
A primeira entrevista de Ronaldo Naz�rio depois de assinar carta de inten��o para adquirir 90% das a��es do Cruzeiro Sociedade An�nima do Futebol (Cruzeiro SAF) foi t�o certeira quanto ele era na frente dos goleiros. Ainda que n�o tenha apresentado solu��es para os enormes problemas financeiros do clube, o ex-atacante mostrou querer enfrent�-los sem recuar e n�o fez m�dia com a torcida, que est� na bronca depois que o goleiro F�bio n�o teve o contrato renovado.
“O Cruzeiro � um paciente em estado grave, na UTI, e estamos oferecendo o tratamento necess�rio para que saia o mais r�pido poss�vel dessa condi��o. Que possamos fazer o m�ximo para que o Cruzeiro seja o clube grande que merece ser”, afirmou o agora empres�rio, cujos investimentos podem chegar a R$ 400 milh�es nos pr�ximos anos, segundo a empresa XP, que � intermedi�ria entre ele e o clube.
Al�m da entrevista coletiva, Ronaldo conversou virtualmente com s�cios-torcedores da categoria Diamante, que pagam R$ 1 mil por m�s. E conheceu as instala��es da Toca da Raposa II, os jogadores, a nova comiss�o t�cnica e os funcion�rios do CT azul, devendo permanecer na capital mineira at� amanh�. Deixou claro que conta com a torcida para tirar o clube do buraco em que ele se meteu.
Sa�da de F�bio
F�bio foi e sempre ser� um �dolo para o Cruzeiro e para a torcida cruzeirense. N�s, diante do cen�rio atual, fizemos um esfor�o muito grande para oferecer uma proposta decente a ele, respeitando a hist�ria dele no clube, a trajet�ria, mas, infelizmente, durante a negocia��o, houve negativa por parte dele, o que tamb�m nos pegou de surpresa, mas entendemos que todo o sacrif�cio que dever�amos ter feito foi feito. Temos de virar a p�gina e seguir adiante. Os desafios do clube s�o gigantes. A d�vida que encontramos... e a cada dia que abrimos a gaveta encontramos alguma surpresa negativa. Ainda neste processo de an�lise do clube, a gente est� fazendo o m�ximo para mudar o padr�o, pois o clube, principalmente nos �ltimos tr�s anos, contraiu uma d�vida milion�ria, bilion�ria eu diria. Ent�o, todo o esfor�o que a gente poderia ter feito para manter o F�bio e oferecer a ele um per�odo para ele se despedir da torcida, da casa que foi sua durante muitos anos, foi feito. Uma pena que n�o chegamos a um acordo. Mas precisamos seguir adiante. O Cruzeiro � maior do que qualquer atleta, qualquer nome que voc� possa imaginar, o Cruzeiro tem de ser sempre o protagonista.
Cen�rio tr�gico
Na nossa gest�o, o que entendemos � que o Cruzeiro tem de gastar somente aquilo que arrecada. Infelizmente, o cen�rio hoje � bem complicado, com receitas dos pr�ximos dois anos j� antecipadas, inclusive j� gastas. Encontramos um cen�rio tr�gico no clube, mas precisamos estancar o sangramento. Temos de cuidar. O Cruzeiro � um paciente em estado grave, na UTI, e estamos oferecendo o tratamento necess�rio para que saia o mais r�pido poss�vel dessa condi��o. Que possamos fazer o m�ximo para que o Cruzeiro seja o clube grande que merece ser.

Equipe competitiva
Precisamos sanear o clube, encontrar o equil�brio entre receita e custo. Temos de buscar novas receitas para que o clube tenha funcionamento adequado. Isso n�o significa que n�o estamos pensando em ter uma equipe competitiva. Pelo contr�rio, estamos trabalhando muito para que nosso time seja muito competitivo. O Pedro Martins (diretor-executivo), o Paulo Andr� (respons�vel pela coordena��o do futebol) e o Paulo Pezzolano (treinador) est�o trabalhando para encontrar jogadores que se encaixem na realidade financeira do clube, mas que possam nos ajudar a voltar � Primeira Divis�o, que � nosso principal objetivo. (…) Vamos precisar de um a dois anos para encontrar o equil�brio financeiro. Mas estou muito animado, sou entusiasta de que teremos time competitivo.
