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Estado de Minas

�gua � aliada no tratamento de problemas degenerativos, inflamat�rios e traum�ticos

Ao entrar em contato com a �gua, crian�as e adultos com sequelas ou traumas experimentam ganhos psicol�gicos e a agrad�vel sensa��o de flutuar. Na piscina, pacientes retomam fun��es muitas vezes perdidas


postado em 22/04/2012 09:43

Giovana Linhares ensina Aretuza Garibaldi a flutuar, o que ajuda na redução de dores no quadril (foto: Renato Weil/EM/D.A Press. Brasil)
Giovana Linhares ensina Aretuza Garibaldi a flutuar, o que ajuda na redu��o de dores no quadril (foto: Renato Weil/EM/D.A Press. Brasil)

Chegar em casa e tomar uma chuveirada. Pular na piscina em um dia quente. Tomar �gua mineral quando se est� com sede. Certamente, n�o h� quem n�o tenha uma mem�ria afetiva envolvendo a �gua. Sem esse l�quido precioso a vida sequer existiria no planeta. “A vida s� foi poss�vel nesse planeta devido a v�rios fatores. Um deles � ter �gua em estado l�quido”, diz o coordenador geral do projeto Manuelz�o, Marcus Vinicius Polignano. Esse j� seria motivo suficiente para ela ser considerada uma preciosidade, mas, al�m de criar as condi��es para que a vida exista, ela oferece muito mais a n�s.

A Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) estima que 1 bilh�o de pessoas carece de acesso a abastecimento de �gua suficiente. Em outras palavras, uma fonte que possa fornecer 20 litros por pessoa por dia a uma dist�ncia n�o superior a mil metros. � crescente a demanda global de recursos h�dricos para atender as necessidades agr�colas e comerciais da humanidade, bem como � crescente a necessidade de saneamento b�sico.

Como comp�e 70% do organismo humano, ela � fundamental para a realiza��o de diversas fun��es fisiol�gicas. A �gua tamb�m � importante para a agricultura e para a ind�stria. Ela est� presente em tudo no nosso dia a dia: da higieniza��o pessoal e da casa, passando pelo preparo dos alimentos e at� nos m�veis e objetos, l� est� ela. Do nascimento at� os �ltimos momentos da vida, a �gua � essencial para o bem-estar e para a qualidade de vida, seja para a pr�tica esportiva, seja por ela ser essencial para que as pessoas se mantenham hidratadas.

A �gua tem sido usada como aliada por fisioterapeutas para o tratamento de problemas nas articula��es, colunas, quadris, bem como dist�rbios degenerativos, como artroses e h�rnias de disco; inflamat�rios, como artrites e artrites reumatoides; e traum�ticos, como fraturas e entorses.

A artes� Aretuza Garibaldi, de 61 anos, depois de sofrer um acidente automobil�stico que a deixou acamada por tr�s meses, conseguiu dar os primeiros passos dentro da piscina. J� com a fun��o motora recuperada, ela continua com as sess�es de hidroterapia. Maria da Concei��o S� Martins, de 80, tamb�m encontrou al�vio na piscina para as dores de coluna que a atormentavam h� seis meses.

A doula e psic�loga Dafne Paiva Hergo Gon�alves, de 37, resolveu ter a filha ca�ula Laura, de 4, em parto natural. Como nesse caso a mulher n�o pode ser sedada, a �gua foi fundamental para que ela pudesse suportar as dores das contra��es. Na piscina, ela e a filha demonstram total afinidade que, certamente, foi constru�da desde a gesta��o.

Os especialistas, como o preparador f�sico da equipe de nata��o Fiat/Minas, Guilherme Passos Ramos, e o presidente da Federa��o Aqu�tica, Mauro Dinis, falam da import�ncia da hidrata��o para melhorar a performance de atletas em todas as modalidades esportivas. A nadadora da equipe principal do Fiat/Minas Juliana Marangoni Marin, de 28, fala como a atividade aqu�tica foi importante para fazer amizades e conhecer diferentes cidades. A piscina tamb�m funciona para ela como um div�. � debaixo d’�gua que a atleta tem melhor percep��o de si pr�pria. As fun��es da �gua s�o infinitas.

