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Estado de Minas

Transatl�ntico parte para viagem hist�rica que o Titanic n�o completou h� um s�culo


postado em 09/04/2012 09:01 / atualizado em 09/04/2012 10:29

Veja a rota que o transatlântico deveria ter feito
Veja a rota que o transatl�ntico deveria ter feito
 

Bras�lia – Quinze de abril de 1912 era mais uma jornada usual de trabalho para o operador de r�dio Harold Thomas Cotton. A bordo do transatl�ntico Carpathia, ele planejava dormir cedo. Nos dois dias anteriores, Cotton havia ficado acordado at� as 2h e as 3h, respectivamente. Antes de ir para a cama, por�m, resolveu checar as �ltimas not�cias – queria informa��es sobre a greve dos carvoeiros em Londres. Algo bem mais impactante que o movimento trabalhista, contudo, chegou aos seus ouvidos. “Venham logo. Nos chocamos com um iceberg. Essa � uma chamada ‘C.Q.D.’, meus velhos.”

Era 0h25 quando Cotton recebeu a mensagem incluindo a sigla que, tempos depois, seria substitu�da por S.O.S. O pedido de socorro fora enviado por Jack Phillips, operador do Titanic. Por isso, parecia inacredit�vel. O maior navio de passageiros at� ent�o constru�do, considerado “inafund�vel”, estava prestes a ser engolido pelo Atl�ntico. A partir da�, Cotton seria testemunha de relatos desesperados, at� que o mar silenciou o Titanic. “Quando n�o ouvi mais sinais, soube que tudo tinha acabado”, relatou � edi��o de 19 de abril daquele ano do jornal The New York Times.

(foto: Clique e conheça mais detalhes sobre a tragédia que marcou época)
(foto: Clique e conhe�a mais detalhes sobre a trag�dia que marcou �poca)

Cem anos depois, a trag�dia que matou mais de 1,5 mil pessoas continua fascinando o p�blico. Ontem, o transatl�ntico Balmoral MS partiu com 1.309 passageiros de Southampton, na Inglaterra, para fazer a viagem hist�rica que o Titanic n�o conseguiu completar. Ser�o 12 dias de roteiro, com direito a palestras sobre o naufr�gio e visita��o � �rea do acidente. Cada passageiro pagou em libras o equivalente a entre R$ 8 mil e R$ 17 mil pelo roteiro.

 

Em Belfast, prov�ncia brit�nica na Irlanda do Norte, um museu do navio com seis andares foi inaugurado em 31 de mar�o, em uma esp�cie de comemora��o que beira o grotesco, com sorridentes modelos vestidas com roupas da �poca, representando as damas que passariam momentos de horror dentro do transatl�ntico de luxo. Em cidades como Las Vegas e Orlando, nos Estados Unidos, e em Singapura, exposi��es com objetos resgatados pela RMS, empresa que det�m os direitos sobre os restos do Titanic, fascinam os visitantes, que podem apreciar chap�us, �nforas e talheres, entre outros artefatos que foram parar a 4 mil metros de profundidade. Uma riqueza arqueol�gica que, agora, est� sob a garantia da Conven��o da Unesco sobre a Prote��o do Patrim�nio Cultural Subaqu�tico.

N�o � dif�cil explicar por que um desastre ocorrido h� um s�culo ainda impressiona um mundo que, no mesmo per�odo, passou por duas guerras mundiais e testemunhou epis�dios sangrentos como o ataque dos Estados Unidos ao Vietn� e o desabamento das Torres G�meas do World Trade Center. O Titanic n�o foi apenas um navio que naufragou. O iceberg com o qual se chocou levou para o fundo do mar o s�mbolo do luxo, da modernidade, da onipot�ncia que o homem acreditava ter naquele momento.

