Muito mais do que uma manifesta��o de felicidade, o riso e suas varia��es emanam conforto, revelam-se uma verdadeira terapia para o corpo e a alma. Aplicado com fins terap�uticos, ou n�o, desperta um bem-estar quase indescrit�vel tanto em quem d� quanto em quem o recebe. A neurocientista S�lvia Helena Cardoso explica que o riso � fundamental e natural da esp�cie humana. “Nascemos com aparato f�sico e mental necess�rios para sorrir. Cognitivamente, n�o somos capazes de entender o que nos leva a dar sorrisos em nossos primeiros meses de vida, mas os mecanismos neurol�gicos e musculares est�o prontos para nossas risadas e gargalhadas. O riso � inato”, garante.
Nele, acrescenta S�lvia, tamb�m est�o impl�citas nuances das ra�zes sociais do homem, j� que, evolutivamente falando, a humanidade desenvolveu sinais que auxiliam a comunica��o. “Rimos para externar sensa��es agrad�veis e aprendemos que o riso tamb�m ameniza situa��es adversas, sinaliza o desejo de paz. Ele pode ser uma mensagem clara de disposi��o para o di�logo ou para a reconcilia��o”, diz. M�dicos, cientistas e psic�logos s�o un�nimes: o riso � �timo para a sa�de, pois � capaz de atenuar o estresse, liberar subst�ncias ben�ficas para todas as c�lulas do organismo.
Para a neurocientista, o riso saud�vel e verdadeiro est� ligado a atitudes e sentimentos positivos. Ela pondera que os mais s�rios n�o s�o, necessariamente, infelizes e depressivos. Quem nutre pensamentos negativos, no entanto, costuma ser mais vulner�vel a doen�as f�sicas e emocionais. “O riso, de certa forma, tem poder preventivo. � essencial para transformarmos tristeza em alegria. Rir � contagioso, est� cientificamente comprovado”.
De acordo com o cl�nico geral Eduardo Lambert, homeopata e autor do livro A terapia do riso: a cura pela alegria (Pensamento), o sorriso e a risada s�o t�o importantes ao ser humano que a terapia do riso vem sendo administrada em hospitais como um tratamento complementar, possibilitando uma redu��o de cerca de 30% no tempo de interna��o de pacientes. “O riso estimula a contra��o de 28 m�sculos faciais, ativa no c�rebro a produ��o de endorfina e serotonina (subst�ncias antidepressivas que d�o a sensa��o de relaxamento e bem-estar). S�o os horm�nios da felicidade”, assegura.
Uma boa risada promove uma esp�cie de tremor que se propaga para o abdome. Tal vibra��o atinge o corpo como uma onda de al�vio. “O bem-estar f�sico � evidente. Todos os �rg�os s�o beneficiados com a qu�mica do sorriso. Isso nos protege de males f�sicos e psicol�gicos”, afirma. Quanto aos tipos de riso, Lambert sustenta que existem tantos quanto s�o as varia��es de personalidade.
Eles v�o desde o sorriso ao riso aberto, do riso quebra-gelo ao riso amarelo, at� a gargalhada. “A diferen�a principal est� na intensidade. Quanto mais intenso, maior a s�ntese de endorfina, maior o relaxamento dos m�sculos e vasos e melhor ser� a prote��o contra infartos e derrames cerebrais”, avalia.
Mas, afinal, o que � contagioso, a risada ou a felicidade impl�cita nela? O psic�logo Esdras Guerreiro Vasconcellos, professor de p�s-gradua��o em psicologia cl�nica da Universidade de S�o Paulo (USP), esclarece. “O riso verdadeiro sempre tem uma centelha de felicidade, ainda que seja uma manifesta��o curta e que as pessoas n�o estejam conscientes dessa alegria. A gargalhada � o riso maximizado e produz ainda mais benef�cios. Ela mexe com corpo e alma”, resume.
Ranking do humor O psic�logo defende que o riso tem efeito imunol�gico e lembra um registro da literatura m�dica. Um paciente norte-americano diagnosticado com c�ncer avan�ado e sem perspectivas de vida resolveu gastar seus �ltimos meses de vida assistindo a filmes c�micos. “Ao final desse per�odo, os m�dicos verificaram que a doen�a tinha recuado. N�o nos restam d�vidas: riso e a terapia do riso complementam tratamentos alop�ticos”, garante.
Vasconcellos acrescenta que alguns povos s�o mais predispostos ao sorriso. O brasileiro est� bem colocado no ranking sorridente. “Estudos sugerem que a popula��o dos pa�ses de clima tropical ri mais. Somos um povo bem servido nesse aspecto. A intera��o dos benef�cios ps�quicos e biol�gicos de risadas e gargalhadas vem sendo cada dia mais pesquisada pela ci�ncia”, salienta. Mas � o calor humano que muda a realidade de quem est� convalescendo em um hospital.