Liberdade de movimentos

A artes� Aretuza Garibaldi, de 61 anos, n�o esquece o dia em que voltou a caminhar. Depois de tr�s meses deitada para se recuperar de um trauma no quadril, os primeiros passos foram dentro da piscina. “As pessoas n�o fazem ideia do que � andar de novo, o que significa ficar em p� e sentir o pr�prio corpo. Quando consegui dar os primeiros passos, tive a sensa��o de que tudo ficaria bem”, diz. Ela mal podia acreditar que a dor desaparecera. As l�grimas foram inevit�veis. Na primeira sess�o, mesmo n�o estando completamente recuperada, algumas das caracter�sticas da �gua foram fundamentais para que ela pudesse ter seguran�a para continuar o tratamento – a flutua��o, que reduz o impacto nas articula��es, j� que dentro d’�gua algumas dores desaparecem.

Embora ainda n�o seja uma especialidade, a fisioterapia aqu�tica ou hidroterapia ganha cada vez mais adeptos. O conjunto de t�cnicas pode ser prescrito como forma de recupera��o para diferentes especialidades m�dicas, como ortopedia, geriatria, reumatologia, neurologia, neuropediatria, entre outras. Por essa raz�o, a hidroterapia � indicada para o tratamento de problemas nas articula��es, coluna, quadril, bem como problemas degenerativos, como artroses, h�rnias de disco; problemas inflamat�rios, como artrites, artrites reumatoides; e problemas traum�ticos, como fraturas e entorses.

Cada vez mais a hidroterapia tem sido procurada por pessoas com sequelas neurol�gicas, tanto adultos como crian�as. Associada � fisioterapia cl�ssica, ela contribui para retomar fun��es perdidas, bem como melhorar a qualidade de vida dos pacientes. “A terapia contribui para que os pacientes ganhem alongamento e for�a muscular. Por meio dela tamb�m trabalhamos o equil�brio”, afirma a fisioterapeuta da Aqu�tica Fisioterapia Michelle Pires. A cl�nica � especializada no atendimento de pacientes que ficaram com sequelas devido a acidentes vasculares cerebrais (AVC), traumatismo cranioencef�lico (TCE), paralisias cerebrais e distrofias musculares.

A �gua contribui para que crian�as e adultos, que devido a sequelas neurol�gicas n�o conseguem sequer ficar sentadas, possam retomar essa fun��o. “O mais interessante � que na piscina os pacientes executam fun��es e posturas que n�o s�o poss�veis de ser realizadas fora d’�gua. O parapl�gico consegue dar os primeiros passos, com algumas adapta��es”, diz.

Por ser um ambiente l�dico, a piscina � favor�vel para o tratamento de crian�as, que fazem os exerc�cios como se estivessem brincando. A temperatura da piscina – em torno de 32 a 34 graus – contribui para melhorar os efeitos fisiol�gicos, bem como para o relaxamento muscular. “Outra caracter�stica da �gua � a analgesia. Ela contribui para reduzir as dores e tamb�m atua sobre a fun��o renal e cardiovascular”, pontua Michelle. Como a press�o da �gua tamb�m altera a press�o arterial de quem entra na piscina, � preciso cuidado redobrado com pessoas que s�o hipertensas e fazem atividades aqu�ticas.

� importante fazer a aferi��o antes, durante e depois de o paciente entrar na piscina. Michelle lembra que qualquer pessoa quando sai da piscina tem pico de press�o. No hipertenso, segundo ela, essa varia��o deve ser acompanhada, para que n�o haja nenhum preju�zo para a sa�de do paciente.

AUTOESTIMA

Os ganhos psicol�gicos advindos com a submers�o tamb�m contribuem no tratamento. “A �gua serve como aux�lio. Esse contato � muito positivo para a autoestima e a parte emocional do paciente”, pontua a fisioterapeuta Andrea Cristina Machado Pereira. As especialistas contam com uma s�rie de ferramentas para auxiliar o trabalho, como flutuadores (boias, coletes cervicais, caneleiras de flutua��o). Em alguns tratamentos � indicado que o paciente flutue. Em outros, � necess�rio dar a ele estabilidade. “A �gua � um meio muito inst�vel. O paciente neurol�gico apresenta d�ficits de equil�brio muito grandes. Temos que dar estabilidade a ele”, exemplifica Andrea.