Azar e neglig�ncia
Pesquisador do Departamento de Ci�ncias da Terra da Universidade de Oxford, o cientista e escritor Richard Corfield diz que al�m dos mitos que envolvem a hist�ria h� a pergunta que, 100 anos depois, continua a incomodar: o que afundou o Titanic? “Um iceberg”, brinca. A verdadeira quest�o, segundo ele, �: por que o navio colidiu com o bloco de gelo e, mais, o que teria levado o mais moderno transatl�ntico da �poca para o fundo do oceano? “Para garantir a seguran�a, o Titanic incorporou todas as inova��es tecnol�gicas dispon�veis. O casco era mantido por 3 milh�es de rebites feitos de a�o maci�o, material mais forte do que ferro forjado. O mais poderoso equipamento sem fio, o sistema de transmiss�o de r�dio Marconi, tamb�m estava l�. Nada disso, por�m, evitou o naufr�gio.”

Mary Beth Crocker Dearing e Tom Dearing posam para foto com trajes da época na frente do MS Balmoral. O navio vai levar, entre os tripulantes, descendentes dos mortos da tragédia (foto: AFP PHOTO /TITANIC MEMORIAL CRUISES/SIMON BROOKE)
Mary Beth Crocker Dearing e Tom Dearing posam para foto com trajes da �poca na frente do MS Balmoral. O navio vai levar, entre os tripulantes, descendentes dos mortos da trag�dia (foto: AFP PHOTO /TITANIC MEMORIAL CRUISES/SIMON BROOKE)

Para Corfield, o transatl�ntico foi azarado e uma conjun��o de fatores estaria por tr�s da trag�dia. “Ele afundou completamente menos de tr�s horas depois de ter atingido o iceberg. Essa � a quest�o-chave da hist�ria. Como um navio de 46 mil toneladas afundou t�o rapidamente?”, questiona. A resposta, afirma, est� na constru��o da embarca��o e nos eventos que ocorreram na viagem fat�dica.

Entre os detalhes t�cnicos, o n�mero de botes salva-vidas era menor do que o exigido por lei, al�m de eventos menos divulgados. Antes de o navio zarpar, o segundo oficial, David Blair, abandonou a tripula��o. Com ele, ficou um objeto fundamental: a chave do arm�rio onde estavam os bin�culos mais precisos que seriam usados pelos vigias. O operador Jack Philips n�o repassou o primeiro aviso que havia recebido do navio Mesaba de que havia uma �rea de icebergs na localiza��o de 42° a 41°, 25’ norte; 49° a 50°, 30’ oeste. Antes de sair para o intervalo, ele n�o informou o substituto, Harold Thomas Cotton, sobre isso.

Em 2000, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins analisaram a composi��o dos rebites do navio e descobriram que a composi��o das pe�as n�o era uniforme e, ao contr�rio do que havia sido alardeado, o material n�o era de primeira qualidade. Os da parte da frente e os traseiros eram apenas de ferro e foram inseridos manualmente, quando deveriam ter sido anexados por prensas hidr�ulicas. Economia de custos � a explica��o mais plaus�vel para o fato. O posicionamento das h�lices e do leme, de acordo com Corfield, tamb�m estava fora dos padr�es de excel�ncia.
Merri Mack sobe para o deck da piscina enquanto o Balmoral se move (foto: REUTERS/Chris Helgren)
Merri Mack sobe para o deck da piscina enquanto o Balmoral se move (foto: REUTERS/Chris Helgren)

Li��es aprendidas
Diretor do Instituto Marinho e Mar�timo da Universidade de Southampton e principal expert mundial em ci�ncia de navios, Ajit Shenoi concorda que um s� fator n�o teria levado o Titanic para o fundo do oceano. “Houve problemas com a forma��o da tripula��o, assim como com a comunica��o entre os navios. Em segundo lugar entra a tecnologia, com poucos acess�rios salva-vidas e material de constru��o de qualidade inferior”, diz. Para ele, a trag�dia teve ao menos um lado positivo. “Depois do Titanic, v�rias li��es foram aprendidas. A maior delas diz respeito � oferta de capacidade de salva-vidas em navios de cruzeiro, algo que n�o estava contido nas normas e regulamentos naquele tempo.”


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