(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas S�RIE B

Ex-jogadores comentam situa��o do clube e poss�vel greve no Cruzeiro

Proc�pio, Nelinho, Dirceu Lopes, Neco e Wilson Gottardo n�o entendem como o clube pode ter chegado a essa situa��o


13/10/2021 20:05 - atualizado 13/10/2021 20:27

Jogadores do Cruzeiro reunidos no Estádio Independência
Ex-atletas est�o estarrecidos e veem uma situa��o insustent�vel (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
A crise no Cruzeiro, com amea�a de greve por parte dos jogadores profissionais (j� s�o, em m�dia, seis meses de atrasos salariais), assim como outros funcion�rios, mexe com o emocional de muita gente, como ex-atletas que est�o estarrecidos e veem uma situa��o insustent�vel, que coloca em xeque o pr�prio clube e afeta tamb�m a torcida. Proc�pio, Nelinho, Dirceu Lopes, Neco e Wilson Gottardo n�o entendem como o Cruzeiro pode ter chegado a essa situa��o e contam experi�ncias, nesse sentido, que j� vivenciaram.
 
Proc�pio, ex-zagueiro, se diz chateado. “� uma hora muito ruim. A fase � p�ssima. O time apresenta uma pequena melhora e surge essa situa��o, essa bomba, por assim dizer. O pior de tudo � que o presidente n�o est� presente, est� em Portugal. Tudo, os �ltimos acontecimentos, digo desde 2019, colocam o Cruzeiro como um time ac�falo. � lament�vel”.
 
Para ele, os jogadores est�o tomando uma medida extrema e � preciso ponderar que o clube n�o vem cumprindo com suas obriga��es. E v�, tamb�m, a falta de di�logo, que nesse momento seria fundamental. “O clube caiu para a Segunda Divis�o e est� aos trancos e barrancos. Essa � uma mancha, para o clube, inimagin�vel”, alerta. 
 
Proc�pio diz que j� enfrentou situa��es parecidas, uma delas, quando foi jogador do Cruzeiro, mas que foi solucionada com sabedoria. “Eu estava voltando de uma contus�o. Fiquei praticamente cinco anos afastado do futebol. Quando voltei, no Cruzeiro, havia um problema por causa de um m�s de sal�rio atrasado. Eu n�o tinha voz no grupo, mas levantei e falei que quem estava jogando tinha de aguentar. E que t�nhamos de jogar e ganhar, pois esta seria a �nica forma de resolver”. 
 
Ele conta ainda uma situa��o de quando era treinador no Atl�tico. ”O clube estava sem dinheiro. Os sal�rios estavam atrasados havia cinco meses. O Paulo Cury era o presidente. Taffarel, Euler, e mais tr�s jogadores, que tinham condi��es melhores, eu tamb�m participei, nos juntamos. Fizemos uma vaquinha e esse dinheiro deu para pagar os funcion�rios e ajudamos os jogadores a pagar as despesas principais, de aluguel, condom�nio, luz, alimenta��o. O grupo resolveu o problema.”
 
A solu��o definitiva, segundo Proc�pio, s� veio algum tempo depois, com uma excurs�o ao Jap�o. “Ficou acertado que o dinheiro que seria recebido por um diretor, que era o chefe da delega��o, Mazinho, receberia o dinheiro, eram US$ 30 mil, seria repassado, imediatamente, aos jogadores, ainda no Jap�o. S� que ele n�o queria fazer isso, e n�o o fez”.
 
A decis�o do dirigente, segundo Proc�pio, foi a gota d’�gua. “Fui falar com ele, que aquela era uma decis�o do presidente do clube e que ele teria que cumprir. Como n�o aceitou o que disse, tomei o dinheiro dele e fiz o repasse a todos os jogadores. Fiz o que o presidente tinha determinado. Quando chegamos de volta a Belo Horizonte, o presidente me deu raz�o”, relembra.
 
Para Proc�pio, existem outras solu��es que n�o sejam t�o radicais. “Sempre h� uma solu��o. Tem de partir para o di�logo. O compromisso tem de ser de homem para homem. A palavra dada, tem de ser cumprida. Os jogadores, com essa decis�o radical, s�o os mais prejudicados. Algu�m precisa explicar isso para eles. Os extremos nunca s�o bons. T�m de chegar a um meio termo. Se fizerem greve, a� � que n�o v�o receber. S� ofendem o clube. E o pior � que o torcedor � quem paga mais ainda pelo que est� acontecendo”.