Entrar na piscina � um momento de al�vio para Maria da Concei��o S� Martins, de 80, que sofre h� seis meses com dor lombar. Depois de ter se submetido a diversos tratamentos, a dor persistia e foi na fisioterapia aqu�tica que ela vem se tratando, com resultados muito positivos. “Aqui dentro da piscina n�o sinto nada. A �gua � um alimento para o corpo. � como se estivesse tomando um rem�dio”, declara Maria da Concei��o. Para a fisioterapeuta Giovana Macedo Linhares, � uma oportunidade que os pacientes t�m de experimentar a liberdade de movimentos, que por diversas raz�es ficaram limitados.


Natural e sem cortes

A intera��o entre Dafne Paiva Hergo Gon�alves, de 37, e a filha Laura, de 4, na piscina demonstra a afinidade constru�da desde a gesta��o e consolidada no momento do parto. A explica��o para essa intimidade pode ser o fato de a menina ter nascido de parto natural. Como doula e integrante da ONG Bem Nascer, Dafne resolveu que gostaria que a menina nascesse dentro d’�gua. Quando as contra��es surgiram, em 9 de mar�o de 2008, ela n�o teve d�vida em dispensar a anestesia.

Para suportar os sinais do corpo literalmente se rearranjando para que o beb� ganhasse o mundo, ela optou pela �gua. “A �gua ajuda a diminuir a sensa��o de dor”, garante. No in�cio das contra��es, a �gua quente do chuveiro aliviou a dor, que � tida como uma das mais intensas, e lhe ajudou a relaxar. Quando j� estava pr�ximo do nascimento, ela e o marido, Pedro Bergo, de 41, foram para a banheira esperar por Laura.

Acompanhada de uma enfermeira, Dafne teve um parto natural dentro d’�gua: sem cortes e sem anestesias. “Estava de c�coras. Quando ela nasceu, meu marido a pegou e colocou no meu colo. S� depois a enfermeira cortou o cord�o umbilical”, lembra. Antes de se definir pelo tipo de parto, Dafne leu muito, buscou informa��es com m�dicos, trocou informa��es com mulheres que tinham passado pela experi�ncia. “Estava muito segura e passei a seguran�a para meu marido”, diz.

Quando a gestante entra na 38ª semana � indicado que ela fa�a escalda-p�s para iniciar a prepara��o do corpo. No N�cleo de Pr�ticas Integrativas e Complementares da Maternidade Sofia Feldman, em Belo Horizonte, as gestantes podem fazer o escalda-p�s com ervas. “Serve para tranquilizar e incentivar o andamento do trabalho de parto”, diz a presidente da ONG Bem Nascer, Cleise Soares. “A �gua � um importante m�todo n�o farmacol�gico para diminuir a dor”, diz.

A entidade defende a import�ncia do parto natural, que vem perdendo espa�o para a cesariana. De acordo com dados do Minist�rio da Sa�de, 52% dos partos realizados no Brasil foram agendados. Em outras palavras, cerca de 1,4 milh�o de crian�as nasceram de ces�rea. Para mostrar a import�ncia do parto natural, a ONG realiza rodas de conversas com gestantes nos parques Municipal e Mangabeiras, na capital mineira.

Michelle Pires diz que a fisioterapia aquática permite que os pacientes melhorem a força muscular e o alongamento (foto: Renato Weil/EM DA Press)
Michelle Pires diz que a fisioterapia aqu�tica permite que os pacientes melhorem a for�a muscular e o alongamento (foto: Renato Weil/EM DA Press)
Sede � pedido de socorro

O ambiente aqu�tico � o segundo h�bitat da nadadora da equipe de nata��o do Fiat/Minas Juliana Marangoni Marin, de 28. Diariamente, ela fica pelo menos quatro horas submersa e brinca que, se n�o tivesse que respirar, poderia ficar muito mais tempo. “Na �gua me percebo mais, tanto f�sica quanto emocionalmente. Debaixo d’�gua a gente n�o ouve nada, o que nos faz pensar sobre o que estamos fazendo e sobre a vida tamb�m.”

