, j� que o esporte significa resili�ncia e autoestima”, declarou Conrado, bicampe�o paral�mpico de futebol de cinco (Atenas 2004 e Pequim 2008).
Na �ltima edi��o dos jogos, que ocorreram no Rio de Janeiro, em 2016, no quadro geral de medalhas o Brasil ficou no oitavo lugar, com 14 de ouro, 29 de prata e 29 de bronze, totalizando 72 conquistas.
Lara Lima, paratleta do halterofilismo vai representar o Brasil em T�quio (foto: foto: Prefeitura de Uberl�ndia/Reprodu��o)
Trilhando o sonho
Lara Lima, hoje com 18 anos, tinha 10 quando come�ou a realizar pr�ticas esportivas. Na �poca dos primeiros momentos de interesse pelo esporte, ela foi incentivada por uma psic�loga.
“Ela disse que conhecia um lugar que havia uma menina que viajava e tinha medalhas, a� eu quis saber mais a fundo”, conta Lara.
A paratleta do halterofilismo pegou o cart�o do lugar e resolveu ligar para se informar melhor sobre o assunto. Antes mesmo de completar 11 anos, ela j� treinava. E dali em diante, nunca mais parou.
Lara ocupa o oitavo lugar no ranking mundial de halterofilismo na categoria At� 41 kg. Com essa posi��o ela conseguiu garantir sua vaga para T�quio.
Ao longo da carreira, a halterofilista tem diversas conquistas importantes. As mais recentes foram na Copa do Mundo de Halterofilismo da Ge�rgia, em maio, onde obteve duas medalhas: uma de ouro, na categoria At� 41 kg – J�nior, e uma bronze, na faixa adulta.
Nessa mesma edi��o, bateu o recorde das Am�ricas na categoria J�nior ao levantar incr�veis 90kg.
Determinada e objetiva, Lara conta que se voc� sabe o que realmente quer para a sua vida e quando se faz por amor, o caminho se torna menos complicado.
“Nada e nenhuma press�o vai te fazer desistir, e quando algo vir e voc� pensar que n�o vai dar conta, � s� imaginar o que voc� quer ter no futuro e quem voc� quer ser”, afirma.
A sensa��o para Lara � a melhor que h� para sentir. De acordo com ela, n�o � apenas uma convoca��o, � toda uma vida. “A honra de poder representar o pa�s na competi��o mais importante do mundo � muito bom e traz enorme responsabilidade, tudo se mistura”, explica.
Dedica��o, foco e ansiedade existem, mas a competidora � acompanhada at� hoje por um psic�logo para que nada atrapalhe seu caminho. Ela garante que ir� realizar um �timo trabalho e trazer um bom resultado para o Brasil.
Mesmo com todo esse preparo, a pandemia causada pelo novo coronav�rus impactou a vida de Lara, assim como de milhares de atletas.
“O ciclo paral�mpico dura quatro anos, e � claro que come�amos a nos preparar para este evento muito antes. Com a pandemia, o ciclo que duraria quatro anos, acabou virando cinco e, com isso, as incertezas acabaram dificultando muito o in�cio”, diz Lara.
O cuidado psicol�gico precisou ser maior, mas ela � categ�rica: “As expectativas est�o altas de melhorar minha marca pessoal, e quem sabe trazer uma medalha para o Brasil, seria um sonho”.
Mateus Carvalho � um dos classificados para os Jogos Paraol�mpicos de T�quio 2021 (foto: Associa��o Nacional de Desporto para Deficientes/Divulga��o)
Da nata��o para a bocha
Para Mateus Carvalho, paratleta da bocha, mas que iniciou no esporte pela nata��o, tudo come�ou em 2006, quando disputou sua primeira competi��o, aos 13 anos.
Desde pequeno, Carvalho tinha intimidade com a �gua por realizar hidroterapias. Pr�ximo a 2002, filiou-se em uma institui��o para pessoas com defici�ncia (PCD) e foi l� que conheceu sua primeira professora. Ela fazia um trabalho volunt�rio no local.
Depois de uma certa insist�ncia, o paratleta foi convencido a participar de uma competi��o de nata��o que aconteceria na cidade. Foi a� que Carvalho come�ou a treinar mais duro e se envolveu no esporte de alto rendimento.
