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Estado de Minas

�lcool em excesso faz c�rebro encolher

A partir do consumo de pelo menos cinco doses em um per�odo de duas horas ocorrem efeitos nocivos sobre a cogni��o, diz estudo a ser publicado em maio nos Estados Unidos


postado em 13/03/2012 07:13 / atualizado em 13/03/2012 07:20

Entenda como age o álcool
Entenda como age o �lcool
Os malef�cios do �lcool j� foram t�o amplamente difundidos que poucas pessoas podem dizer que n�o os conhecem. Recentemente, o Departamento de Energia do Laborat�rio de Brookhaven, nos Estados Unidos, descobriu mais um: segundo uma pesquisa que ser� publicada na edi��o de maio do jornal especializado Alcoholism: Clinical and Experimental Research, exagerar na dose pode fazer com que o c�rebro encolha. De acordo com o estudo, indiv�duos com baixas taxas de dopamina D2, que atuam na �rea de “recompensa” do c�rebro, podem estar mais vulner�veis ao v�cio – enquanto que taxas elevadas do neurotransmissor podem proteger o �rg�o contra os efeitos da bebida.


Apesar de o estudo ter sido feito com ratos, os autores acreditam que esse tipo de trabalho ajuda a entender o papel da combina��o gen�tica nas consequ�ncias do uso excessivo de �lcool. Uma vez compreendido o mecanismo, a ideia � que os m�dicos consigam pensar em novos tratamentos e alternativas mais eficientes de preven��o – j� que “esse padr�o de dano cerebral imita um aspecto �nico da patologia observada em humanos”.

Fulton Crews, um dos principais cientistas envolvidos no estudo, explica que cinco bebidas no per�odo de duas horas s�o suficientes para prejudicar o c�rebro. “� preciso uma grande quantidade de danos para que as consequ�ncias sejam notadas, mas, com o tempo e a idade da pessoa, as perdas das c�lulas do �rg�o reduzir�o as habilidades”, acrescentou Crews em entrevista ao Estado de Minas. “Quando a pessoa para de beber, o c�rebro ‘cresce’, mas nunca se recupera totalmente.”

Por estar intimamente ligada � sensa��o de bem-estar, por muito tempo acreditou-se que a taxa de dopamina, quando em baixa concentra��o, facilitaria a predisposi��o ao v�cio. Quem explica � o neurologista do Hospital S�rio-Liban�s Tarso Adoni. De acordo com o m�dico, os resultados da equipe norte-americana ainda s�o iniciais, por isso, “n�o podem ser extrapolados para o homem”. Mesmo assim, estudos dessa natureza podem ser �teis para que os m�dicos tenham pistas do funcionamento do mecanismo que faz com que a suscetibilidade ao v�cio aumente, segundo o especialista.

Desde cedo

Descobrir se um adolescente tem ou n�o uma maior concentra��o desse receptor, por exemplo, pode evitar que ele se torne um adulto alcoolista. “Pode ser que esse indiv�duo nunca deva beber, porque a chance de ele se tornar um dependente � grande demais”, completa Adoni. Isabel Quadros, professora do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp), diz que o grande diferencial do trabalho feito pelos pesquisadores � o fato de ter sido usada resson�ncia magn�tica in vivo – m�todo que permite a determina��o de uma s�rie de caracter�sticas estruturais do c�rebro com o objeto de estudo ainda vivo.

Ela menciona que j� h� outros artigos e estudos sobre a diminui��o de partes do c�rebro por conta do �lcool, mas as dificuldades t�cnicas na interpreta��o dos resultados sempre foram o maior desafio. “Por exemplo, n�o se sabe se o c�rebro dos dependentes j� era menor antes de eles se tornarem dependentes de �lcool. Nesse caso, menor volume cerebral seria um fator de risco para o alcoolismo, e n�o uma consequ�ncia.” No entanto, ela ressalta que os resultados do estudo foram observados em camundongos que n�o tinham o gene para produzir o receptor, ou seja, n�o teriam como apresent�-lo de qualquer maneira.