Os momentos tristes da pequena Daniele Lima Fonseca, de 5 anos, receberam alta assim que uma equipe de m�dicas integrantes do grupo Doutoras M�sica e Riso, criado em Bras�lia (DF), entraram no quarto em que ela est� internada h� 60 dias. “O sorriso da minha neta faz a gente esquecer a tristeza de ver uma crian�a t�o cheia de vida doente. Ele traz a esperan�a de que tudo vai ficar bem, de que a doen�a ser� superada”, diz Eva Ventura Fonseca, de 54, que tamb�m n�o escondeu as risadas diante das palha�adas direcionadas a Daniele.
Para a vice-presidente da Sociedade Mineira de Pediatria, Raquel Pitchon, que tamb�m � coordenadora cient�fica do setor de pediatria do Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, o riso � considerado pela �rea m�dica infantil parte do tratamento de um paciente. "A hospitaliza��o de crian�as e adolescentes tem impactos negativos, como o estresse, a depress�o e outras quest�es emocionais. Tudo aquilo que � lazer e mexe com o lado l�dico desses enfermos � ben�fico para eles", diz, lembrando que em Minas, as brinquedotecas s�o obrigat�rias na rede hospitalar p�blica como forma de ajudar a melhorar o quadro dos pacientes. "J� foi comprovado o bem que essa humaniza��o faz ao tratamento. O riso favorece a recupera��o e, quanto mais houver a��es desse tipo, mais conseguiremos diminuir a ansiedade, o estresse e outros sentimentos gerados pelas doen�as e pela hospitaliza��o", aposta.
A trupe Doutoras M�sica e Riso, a exemplo do grupo Doutores da Alegria, que deu in�cio a esse tipo de projeto no pa�s, na d�cada de 1990, s� consegue levar alegria aos hospitais porque tem patroc�nio da Petrobras. “Subvertemos a ordem e a realidade de um ambiente que geralmente � s�rio, frio e triste. Nem sempre podemos ganhar uma gargalhada esfuziante do paciente, mas um olhar mais alegre j� demonstra que nosso objetivo foi alcan�ado”, relata a atriz e palha�a Ant�nia Vilarinho, de 49 anos, coordenadora do grupo. O projeto mant�m parceria com Le rire m�decin, grupo franc�s que re�ne palha�os profissionais que atuam em 14 hospitais da Fran�a e cuja miss�o � devolver �s crian�as doentes a capacidade de sorrir e brincar. (Colaborou Luciane Evans)
Nele, acrescenta S�lvia, tamb�m est�o impl�citas nuances das ra�zes sociais do homem, j� que, evolutivamente falando, a humanidade desenvolveu sinais que auxiliam a comunica��o. “Rimos para externar sensa��es agrad�veis e aprendemos que o riso tamb�m ameniza situa��es adversas, sinaliza o desejo de paz. Ele pode ser uma mensagem clara de disposi��o para o di�logo ou para a reconcilia��o”, diz. M�dicos, cientistas e psic�logos s�o un�nimes: o riso � �timo para a sa�de, pois � capaz de atenuar o estresse, liberar subst�ncias ben�ficas para todas as c�lulas do organismo.
Para a neurocientista, o riso saud�vel e verdadeiro est� ligado a atitudes e sentimentos positivos. Ela pondera que os mais s�rios n�o s�o, necessariamente, infelizes e depressivos. Quem nutre pensamentos negativos, no entanto, costuma ser mais vulner�vel a doen�as f�sicas e emocionais. “O riso, de certa forma, tem poder preventivo. � essencial para transformarmos tristeza em alegria. Rir � contagioso, est� cientificamente comprovado”.
De acordo com o cl�nico geral Eduardo Lambert, homeopata e autor do livro A terapia do riso: a cura pela alegria (Pensamento), o sorriso e a risada s�o t�o importantes ao ser humano que a terapia do riso vem sendo administrada em hospitais como um tratamento complementar, possibilitando uma redu��o de cerca de 30% no tempo de interna��o de pacientes. “O riso estimula a contra��o de 28 m�sculos faciais, ativa no c�rebro a produ��o de endorfina e serotonina (subst�ncias antidepressivas que d�o a sensa��o de relaxamento e bem-estar). S�o os horm�nios da felicidade”, assegura.
