
Duas s�o as formas cl�ssicas de Osteoporose: a fisiol�gica ou prim�ria e outra, secund�ria, geralmente causada por outras doen�as.
A forma prim�ria da osteoporose classifica-se em:
* Tipo I : de alta reabsor��o �ssea, decorrente de uma atividade osteocl�stica acelerada - a osteoporose p�s menopausa, geralmente apresentada por mulheres mais jovens, a partir dos 50 anos.
* Tipo II : de reabsor��o �ssea normal ou ligeiramente aumentada, associada a uma atividade osteobl�stica diminu�da, com forma��o �ssea diminu�da - a osteoporose senil ou de involu��o, mais frequente nas mulheres mais idosas, a partir dos 70 anos, e tamb�m no homem.
A osteoporose p�s-menopausa ou Tipo I est� associada � insufici�ncia estrog�nica do climat�rio, ou condi��es que induzem precocemente ao hipoestrogenismo (diminui��o de estr�genos). Ocorre em aproximadamente 25% das mulheres caucas�ides, geralmente nas duas primeiras d�cadas ap�s o in�cio da menopausa, sendo que as primeiras altera��es na velocidade de perda de massa �ssea j� se demonstram cerca de tr�s a cinco anos antes do t�rmino do per�odo menstrual. Durante o per�odo de perimenopausa, a perda de massa �ssea pode aumentar em um grupo de mulheres classificadas como perdedoras r�pidas, podendo atingir, por ano, at� 5% do volume �sseo total do organismo.
Esta velocidade de perda ocorre mais no osso trabecular que no cortical, sendo, portanto, seus efeitos mais evidentes na coluna do que nos ossos perif�ricos; tal ocorr�ncia se justifica pelo fato do osso trabecular apresentar um n�mero maior de trab�culas �sseas e superf�cies de reabsor��o, que o cortical. Da� a grande freq��ncia das fraturas vertebrais.
A osteoporose Tipo II, senil ou de involu��o, acomete indistintamente homens e mulheres acima dos 70 anos, em ambos os tipos de ossos, trabecular e cortical. Em decorr�ncia deste fato podem ocorrer fraturas, n�o apenas na coluna vertebral, como tamb�m na pelve, ossos longos, costelas, quadril e punho.
A partir de mar�o de 1999, RIGGS et al., em uma publica��o cient�fica, passaram a propor em n�o mais se utilizar a sinon�mia osteoporose tipo I e tipo II, substituindo-as por um conceito unit�rio de osteoporose prim�ria.
� mais sensato considerar que os indiv�duos, em determinadas fases da vida, apresentam maior atividade osteocl�stica ou menor atividade osteobl�stica, o que explicaria o conceito unit�rio de osteoporose.
A forma secund�ria est� associada a uma grande variedade de condi��es m�rbidas prim�rias, que acarretam, em sua evolu��o, dist�rbios na absor��o intestinal de c�lcio, diminui��o precoce nos n�veis de estrogeno (hipoestrogenismo), perda de massa muscular, diminui��o da atividade do sistema enzim�tico citocromo P450, baixa absor��o e metaboliza��o da vitamina D.
S�o causas de osteoporose secund�ria as enfermidades do sistema end�crino (tireoidopatias, hipogonadismo, hipopituitarismo, s�ndrome de Cushing, diabetes, hiperparatireoidismo), o c�ncer (met�stases, mieloma m�ltiplo), as doen�as inflamat�rias cr�nicas intestinais, as cirurgias g�stricas e do sistema digestivo, o sedentarismo, a ingest�o de alguns medicamentos (heparina, corticoster�ides, retin�ides, extratos tireoideanos, l�tio, c�dmio, metotrexate, hidantoinatos e gardenal), as doen�as renais cr�nicas, as doen�as difusas do tecido conectivo, a s�ndrome de m� absor��o e a baixa ingest�o de c�lcio.
Em qualquer dessas formas, a osteoporose cursa assintom�tica por longos per�odos. As primeiras manifesta��es cl�nicas ocorrem quando j� houve perda de 30% a 40% da massa �ssea.
Com o aumento da expectativa de vida, o n�mero de idosos vem aumentando em todas as regi�es geogr�ficas e, com isso, tamb�m a preval�ncia da osteoporose. Esta, por sua vez, em fun��o, principalmente das fraturas de f�mur e v�rtebra, diminui criticamente a qualidade de vida, principalmente na mulher, na terceira idade.
De todos os tipos de fraturas, as mais facilmente identificadas e avaliadas em estudos epidemiol�gicos s�o as do f�mur.
Verifica-se que o n�mero de fraturas de v�rtebras e do f�mur evolui exponencialmente com a idade, j� que o envelhecimento traz uma s�rie de condi��es favorecedoras para um n�mero maior de quedas.
Entre as mulheres estudadas na popula��o norte-americana ap�s a menopausa, o risco de queda anual cresce de um para cinco, na faixa dos 60 aos 64 anos. O aumento de fraturas com a idade deve estar diretamente associado �s altera��es de qualidade da arquitetura e do trabeculado �sseo, levando � diminui��o da resist�ncia �ssea. Essa ocorre em ambos os sexos, sendo, contudo, mais grave no feminino.
Em 1990 foi estimado um n�mero de 323 milh�es de indiv�duos acima de 65 anos, projetando-se para o ano de 2050 um aumento para 1271 milh�es de idosos. Presume-se que o contingente de mulheres caucas�ides, perdedoras r�pidas de massa �ssea (de 2 a 4% ao ano) e, portanto, suscept�veis de serem acometidas por osteoporose, atinja a cifra de 25 a 30% na faixa dos 40 aos 50 anos. Estima-se que aos 60 anos, uma em cada quatro mulheres sofra de osteoporose e, aos 75 anos , duas em tr�s.
No homem, a perda de massa �ssea � mais lenta que na mulher, sendo que a osteoporose prim�ria manifestar-se-�, via de regra, somente ap�s os 70 anos. Neste grupo, a espolia��o �ssea � gradual, n�o se acelerando, como ocorre com a mulher devido a sua menopausa.
Com o aumento da idade, efetivamente ocorre um aumento na incid�ncia de fraturas em ambos os sexos estando estas ligadas a diminui��o da massa �ssea; entretanto, nem todas as fraturas podem ser atribu�das somente � perda de massa �ssea pela idade.
No idoso, o uso de psicotr�picos, hipotensores e outras drogas podem facilitar a ocorr�ncia de quedas dadas �s altera��es induzidas nas fun��es cognitivas, o que dificulta o equil�brio e a marcha, sobretudo � noite.
Procure viver de uma maneira saud�vel e segura. Desfrute a vida.
Jo�o Francisco Marques Neto (Reumatologista)
Prof. Titular de Reumatologia da FCM/UNICAMP
Consultor do Minist�rio da Sa�de
Presidente-eleito da Sociedade Brasileira de Osteoporose (SOBRAO)