
Al�m da “mudan�a estrutural”, a massagem funciona a partir de mecanismos biol�gicos semelhantes aos de rem�dios espec�ficos para a dor. O trabalho foi publicado na edi��o de fevereiro da revista especializada Science Translational Medicine. Para chegar a essas conclus�es, Mark Tarnopolsky, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, explica que foram feitas bi�psias para analizar a gen�tica de tecidos musculares coletados do quadr�ceps de 11 homens jovens que haviam feito exerc�cios em uma bicicleta ergom�trica at� a exaust�o muscular. Ambas as pernas foram submetidas aos exames – antes, imediatamente ap�s, 10 minutos depois do exerc�cio e duas horas e meia mais tarde. Apenas uma perna de cada volunt�rio foi massageada. “Nas duas pernas, encontramos altera��es na express�o gen�tica de 592 genes na segunda bi�psia e de 1.309 na �ltima”, explica o cinesiologista.
Ele diz que, na perna massageada, nove genes extras tiveram suas express�es alteradas. “Descobrimos que a massagem ativa a mecanotransdu��o (for�as mec�nicas que influenciam o crescimento e a forma de praticamente todos os tecidos e �rg�os do corpo), o que potencializa a biog�nese mitocondrial”, resume. Tarnopolsky frisa ainda que, durante a pesquisa, ele e sua equipe descobriram tamb�m que a redu��o da dor proporcionada pela massagem pode envolver o mesmo mecanismo de drogas anti-inflamat�rias convencionais. Outra surpresa foi que a massagem, ao contr�rio do que se costuma acreditar, n�o ajudou a diminuir o �cido l�tico dos m�sculos machucados.
Na vida real
Mesmo sem saber dos resultados da pesquisa de Tarnopolsky, Luiz Elo� de Almeida Junior, de 28 anos, sente todos os dias os benef�cios da massagem terap�utica. Com uma carga de seis a 12 aulas por dia, o professor sofre com o quadro negro. “Como escrevo nele o dia inteiro, meu bra�o direito ficou com os m�sculos desgastados”, conta. Al�m do inc�modo, Luiz teve que aprender a lidar com a tendinite e com a s�ndrome do t�nel do carpo, condi��o associada a movimentos repetitivos e caracterizada por dor, altera��es da sensibilidade e/ou formigamentos no punho. Luiz conta que as sess�es de massagem, duas a tr�s vezes por semana, foram a �nica medida capaz de fazer com que as inflama��es dos tend�es desaparecessem. “N�o uso relaxante muscular ou anti-inflamat�rio — nem sinto falta”, defende. “Na massagem, noto os m�sculos cedendo. N�o fa�o ideia da ci�ncia por tr�s disso, s� sei que estou bem melhor.”
O modelo Emerson Rodrigues Alves, de 33, � praticante ass�duo de exerc�cios f�sicos. Aos fins de semana, ele joga bola com os amigos — e conta que, frequentemente, precisa de massagens para atenuar eventuais dores musculares. “Tive algumas les�es nas costas durante os jogos, sem motivos aparentes”, comenta. Ele diz que a t�cnica foi t�o eficaz que nem precisou ir ao m�dico depois. “Voc� vira outra pessoa. Diminui as c�ibras, a circula��o melhora”, enumera. Alessandra Ferreira de Sousa, fisioterapeuta, massagista e especialista em acupuntura, explica que a melhora sentida por Luiz se d� porque a massagem acelera o reparo tecidual de m�sculos e tend�es. “Por isso, v�rios m�dicos a indicam para o tratamento p�s-cirurgia, especialmente para cirurgias pl�sticas”, destaca.
Pacientes que passaram por procedimentos considerados est�ticos, como coloca��o de pr�teses mam�rias ou lipoaspira��o, s�o os que mais procuram a ajuda de massagistas, segundo Alessandra. “A drenagem linf�tica � especificamente boa para esses casos, pois acelera a cicatriza��o e a pessoa pode voltar o mais rapidamente poss�vel para o trabalho.” O procedimento tamb�m abre espa�o para que o corpo passe por uma “limpeza”. Quando o m�sculo � lesionado, acumula toxinas. “A massagem ajuda o organismo a retirar o lixo metab�lico”, detalha. Se o objetivo n�o for apenas melhorar a apar�ncia, ela aconselha que o melhor � procurar um fisioterapeuta especializado em massagem. A precau��o pode evitar que problemas posteriores surjam, como infec��es, tromboses e derrame pleural (ac�mulo de l�quido nas pleuras, membranas que envolvem o pulm�o).
