
De acordo com o oftalmologista Luiz Fernando Rabelo, h� tr�s fatores que podem causar coceira nos olhos: ambientais, patol�gicos e medicamentosos. No primeiro caso, o problema aparece quando a temperatura est� extrema – quanto mais quente e seco, maior ser� a quantidade de poeira circulando na atmosfera. O mesmo ocorre com a umidade, que aumenta a prolifera��o de mofo. As causas patolol�gicas t�m rela��o com as rea��es das pessoas diante das mudan�as clim�ticas, que podem desencadear rinites, bronquites e sinusites, entre outras alergias. Os problemas originados por medicamentos s�o provocados por eventuais efeitos colaterais. “Embora todas sejam conjuntivites al�rgicas, o diagn�stico deve ser realizado em consulta e vai levar em conta o hist�rico do paciente”, explica o m�dico.
Instalada a alergia, sintomas como lacrimejamento excessivo, vermelhid�o, irrita��o, sensa��o de areia, incha�o das p�lpebras, ard�ncia e queima��o mostram que h� algo de errado com os olhos. O m�dico afirma que, por mais que pare�a inevit�vel, jamais se deve levar os dedos aos olhos. O melhor a fazer � lavar com �gua limpa e procurar um especialista. “Co�ar � pior, porque a m�o � suja e leva bact�rias para os olhos, desenvolvendo a conjuntivite bacteriana ou mesmo podendo machuc�-los”, ressalta.
Poeira, mofo e umidade demais s�o determinantes para que o desconforto da estudante Raquel Teixeira, de 21 anos, comece. Por sofrer de rinite al�rgica, qualquer um desses fatores contribui para que a jovem espirre, pisque em excesso, fique com o nariz congestionado e os olhos cocem sem parar. “� irritante. Fico incomodada nessas fases”, diz. O problema de Raquel a impede de usar algumas maquiagens e, em tempos de crise, ela acorda com os olhos inchados. “Eu co�o � noite sem ver e, de manh�, estou com eles inchados e vermelhos”, conta.
Para evitar o problema, Raquel mant�m a casa, e principalmente o quarto, sempre livres de poeira, utilizando produtos antimofo e trocando as roupas de cama com frequ�ncia. “Tamb�m lavo os olhos com soro fisiol�gico e fa�o compressa com �gua gelada. Alivia bastante”, descreve. A estudante sempre usa um col�rio lubrificante.
Complica��o
O oftalmologista Hilton Medeiros conta que a alergia e a coceira facilitam o desenvolvimento do ceratocone, doen�a caracterizada por um afinamento progressivo da c�rnea. Originalmente de formato c�ncavo, quando doente a c�rnea fica cada vez mais fina, mole e vai tomando a forma de um cone. “Isso compromete a vis�o, e o tratamento, �s vezes, pode ser complicado”, salienta.
O ceratocone � classificado em est�gios moderado ou severo e se manifesta por miopia e astigmatismo. Por isso, � comum que muitas pessoas tenham o mal sem saber. Quando a doen�a evolui, contudo, o paciente pode at� perder a vis�o, que s� ir� ser recobrada com a utiliza��o de lentes de contato, cirurgias e �culos. “Por isso, a insist�ncia para n�o co�ar os olhos. H� muito tempo os especialistas j� relacionam o surgimento do ceratocone a pacientes al�rgicos, pois esses t�m hist�rico de co�ar os olhos demais”, justifica.
Segundo o m�dico, a press�o que o dedo faz nos olhos muda a estrutura da c�rnea e da fibra ocular, deixando-a mais el�stica, e, com isso, aumenta a press�o. E mesmo se expondo a esse risco, a pessoa que insiste em co�ar os olhos vai apenas faz�-lo ainda mais. O oftalmologista explica que o ato estoura os mast�citos, c�lulas respons�veis pelas rea��es al�rgicas que conduzem os leuc�citos at� a �rea afetada, para criar uma vasodilata��o. Essa ruptura libera vitaminas que aumentam ainda mais a coceira. “� dessa forma que os olhos ficam vermelhos e irritados. O ideal mesmo � n�o co�ar”, salienta.
A securit�ria Akemi Kikuchi, de 31 anos, sabe bem o dano que esse ato aparentemente bobo pode causar. Certo dia, os olhos come�aram a arder e a co�ar e, em pouco tempo, estavam inchados e vermelhos. “N�o sabia o que fazer. Como uso lente, achei que n�o tinha limpado direito”, relata. Akemi foi ao m�dico e descobriu que estava com conjuntivite bacteriana, mas n�o sabe direito o que causou. “Pode ter sido co�ando, ou realmente a lente estava infectada”, especula.
Conforme o especialista Luiz Fernando Rabelo, os casos com coceira extrema podem ocasionar les�es mais s�rias, desde �lcera em escudo — tecido que nasce nos olhos e � tratado com remo��o e corticoides — at� machucados na retina. “Em casos mais graves ainda, pode levar, no futuro, ao descolamento da retina”, destaca.
Al�vio
Quando a coceira se instalar, vale utilizar compressas geladas, lavar com soro fisiol�gico ou col�rios lubrificantes ou antial�rgicos. S�o v�rios no mercado. Eles s�o anti-histam�nicos, que aliviam a coceira e estabilizam a membrana dos mast�citos. S� o m�dico, vale lembrar, pode prescrev�-los.
A conjuntivite
» A alergia sempre acomete os dois olhos. Pode estar mais vis�vel em um que no outro, mas o problema est� em ambos.
» Na forma al�rgica, a coceira � mais comum.
» Secre��es como remela clara ou amarelada s�o mais
recorrentes na vers�o infecciosa.
» Conjuntivite al�rgica n�o � contagiosa. S� a viral.
» A forma viral dura no m�ximo duas semanas. A al�rgica, quando n�o tratada, pode ultrapassar esse per�odo.
» Existem quatro tipos de conjuntivite al�rgica: Sazonal (sensibilidade a fatores externos clim�ticos) Vernal (associada a alergias sist�micas), At�pica (tipo raro, relacionado a asma e dermatites) Papilar gigante (associada ao uso cr�nico de lentes ou traumas)