Gest�o eficiente
N�s ainda estamos descobrindo o tamanho do buraco que existe no clube. As necessidades v�o aparecer, mas de imediato temos algumas d�vidas que n�o podem ser ignoradas e que cumpriremos com elas. Essas d�vidas, inicialmente, para os anos de 2022 e 2023, totalizam R$ 140 milh�es. N�o que seja esse valor diretamente pago aos clubes, tem um parcelamento, e temos a possibilidade ainda de negociar com os clubes e vamos procurar fazer. N�o existe ainda o planejamento de aporte financeiro. Primeiro, n�s estamos criando um novo padr�o de gest�o. Acho que � o mais importante. A maior ajuda que podemos dar neste momento ao clube � criar esse novo padr�o de gest�o. Um padr�o de gest�o eficiente, sustent�vel. Acho que essa � a principal mensagem que posso deixar ao nosso torcedor. Aqui n�s faremos uma gest�o totalmente eficiente, n�o gastaremos nem um centavo a mais do que arrecadaremos. Logicamente que vou cumprir com os meus compromissos contratuais de acordo com a aquisi��o da SAF. Portanto, quando tiver algum planejamento ou cronograma com rela��o a isso, vamos voltar a falar e deixar isso um pouco mais claro e transparente para voc�s.
Diagn�stico financeiro
Assim que anunciamos a compra da SAF, come�amos a mergulhar no que era o or�amento do ano do clube. A primeira coisa que encontrei foi um or�amento de R$ 90 milh�es, com uma receita de R$ 60 milh�es, que j� est�o gastos. � realmente uma conta que n�o bate, n�o entra na minha cabe�a o funcionamento de um clube assim. N�s j� fizemos um planejamento do que queremos para a �rea esportiva, em termos de direcionamento. Conseguimos, com grande esfor�o, inclusive de muitos atletas, que aceitaram renegociar o contrato. E aqui eu deixo j� um agradecimento especial a esses atletas, que entenderam a situa��o grav�ssima do clube e decidiram permanecer no clube para conseguir o objetivo maior. Hoje, n�s conseguimos baixar o or�amento para R$ 35 milh�es, � quase tr�s vezes menos. Portanto, ainda temos muito trabalho a fazer. Temos muitos cortes a fazer. � um momento de a��es impopulares, mas que s�o extremamente necess�rias para que o clube volte a ser grande, como n�o deveria ter deixado de ser.
Apoio da torcida
O cen�rio � muito pior do que eu imaginava e, at� por isso, � muito importante que todos estejamos na mesma p�gina para entender que a situa��o do clube � muito dif�cil. Mas tenho certeza de que com essa gest�o eficiente, com um novo planejamento de marketing e com o apoio de nossa torcida, vamos conseguir receitas novas e cumprir o pagamento das d�vidas dentro dos prazos. (…) Nosso principal pilar � o torcedor. � para quem vamos fazer todo o sacrif�cio para que o clube volte a ser grande. Queremos que o torcedor volte ao est�dio e fa�a parte dos nossos programas de s�cio. Encontramos o clube com apenas 10 mil s�cios. Acho um n�mero muito pequeno para a grandeza do Cruzeiro. Hoje, estamos chegando a 15 mil s�cios, ainda acho baixo para a grandeza do clube. Mas, naturalmente, nosso torcedor espera uma rea��o nossa.
Possibilidade de desistir do neg�cio
Tecnicamente, sim (sobre chance de volta atr�s), o contrato prev� uma sa�da. Mas est� longe da minha cabe�a, do meu pensamento, desistir do projeto. No momento, estamos realmente no processo de an�lise do clube, entender o tamanho do buraco, da d�vida, entender os credores, enfim, tem muita coisa por entender ainda no clube. Mas o meu desejo � continuar e ficar aqui at� fazer com que o clube volte a ser grande igual era.