
Nova conquista no trabalho de preserva��o do rico acervo que conta a hist�ria da evolu��o das esp�cies em Minas Gerais, o projeto Uberaba Terra dos Dinossauros come�a, neste m�s, a sair da promessa para se tornar realidade. A primeira parcela dos recursos p�blicos de R$ 3 milh�es compartilhados entre a Secretaria de Estado de Ci�ncia, Tecnologia e Ensino Superior de Minas (Sectes) e o Minist�rio da Ci�ncia e da Tecnologia (MCT) chega ainda em fevereiro � Universidade Federal do Tri�ngulo Mineiro (UFTM), respons�vel pela gest�o e execu��o do empreendimento.
Considerada a capital nacional dos dinossauros, Uberaba abriga no Bairro de Peir�polis, distante 25 quil�metros do Centro da cidade polo do Tri�ngulo Mineiro, um complexo cultural e cient�fico que conserva raridades da paleontologia brasileira, entre f�sseis e registros biol�gicos datados do fim do per�odo Cret�ceo, de 80 a 65 milh�es de anos. A preserva��o desses registros e jazigos paleontol�gicos especiais n�o s� no Brasil como na literatura mundial tem sido garantida por institui��es, como o Centro de Pesquisas Paleontol�gicas Llewellyn Ivor Price e o Museu dos Dinossauros.
O novo projeto consiste no fortalecimento e reestrutura��o do complexo j� instalado e na ocupa��o da �rea constru�da pela extinta Rede Nacional de Paleontologia. A libera��o dos recursos pelo MCT depende dos �ltimos procedimentos que definiram a UFTM como a institui��o gestora, informa Vicente Gamarano, subsecret�rio de Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o do estado de Minas Gerais. "O objetivo era buscar integra��o com a comunidade cient�fica, transferindo toda a gest�o do complexo � universidade. O estado cumpriu o papel de vislumbrar Uberaba como grande centro paleontol�gico nacional e permanece atento a novas oportunidades para desenvolver projetos", afirma.
Do conv�nio de R$ 3 milh�es, o minist�rio participa com R$ 1,8 milh�o, e o governo estadual, com R$ 1,2 milh�o. A conclus�o e o redesenho do projeto negociado desde o ano passado refletem, de acordo com Gamarano, um esfor�o de aproxima��o entre a comunidade cient�fica, a Sectes e a Uni�o. Vale destacar que o estado sai beneficiado com um avan�o na prote��o de seu patrim�nio paleontol�gico, pouco depois de ganhar seu primeiro mapa paleontol�gico, que indica toda a riqueza descrita em Minas. O documento cartogr�fico foi elaborado pelo Departamento Nacional da Produ��o Mineral (DNPM) a pedido do Minist�rio P�blico Estadual.
O projeto Uberaba
Terra dos Dinossauros constitui as iniciativas de ocupa��o do pr�dio constru�do para abrigar a extinta Rede Nacional de Paleontologia com exposi��es e um centro cultural em torno do tema, a amplia��o do acervo de f�sseis, a cria��o de um jardim paleobot�nico e a implanta��o do geoparque. A iniciativa � um dos mais audaciosos investimentos no pa�s em integra��o da informa��o cient�fica, gera��o de novos dados e conhecimento de paleontologia, na opini�o de Luiz Carlos Borges Ribeiro, diretor do Centro de Pesquisas Paleontol�gicas Llewellyn Ivor Price e do Museu dos Dinossauros.
"Se n�o houver uma constante gera��o de novos projetos que enfoquem a pesquisa, ensino, divulga��o e preserva��o do patrim�nio paleontol�gico local e regional, teremos um forte retrocesso", afirma Borges Ribeiro. O geoparque refor�a, por sua vez, o chamado Projeto Geoparques do Brasil, do Servi�o Geol�gico do Brasil/CPRM. A ideia � identificar, descrever, criar invent�rios e divulgar geoss�tios, com o objetivo de ampliar a influ�ncia e a visibilidade das atividades relacionadas �s geoci�ncias, particularmente, � paleontologia, explica o ge�logo Carlos Schobbenhaus, coordenador nacional do Projeto Geoparques pela CPRM e presidente da Comiss�o Brasileira de S�tios Geol�gicos e Paleobiol�gicos.