Direito do trabalhador

O ex-lateral-direito Nelinho reconhece que a greve � um direito do trabalhador, mas que n�o acha que esse � o momento. “Eu hoje entendo que deveriam ponderar. Se n�o jogarem, perder�o os pontos. Pior, se n�o treinarem, perder�o a condi��o f�sica e se tiverem de voltar a jogar, n�o v�o conseguir ter um bom desempenho”.
 
Nelinho entende que fazer amea�as n�o resolve. “Ningu�m aguenta isso. O jogador est� sofrendo, pois tem suas contas, tem de comprar comida, precisa colocar gasolina no carro para ir treinar. Mas o clube, que � obrigado a pagar, pode ser punido de diversas formas. Existem san��es, inclusive da Fifa, para esses casos”.
 
Ele entende que essa ideia n�o pode ser levada adiante. “Os jogadores est�o dentro de seu direito, mas pode n�o ser a melhor solu��o. E o torcedor, que sofre, tem de entender a situa��o e n�o pode colocar esse problema na conta do jogador”.

Descontrole

Para o ex-lateral-esquerdo Neco, campe�o da Ta�a Brasil em 1966, o que acontece com o Cruzeiro hoje � fruto do descontrole. “Nossa Senhora. A coisa t� feia demais. Que fase horr�vel o clube passa. � muito ruim ver tudo isso acontecer e, confesso, jamais imaginei que isso pudesse acontecer”.
Para ele, o pior � a fama que o clube ter� de carregar daqui por diante. “Vai passar por caloteiro. No futuro, como contratar jogadores? Todos saber�o do calote. O pior � o risco de cair para a S�rie C. Puni��es maiores acontecer�o. Entendo que na situa��o atual, n�o tem para onde correr. S� resta rezar”.

Quem diria

Dirceu Lopes, o ex-dono da camisa 10, que participou da famosa partida do t�tulo da Ta�a Brasil, em 1966, est� estarrecido. “Quem diria. Que situa��o. O Cruzeiro era modelo de gest�o no Brasil e acabou chegando nessa situa��o. Inacredit�vel”.
 
Para ele, a greve n�o � solu��o. “Pra mim, est� na hora desse presidente renunciar. O time � fraco. N�o vejo destaques. Assim, v�o queimar todos os meninos que surgirem”.
 
O ex-jogador est� desolado com o que est� acontecendo. “Isso me d�i muito. Era preciso ter tomado cuidado. � preciso ter cabe�a fria para tomar uma decis�o s�bia agora. Para que n�o aconte�a o pior”.

Organiza��o e estrutura

Wilson Gottardo, que foi zagueiro da conquista da segunda Libertadores, lembra que essa situa��o j� aconteceu no futebol brasileiro, h� pouco tempo, mas com um time que n�o tinha a estrutura do Cruzeiro: com o Paran�, que n�o foi a campo jogar uma partida e foi punido.
 
Ele lembra que em sua �poca o Cruzeiro era um clube organizado e estruturado. “Eram outros tempos”. Mas n�o entende que seja hora de se tomar uma medida extrema como a dos jogadores atuais de se fazer uma greve.
 
“Os conceitos da minha �poca e a qualidade estrutural das equipes eram inferiores. Me recordo que tivemos um problema de atraso de sal�rio quando est�vamos no Jap�o para o Mundial de Clubes. Era um m�s de sal�rio atrasado. Mas esse per�odo a gente n�o considerava atraso, e conversando, foi encontrada a solu��o”, disse.
 
Para ele, o momento � de detectar os erros e � preciso olhar o lado do trabalhador. “Os jogadores t�m seus direitos, mas eles t�m de entender, tamb�m, que t�m de se cuidar f�sica e mentalmente. � hora de conversar. T�m de fazer isso. O clube tinha de arranjar uma forma de colocar pelo menos o sal�rio dos funcion�rios em dia.”
 
Ele conta que nessa crise que enfrentou no clube, eles se reuniram com a diretoria e deram uma solu��o. “Os funcion�rios recebiam na totalidade, assim como os jogadores que ganhavam pouco. Os que ganhavam mais, recebiam uma parte. N�o vejo esse radicalismo, de fazer greve, como solu��o.”
 
E tamb�m faz um alerta. “O atleta tem de continuar se cuidando. Ficar inativo provoca perdas. Est� diante de uma situa��o que � seu direito constitucional tomar uma posi��o extrema, como a greve. Mas essa decis�o pode gerar perdas enormes”.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)