(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas

Medicamento d� esperan�a no combate � mal�ria

Pesquisadores testam droga no Senegal e conseguem reduzir em 75% a popula��o de mosquitos infectados pelo Plasmodium. Pr�ximo passo ser� examinar o efeito do rem�dio na diminui��o de contamina��es


postado em 08/07/2011 06:00 / atualizado em 08/07/2011 14:08

Infografia mostra como funciona o ciclo da doença(foto: Arte EM)
Infografia mostra como funciona o ciclo da doen�a (foto: Arte EM)
Todos os anos a mal�ria ou paludismo — doen�a infecciosa causada pelo parasita Plasmodium e transmitida pelo mosquito-prego, do g�nero Anopheles –, causa pelo menos 1 milh�o de mortes, por ano, com 300 milh�es de novos casos, em todo o mundo. Considerado uma doen�a da pobreza – que contamina 50% da popula��o de 109 pa�ses –, o mal permanece praticamente sem merecer aten��o de na��es ricas e solu��es globais efetivas que barrem a epidemia. Com picos de infec��o em massa sobretudo nas esta��es chuvosas, quando o mosquito se prolifera com mais velocidade, a doen�a atinge com maior agressividade crian�as menores de 5 anos e mulheres gr�vidas – principalmente em pa�ses africanos, asi�ticos e latino-americanos.

Uma boa not�cia, por�m, deve ser divulgada, em meio a panorama t�o dram�tico, e soa como um sinal de alerta sobre a real possibilidade de se conseguir, finalmente, reduzir os �ndices de morbidade e de mortalidade da mal�ria. Uma pesquisa da Universidade de Colorado, nos Estados Unidos, e do Departamento de Sa�de P�blica do Senegal, na �frica, publicada na edi��o de hoje do Jornal Americano de Medicina Tropical e Higiene, mostrou que o uso de uma subst�ncia conhecida como ivermectina consegue diminuir a popula��o de mosquitos infectados em 75% (veja arte). A novidade pode ser uma importante arma na preven��o da segunda doen�a mais frequente em todo o mundo, perde apenas para a Aids.

An�lise de insetos A ivermectina � uma subst�ncia bastante barata, comumente usada no tratamento de �caros e carrapatos em seres humanos e animais. Durante o estudo, todos os habitantes de tr�s vilas do Senegal ingeriram comprimidos com a subst�ncia, que tamb�m � utilizado para tratar verminoses. Durante a administra��o do produto foram recolhidos exemplares do mosquito Anopheles na regi�o. Ap�s tr�s dias, os especialistas voltaram � regi�o e coletaram novos exemplares do mosquito. Ap�s an�lises em laborat�rios os pesquisadores compararam a quantidade de insetos contaminados pelo pat�geno — e que, portanto, transmitiriam a doen�a a pessoas saud�veis — com a de mosquitos que n�o carregavam o Plasmodioum.

 Como se tratava do per�odo de in�cio das chuvas, era esperado que a popula��o de mosquitos infectados tivesse crescido 246%. No entanto, para surpresa de todos, a quantidade desses insetos caiu 75%. “O efeito n�o �, necessariamente, que h� menos mosquitos picando as pessoas, porque novas linhagens dos mosquitos est�o surgindo todos os dias”, explicou ao Estado de Minas o pesquisador americano Brian Foy. “O que acontece � que h� uma mudan�a na estrutura et�ria dos mosquitos, em que os mais jovens passam a predominar”, relata o americano.

A explica��o para o fen�meno � simples. “Ao ingerir sangue com ivermectina, o mosquito tem um ciclo de vida menor e n�o consegue transmitir a doen�a”, conta Foy. Os pesquisadores tamb�m acreditam na possibilidade de que uma dose subletal, ou seja, que n�o mate o mosquito, j� seria eficiente. “Essa dose romperia a fisiologia do mosquito, prevenindo ou retardando o tempo que leva para o parasita se desenvolver nele”, conta o pesquisador.

Cautela e preven��o

O entomologista e pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro, Ricardo Louren�o, adverte que, embora os resultados da pesquisa sejam animadores, � preciso ter cautela em rela��o a uma poss�vel aplica��o do mesmo m�todo de preven��o no Brasil, onde a mal�ria faz 300 mil v�timas por ano, especialmente na Regi�o Amaz�nica. “A pesquisa mostrou resultados em uma esp�cie de Anopheles extremamente antropof�lico, ou seja, que vive dentro das casas das pessoas e que se alimenta quase exclusivamente de sangue humano”, explica o cientista. “No caso do Anopheles brasileiro, ele � de uma esp�cie que, embora entre nas casas e se alimente de sangue humano, n�o � t�o antropof�lico”, acrescenta.

Para ele, no entanto, o estudo pode trazer uma nova perspectiva para o controle da mal�ria. “O caminho para conseguir eliminar o problema � aliar o tratamento da doen�a, que diminui a chance de cont�gio, com a elimina��o do vetor, no caso, o mosquito do g�nero Anopheles”, acredita o entomologista. “Essa nova abordagem poderia formar uma sinergia com as outras formas de controle da doen�a, atuando de maneira coordenada e potencializando os resultados”, completa o pesquisador.

O pr�ximo passo dos pesquisadores � replicar os estudos em escalas maiores. “Todos os dados de que dispomos sugerem que todas as esp�cies do g�nero Anopheles s�o igualmente sens�veis � ivermectina, n�o importa sua esp�cie e de que parte do mundo se originam”, explica Brian Foy, que inclui a esp�cie brasileira Anopheles darlingi. “No entanto, como � necess�rio que os pacientes tomem o medicamento com ivermectina pelo menos uma vez por m�s, sabemos que essa � uma estrat�gia mais eficaz durante os per�odos de chuva, quando as popula��es do inseto aumentam”, conta.

Nessa nova etapa da pesquisa ser� poss�vel mensurar o efeito da diminui��o dos mosquitos contaminados e do surgimento de novos casos da doen�a. “Uma das dificuldades de se avaliar o impacto da subst�ncia sobre os novos casos de mal�ria � que, na maioria das vezes, os casos recentes se confundem com os antigos e reca�das”, observa Brian. “Vamos propor um ensaio cl�nico em que a ivermectina � administrada repetidamente ao longo da temporada de chuvas para podermos avaliar se a incid�ncia da doen�a ser� reduzida na mesma propor��o”, completa.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)