Uma boa risada promove uma esp�cie de tremor que se propaga para o abdome. Tal vibra��o atinge o corpo como uma onda de al�vio. “O bem-estar f�sico � evidente. Todos os �rg�os s�o beneficiados com a qu�mica do sorriso. Isso nos protege de males f�sicos e psicol�gicos”, afirma. Quanto aos tipos de riso, Lambert sustenta que existem tantos quanto s�o as varia��es de personalidade.
Eles v�o desde o sorriso ao riso aberto, do riso quebra-gelo ao riso amarelo, at� a gargalhada. “A diferen�a principal est� na intensidade. Quanto mais intenso, maior a s�ntese de endorfina, maior o relaxamento dos m�sculos e vasos e melhor ser� a prote��o contra infartos e derrames cerebrais”, avalia.
Mas, afinal, o que � contagioso, a risada ou a felicidade impl�cita nela? O psic�logo Esdras Guerreiro Vasconcellos, professor de p�s-gradua��o em psicologia cl�nica da Universidade de S�o Paulo (USP), esclarece. “O riso verdadeiro sempre tem uma centelha de felicidade, ainda que seja uma manifesta��o curta e que as pessoas n�o estejam conscientes dessa alegria. A gargalhada � o riso maximizado e produz ainda mais benef�cios. Ela mexe com corpo e alma”, resume.
Ranking do humor O psic�logo defende que o riso tem efeito imunol�gico e lembra um registro da literatura m�dica. Um paciente norte-americano diagnosticado com c�ncer avan�ado e sem perspectivas de vida resolveu gastar seus �ltimos meses de vida assistindo a filmes c�micos. “Ao final desse per�odo, os m�dicos verificaram que a doen�a tinha recuado. N�o nos restam d�vidas: riso e a terapia do riso complementam tratamentos alop�ticos”, garante.
Vasconcellos acrescenta que alguns povos s�o mais predispostos ao sorriso. O brasileiro est� bem colocado no ranking sorridente. “Estudos sugerem que a popula��o dos pa�ses de clima tropical ri mais. Somos um povo bem servido nesse aspecto. A intera��o dos benef�cios ps�quicos e biol�gicos de risadas e gargalhadas vem sendo cada dia mais pesquisada pela ci�ncia”, salienta. Mas � o calor humano que muda a realidade de quem est� convalescendo em um hospital.
Os momentos tristes da pequena Daniele Lima Fonseca, de 5 anos, receberam alta assim que uma equipe de m�dicas integrantes do grupo Doutoras M�sica e Riso, criado em Bras�lia (DF), entraram no quarto em que ela est� internada h� 60 dias. “O sorriso da minha neta faz a gente esquecer a tristeza de ver uma crian�a t�o cheia de vida doente. Ele traz a esperan�a de que tudo vai ficar bem, de que a doen�a ser� superada”, diz Eva Ventura Fonseca, de 54, que tamb�m n�o escondeu as risadas diante das palha�adas direcionadas a Daniele.
Para a vice-presidente da Sociedade Mineira de Pediatria, Raquel Pitchon, que tamb�m � coordenadora cient�fica do setor de pediatria do Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, o riso � considerado pela �rea m�dica infantil parte do tratamento de um paciente. "A hospitaliza��o de crian�as e adolescentes tem impactos negativos, como o estresse, a depress�o e outras quest�es emocionais. Tudo aquilo que � lazer e mexe com o lado l�dico desses enfermos � ben�fico para eles", diz, lembrando que em Minas, as brinquedotecas s�o obrigat�rias na rede hospitalar p�blica como forma de ajudar a melhorar o quadro dos pacientes. "J� foi comprovado o bem que essa humaniza��o faz ao tratamento. O riso favorece a recupera��o e, quanto mais houver a��es desse tipo, mais conseguiremos diminuir a ansiedade, o estresse e outros sentimentos gerados pelas doen�as e pela hospitaliza��o", aposta.
A trupe Doutoras M�sica e Riso, a exemplo do grupo Doutores da Alegria, que deu in�cio a esse tipo de projeto no pa�s, na d�cada de 1990, s� consegue levar alegria aos hospitais porque tem patroc�nio da Petrobras. “Subvertemos a ordem e a realidade de um ambiente que geralmente � s�rio, frio e triste. Nem sempre podemos ganhar uma gargalhada esfuziante do paciente, mas um olhar mais alegre j� demonstra que nosso objetivo foi alcan�ado”, relata a atriz e palha�a Ant�nia Vilarinho, de 49 anos, coordenadora do grupo. O projeto mant�m parceria com Le rire m�decin, grupo franc�s que re�ne palha�os profissionais que atuam em 14 hospitais da Fran�a e cuja miss�o � devolver �s crian�as doentes a capacidade de sorrir e brincar. (Colaborou Luciane Evans)