Extensa lista de benef�cios
Mario Paul Cassar, autor do livro Manual de massagem terap�utica – Um guia completo de massoterapia para o estudante e para o terapeuta (Manole, 2001), refor�a que o termo “massagem terap�utica”, embora d� uma impress�o limitada da extens�o da pr�tica, pode, efetivamente, ser aplicado para tratar condi��es espec�ficas de sa�de, como no caso de Luiz. “Um exemplo � a press�o arterial elevada”, completa. “Esse � um efeito direto. Uma vez que � relaxante, a massagem ajuda a reduzir as tens�es e consegue mudar qualquer quadro de press�o alta.”
A lista de melhorias para a sa�de proporcionadas pela massagem terap�utica � extensa. Segundo o fisioterapeuta e pesquisador Mario Paul Cassar, problemas digestivos, como a s�ndrome do c�lon irrit�vel ou um sistema digest�rio fraco, tamb�m podem ser resolvidos com a pr�tica. “Pessoas com espasmos musculares, como a fibromialgia, e cefaleia tensional (tens�o muscular no pesco�o, nos ombros e na cabe�a) tamb�m s�o muito beneficiadas”, enumera Cassar. Uma das “modalidades” muito conhecidas de massagem � a desportiva – que, como o nome sugere, destina-se a les�es p�s-esportes. Willian Costa � especializado na chamada massagem atl�tica para recupera��o desde 1999, e conta que, diferentemente dos procedimentos est�ticos, o objetivo � preparar o corpo para a atividade f�sica. “Ela � mais forte, mais r�pida”, descreve.
Ainda que as massagens trabalhem os sistemas nervoso e circulat�rio, Costa explica que em hip�tese nenhuma deve-se trocar o acompanhamento m�dico pelo procedimento: as duas coisas devem ser complementares. “� importante sempre consultar um m�dico antes de come�ar a sess�o de massagens, pois pode haver contraindica��es”, alerta. Entre as restri��es, ele cita varizes, pele inflamada ou infectada e epilepsia.
Val�ria Figueiredo Vilela, de 35, tamb�m levanta a bandeira pr�-massagem. H� quatro anos, a administradora faz drenagem linf�tica combinada com massagem manual. “Comecei por conta de uma cirurgia que fiz, pela qual retirei um g�nglio linf�tico (pequenas estruturas respons�veis por filtrar a linfa, l�quido constitu�do pelo plasma sangu�neo, prote�nas e por gl�bulos brancos)”, detalha.
Ela conta que a massagem facilita a expuls�o de toxinas pelo corpo. Antes de come�ar o procedimento, Val�ria sofria com o incha�o em excesso, devido � reten��o de l�quido. “Minha enxaqueca tamb�m melhorou muito”, relata. Os benef�cios est�ticos, claro, tamb�m s�o notados pela diminui��o das celulites. Para ela, entretanto, o que importa mesmo � a fun��o preventiva das massagens. “Quando fa�o frequentemente, todas as dores diminuem.”
Al�m da est�tica
Veja alguns efeitos da massagem na sa�de:
» Relaxamento
» Redu��o da atividade simp�tica (o que promove a vasodilata��o)
» Aumento da circula��o local e sist�mica, o que promove o efeito de cura
» Redu��o do espasmo muscular
» Melhora na capacidade de extens�o do tecido conjuntivo
» Equil�brio geral do sistema nervoso aut�nomo
Indica��es
Usada em conjunto com outras abordagens, a massagem pode ser uma aliada em tratamentos diversos. Veja alguns exemplos:
» Para eliminar toxinas e res�duos oriundos de infec��es, inflama��es, espasmos musculares e altera��es similares
» Para problemas circulat�rios — em particular, os que envolvem sistema linf�tico e veias
» Para normaliza��o de zonas reflexivas, quer sejam �reas de dor referida direta (relacionada a uma disfun��o org�nica), quer seja uma mudan�a tecidual indireta
» Em altera��es patol�gicas espec�ficas, para ajudar a aliviar alguns dos sintomas associados ao problema
Fonte: Manual de massagem terap�utica – Um guia completo de massoterapia para
o estudante e para o terapeuta, de Mario Paul Cassar. Editora Manole, 2001