“Fiquei na nata��o at� 2012, ano que iniciei na bocha”, explica.
Em 2010, durante uma edi��o das paralimp�adas escolares, uma amiga que estava trabalhando como classificadora funcional levou Mateus para conhecer a bocha.
O primeiro contato n�o despertou muito interesse.
S� dois anos depois, bem desmotivado com a nata��o por n�o conseguir ter um rendimento bom e com alergia ao cloro, o paratleta decidiu abandonar as piscinas. Ele n�o queria deixar a vida de atleta, competir fazia parte de quem ele era.
Um tempo depois, ele retomou o contato com a amiga que havia lhe apresentado o esporte. Dessa vez, o olho brilhou e o interesse foi maior.
“Desde a minha primeira convoca��o para a Sele��o Brasileira de bocha, em 2015, sempre sinto uma emo��o imensa em representar o pa�s”, comenta o paratleta.
Carvalho j� levou ouro nos pares em Defi Sportif Atergo Montreal, em 2015, nos Jogos Paral�mpicos Universit�rios, em 2018, no Parapan, em 2019, e na Copa Am�rica, tamb�m em 2019.
Cair, persistir e nunca desistir, poderia ser um mantra para todo atleta, mas competir � para poucos. Em 2016, Mateus era um dos cotados para os Jogos do Rio. E ficou de fora.
“Acredito que essa frustra��o que passei, me ensinou muito. Hoje estou mais preparado para tal miss�o”, completa Carvalho.
Para ele, a press�o faz parte da vida de atleta. E, com o passar do tempo, as pessoas aprendem a lidar com certas quest�es. O maior desafio � a auto cobran�a, e nesse ponto ele procura evoluir.
As expectativas para os Jogos de T�quio s�o altas, e o paratleta da bocha busca desempenhar o melhor trabalho j� feito por ele. “Divertir com a competi��o e aprender mais sobre a bocha � algo que tenho como objetivo a cada competi��o”, explica.
Rodrigo Parreira (centro), foi prata no Rio em 2016. (foto: foto: Arquivo Pessoal/Redes Sociais/Reprodu��o)
In�cio no esporte como divers�o
Rodrigo Parreira tinha s� 5 anos quando se interessou pelo esporte. Ele via aquilo como uma divers�o, igual toda crian�a quando come�a a se envolver em pr�ticas esportivas.
Tudo mudou em 2013. Sempre que a m�e pedia para ele ir ao mercado ou � padaria, ele ia correndo. Surpreendida pela rapidez do garoto, ela o incentivou a come�ar algum esporte.
A oportunidade surgiu quando m�e e filho viram na televis�o que haveria uma seletiva para atletas paral�mpicos no munic�pio.
Parreira e sua m�e foram at� o local informado e ele tentou se encaixar em v�rias modalidades, como futebol, basquete e at� lan�amento de dardo. Por�m, foi no atletismo que se encontrou.
“Agora � de onde tiro meu sustento, da minha esposa e meu filho”, comenta o esportista.
Os treinos s�o fortes para Rodrigo Parreira. A press�o � grande, � treino atr�s de treino, dores, cobran�a e autocobran�a. Erguer a cabe�a e olhar para o passado para entender como chegou at� esse momento � importante para ele.
Desistir nunca foi uma op��o. O nervosismo � algo que faz parte, a responsabilidade de levar o nome do seu pa�s � muito importante. “O menino que n�o iria andar e iria depender da m�e para tudo est� indo a caminho da sua segunda paralimp�ada, dessa vez, para fazer hist�ria”, afirma Parreira.
Poder representar o Brasil em T�quio para Parreira � gratificante. Ele levou a medalha de prata no salto em dist�ncia e a de bronze nos 100m rasos em 2016. Segundo ele, a sensa��o � dividida em duas: uma parte pela conquista da classifica��o, e a outra que ser� cumprida na cidade japonesa.
“Vou para esse evento com o cora��o cheio de gratid�o, me preparo para quebrar o recorde mundial e alcan�ar o lugar mais alto no p�dio. Tenho me dedicado nessa expectativa, focado nisso. Sei que sou capaz”, comenta.