Est�o definidos cinco geoss�tios para a cria��o do geoparque, localizados num raio de 40 a 50 quil�metros do Bairro de Peir�polis. S�o eles: Ponte Alta, Caieira, Peir�polis, que abriga o complexo cultural e cient�fico; Univerdecidade, Uberabense e Serra da Galga. O geoss�tio da Caieira tem um grande destaque em f�sseis do Cret�ceo continental brasileiro, com a descri��o de seis f�sseis �nicos no mundo.
O Univerdecidade � formado por �reas da malha urbana de Uberaba, e o geoss�tio Serra de Galga foi o local onde os cientistas encontraram o f�ssil do Uberabatitan ribeiroi, o maior dinossauro do Brasil e um dos �ltimos animais da esp�cie a viver no planeta.
Incurs�o pela pr�-hist�ria
Uma viagem instigante a Uberaba de 70 milh�es de anos atr�s vai mostrar ao p�blico a diversidade dos ecossistemas, que, hoje, podem ser considerados joias da paleontologia. Essa incurs�o se estender� aos registros das primeiras formas de vida que povoaram outros estados do Brasil. Este ser� o novo desenho das exposi��es que v�o ocupar o pr�dio destinado anteriormente � Rede Nacional de Paleontologia. O paleont�logo Luiz Carlos Borges Ribeiro, diretor do Centro de Pesquisas Llewelling Ivor Price revela que est�o previstas 11 r�plicas em tamanho natural dos animais descritos em Peir�polis e �nicos no mundo.
As reprodu��es fazem parte do projeto Vida Pr�-Hist�rica, que ser� estruturado no sagu�o principal da sede da extinta Rede Nacional de Paleontologia. A primeira r�plica est� pronta e d� vida ao Uberabatitan ribeiroi, dinossauro herb�voro do grupo dos titanossauros. Outra r�plica est� sendo confeccionada para retratar um grande dinossauro carn�voro denominado Abelissauro, tamb�m encontrado no munic�pio. O esqueleto estar� dispon�vel para visita��o at� junho. Borges Ribeiro destaca, ainda, a r�plica de um mam�fero conhecido como Eremotherium laurillardi, representa��o do animal f�ssil mais novo de Uberaba, com idade indefinida entre 10 mil e 50 mil anos.
No projeto da Exposi��o de F�sseis do Brasil, o foco est� em formas de vida que habitaram o pa�s tanto em ambientes continentais quanto marinhos e em eras e per�odos geol�gicos diversos, o que Luiz Carlos chama de "verdadeiro apanhado paleontol�gico do Proterozoico ao Pleistoceno do Brasil". "Vamos mostrar que nem todos os f�sseis foram extintos e dar uma vis�o sist�mica de diversas formas de vida", conta o professor. Para agu�ar a curiosidade, h� dois exemplos da riqueza do projeto: troncos f�sseis de samambaias e con�feras gigantes que viveram h� 300 milh�es de anos nos estados de Tocantins, Maranh�o e Piau�.
Vida de 80 a 65 milh�es de anos atr�s
Os s�tios paleontol�gicos de Peir�polis s�o reconhecidos no mundo por representar uma das mais ricas e diversificadas faunas de vertebrados e invertebrados do fim do per�odo Cret�ceo, datados de 80 a 65 milh�es de anos. Na regi�o foram descritos diversos dinossauros, crocodilomorfos e outros r�pteis, al�m de anf�bios, peixes, moluscos, crust�ceos e vegetais.
Os f�sseis est�o em perfeito estado de conserva��o, retratando junto �s rochas da regi�o os ecossistemas terrestres que antecederam as grandes forma��es ambientais do fim da era Mesozoica, per�odo em que houve a extin��o em massa dos dinossauros e foram dizimados cerca de 70% da vida existente na terra e nos mares.
O que � o projeto?
>>Reestrutura��o do pr�dio da extinta Rede Nacional de Paleontologia, que passar� a abrigar duas exposi��es:
>> Vida Pr�-Hist�rica e F�sseis do Brasil, al�m de laborat�rios de replicagem e prepara��o de f�sseis e reserva t�cnica adequada para acondicionar os mais de 4 mil exemplares f�sseis depositados no Centro Price e Museu dos Dinossauros
>>Amplia��o e revitaliza��o da exposi��o e edifica��es do Museu dos Dinossauros
>>Implanta��o do jardim paleobot�nico
>>Constru��o do parque Cret�ceo em Uberaba
>>Implanta��o do Geoparque Uberaba Terra dos Dinossauros