Em animais normais, sem a defici�ncia, n�o foi encontrada nenhuma altera��o cerebral. “Assim, eu diria que a conclus�o desse trabalho em particular n�o � que o consumo cr�nico de �lcool reduza o tamanho/volume do c�rebro, mas sim que isso foi observado nesta popula��o de animais com altera��o da fun��o de dopamina D2”, diz Isabel. Por ser um �rg�o mut�vel e din�mico, a psicobi�loga explica que o c�rebro responde tanto � exposi��o cr�nica ao �lcool quanto � abstin�ncia por um per�odo de tempo prolongado – o que poderia amenizar alguns dos efeitos. Algumas modifica��es cerebrais, como a altera��o funcional de receptores D2 e a s�ndrome de Korsakoff, por exemplo, s�o irrevers�veis.

Consequ�ncias

Ricardo Torresan, psiquiatra do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da Universidade Estadual Paulista (Unesp), explica que a diminui��o do volume do c�rebro � apenas uma das consequ�ncias do �lcool consumido em excesso. Al�m da altera��o na comunica��o qu�mica do �rg�o (neurotransmiss�o), a bebida reduz a atividade de diversas �reas cerebrais, o que causa mudan�as de comportamento, na aten��o, na parte motora e no julgamento do indiv�duo. Quem consome �lcool em grande quantidade e na maior parte dos dias, segundo Torresan, pode “ter agravos severos e n�o revers�veis, com comprometimento, al�m do c�rebro, em outros �rg�os como f�gado, cora��o e aparelho digestivo”.

De acordo com o neurologista Gabriel de Freitas, ainda n�o se sabe claramente qual mecanismo de a��o causado pelo �lcool no c�rebro � o mais importante. O que se sabe � que a subst�ncia atua em receptores de membrana das c�lulas do �rg�o que regulam os canais de �on, como os canais de c�lcio. “Um dos mecanismos relacionados � intoxica��o pelo �lcool � por meio da a��o nos receptores Gama (sigla em ingl�s para �cido gama aminobut�rico). Parece agir tamb�m nos receptores de glutamato e serotonina.

Coordenador do Departamento de Doen�as Cerebrovasculares da Academia Brasileira de Neurologia, Gabriel de Freitas sustenta que os estudos atuais apresentam resultados controversos quanto � revers�o da atrofia cerebral, mesmo com a interrup��o cont�nua do uso de �lcool. Por isso, a melhor solu��o ainda � optar pelo conselho que j� virou slogan: beba com modera��o. “Organiza��es de sa�de sugerem que o consumo di�rio de �lcool n�o exceda 30 gramas, ou seja, duas doses”, completa o m�dico. “Alguns pacientes t�m revers�o do quadro. O importante � fazer com que aqueles que tiveram complica��es evitem a ingest�o de �lcool para o resto da vida.”

Palavra de especialista
Flavia Cevasco - Radiologista
Est�mulos insuficientes


“A atrofia do c�rebro � apenas uma constata��o que pode ser comprovada pela resson�ncia magn�tica de como o �rg�o � afetado pelo consumo excessivo de �lcool. Vale lembrar que a dopamina � um importante neurotransmissor, produzido por um grupo de c�lulas nervosas chamadas de neur�nios pr�-sin�pticos, que atuam no c�rebro promovendo a sensa��o de prazer e a sensa��o de motiva��o. Em humanos, quando baixa o n�vel de dopamina nos neur�nios p�s-sin�pticos, quer por diminui��o desse neurotransmissor, quer por redu��o do n�mero de receptores D2, os est�mulos naturais n�o se mostram suficientes para gerar sensa��es prazerosas ou de bem-estar. Conclus�o: a pessoa pode apresentar altera��es comportamentais, buscando no consumo de subst�ncias qu�micas (�lcool/drogas) o aumento da libera��o de dopamina. Esse comportamento caracteriza a s�ndrome da defici�ncia da recompensa (SDR) e a pessoa pode se tornar dependente de doses cada vez maiores para se satisfazer.”

 


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