
A estreia do Fen�meno numa sociedade de um clube foi em 2014. Ao lado dos empres�rios brasileiros Ricardo Geromel, Rafael Bertani e Paulo Cesso, ele assumiu o Strikers, da Fl�rida, ent�o participante da North American Soccer League (NASL). A inten��o era levar o modesto clube de Fort Lauderdale � Major League Soccer (MLS), mas o projeto n�o vingou.
"Peguei um avi�o e fui para Nova York conversar com o presidente da MLS. J� tinha articulado alguma coisa na Fifa e perguntei se havia possibilidade, se a gente ganhasse a NASL, de subir (para a MLS). O cara falou: 'oh, voc� pode ganhar o que quiser, se n�o trouxer 70 milh�es de d�lares para a franquia, voc� n�o vai a lugar nenhum'. N�o teve jeito. Sa� dali, desanimei e sa� do projeto", contou Ronaldo ao Flow Podcast.
"Fui nessa aventura no Strikers para aprender e foi muito bom. Os americanos s�o muito bons em entretenimento em todos os n�veis e aprendi muito sobre evento, entretenimento, sobre produ��o, sobre gest�o do time tamb�m. Principalmente porque tinha que gerir o time sem dinheiro", acrescentou.
Inglaterra
Focado em ser dono de um clube, Ronaldo se mudou para Londres para estudar marketing e gest�o de futebol. Ap�s tr�s anos na Inglaterra, ele amadureceu a ideia de adquirir um clube da Championship, a segunda divis�o, na esperan�a de chegar � globalizada Premier League. Pedidas na ordem de 60 milh�es de libras para se tornar acion�rio o fizeram desistir rapidamente.
Depois de especular clubes em Portugal e Espanha, surgiu na Copa do Mundo da R�ssia, em 2018, a oportunidade de comprar o Valladolid, da cidade de mesmo nome localizada a uma hora e meia de sua casa em Madri.
"Imagina, a Premier League � um sucesso absoluto mundialmente, e a segunda tamb�m era muito cara. Se falava em 60 milh�es de pounds. Disse: isso vai ficar brabo inclusive pra mim. Deixa procurar em outros lugares. Em Portugal, olhei algumas coisas. Na Espanha... E nada me encheu os olhos. Os pre�os j� estavam mais acess�veis em Portugal e Espanha. E durante a Copa do Mundo, quando eu n�o estava pensando em comprar nada porque estava l� trabalhando, recebi uma liga��o do meu advogado dizendo que tinha oportunidade do Valladolid. Na verdade, me acharam. O ex-presidente viu em mim uma chance de crescimento muito grande, n�o se tratava de dinheiro, era quest�o de legado, gest�o, e negociei durante uma semana e acabei fechando o Valladolid por 30 milh�es de euros", contou Ronaldo.
Assim como pretende fazer agora no Cruzeiro, Ronaldo levou ao Valladolid pessoas de sua confian�a. Muitos j� trabalhavam para ele em sua ag�ncia de S�o Paulo. Al�m de modernizar a gest�o e tornar o time competitivo, cabia a ele dar mais visibilidade ao clube. "Me cerquei de pessoas incr�veis, fiz um trabalho para me cercar dos melhores pessoas que conhecia no mercado do futebol, tenho a sorte de ter uma ag�ncia de marketing aqui em S�o Paulo que trabalha com evento, publicidade, com futebol, com atletas, ent�o ela � um pouco 360 e tinha muita gente boa na equipe que poderia levar pra l�".
No Valladolid, Ronaldo tamb�m assumiu um passivo grande, mas numa escala bem diferente ao do Cruzeiro, em torno de R$ 1 bilh�o. A d�vida era de 25 milh�es de euros, pouco inferior ao investimento proposto de 30 milh�es.
"L� na Europa se chama SAD (Sociedade An�nima Desportiva). Eu fiz uma oferta pra ele (dono do Valladolid), ele parece que gostou muito. J� era um clube-empresa, apesar de ser uma gest�o familiar. Estava muito atrasado, estava precisando de um impulsionamento. Comprei por 30 milh�es de euros, com 25 milh�es em d�vidas e apenas dois jogadores em propriedade, ou seja, n�o tinha patrim�nio nenhum", recordou Ronaldo sobre a compra de setembro de 2018.
Agora, no Cruzeiro, Ronaldo assumiu o compromisso de fazer um investimento de R$ 400 milh�es nos pr�ximos anos. O dinheiro ser� aplicado tanto na montagem do time de futebol quanto no pagamento da d�vida bilion�ria. A associa��o civil do clube manteve participa��o de 10% na sociedade.
Ao adquirir 90% das a��es da SAF celeste, Ronaldo ser� o respons�vel por controlar o destino das receitas de futebol do Cruzeiro: televis�o, premia��o, patroc�nio, publicidade/marketing, produtos licenciados, vendas de direitos econ�micos de jogadores, etc. J� a associa��o civil continuar� detentora dos patrim�nios, como as Tocas da Raposa I e II, o pr�dio onde funcionava a sede administrativa na Rua dos Timbiras e os clubes de lazer do Barro Preto e da Pampulha.
A empresa de Ronaldo que controlar� 90% das a��es da SAF do Cruzeiro ser� respons�vel solid�ria pelas d�vidas da associa��o civil. Com base na Lei Federal nº 14.193, de 6 de agosto de 2021, a obriga��o do clube-empresa � destinar 20% das receitas e 50% dos lucros para diminuir o passivo.
Se em seis anos 60% do d�bito original for liquidado, o prazo para a extin��o dos 40% restantes ser� prolongado por mais quatro anos. Ou seja, em um eventual acordo fechado em 2022, o Cruzeiro SAF teria at� 2032 para "zerar" as pend�ncias do CNPJ antigo.
O Cruzeiro tentar� negociar a d�vida de R$1 bilh�o, de modo que consiga descontos com os credores e um prazo de pagamento acima dos 10 anos previstos na lei.