Juliana nada h� mais de 20 anos e n�o consegue dissociar as bra�adas na piscina de outros campos da vida. O esporte lhe permitiu conquistar v�rios amigos. Tamb�m foi devido �s competi��es que ela conheceu v�rios lugares no Brasil e tamb�m no exterior. “A piscina � minha vida.”

A rela��o com a �gua n�o se encerra na piscina. Embora passe boa parte do dia no meio l�quido, ela n�o deixa de se hidratar. Costuma tomar at� dois litros de �gua por dia e sabe que a hidrata��o contribui para melhorar a performance como atleta, bem como para sua sa�de. “No ver�o tomo muita �gua. Mas n�o me esque�o da hidrata��o no inverno”, garante.

O preparador f�sico da equipe de nata��o Fiat/Minas, Guilherme Passos Ramos, usa a hidrata��o como aliada para melhorar a performance dos atletas. Segundo ele, quando o atleta tem 2% de desidrata��o j� perde em rendimento. O desempenho esportivo � proporcional ao n�vel de �gua presente no corpo, que por sua vez � fundamental para o metabolismo. Pela import�ncia que o l�quido desempenha em diferentes fun��es no organismo, quando a quantidade � reduzida o corpo emite sinal de alerta: a sede.

Ao transpirar, as pessoas perdem �gua. Isso aumenta a quantidade de �ons no sangue. O suor � hipot�nico em rela��o ao sangue, ou seja, na compara��o, tem mais �gua do que sais minerais (s�dio e pot�ssio). O aumento da osmolalidade (aumento de part�culas) do sangue � identificado pelo sistema nervoso central. “O c�rebro interpreta o est�mulo como falta de hidrata��o. A� temos sede”, informa Guilherme.

Fun��es no organismo humano

» Transporte de nutrientes para as c�lulas e de subst�ncias t�xicas para fora do corpo.

» Excre��o de produtos resultantes do metabolismo. Pelos rins s�o liberadas as subst�ncias estranhas que o corpo n�o necessita.

» Solvente. � o meio onde se d�o todas as rea��es.

» Regula��o da temperatura corporal. Quando o corpo est� excessivamente quente, aumenta ubstancialmente a sudorese a fim de libertar calor por meio da evapora��o. Ao suarmos, a �gua que existe no suor evapora-se � superf�cie da pele, produzindo abaixamento da temperatura corporal. N�o � a transpira��o por si que faz arrefecer o indiv�duo, mas sim a evapora��o da �gua do suor produzido.

» Participa��o em rea��es enzim�ticas. Ela facilita a digest�o, por exemplo.

Fonte: Instituto de Hidrata��o e Sa�de

Melhorar a qualidade � desafio

» A �gua pot�vel limpa, segura e adequada � vital para a sobreviv�ncia de todos os organismos vivos e para o funcionamento dos ecossistemas, comunidades e economias. Mas a qualidade da �gua em todo o mundo � cada vez mais amea�ada. � medida que a popula��o humana cresce, atividades agr�colas e industriais se expandem e as mudan�as clim�ticas amea�am alterar o ciclo hidrol�gico global. (…)

» A cada dia, milh�es de toneladas de esgoto tratado inadequadamente e res�duos agr�colas e industriais s�o despejados nas �guas de todo o mundo. (…) Todos os anos, morrem mais pessoas das consequ�ncias de �gua contaminada do que de todas as formas de viol�ncia, incluindo a guerra. (…) A contamina��o da �gua enfraquece ou destr�i os ecossistemas naturais que sustentam a sa�de humana, a produ��o alimentar e a biodiversidade. (…) A maioria da �gua doce polu�da acaba nos oceanos, prejudicando �reas costeiras e a pesca. (…)

» H� uma necessidade urgente para a comunidade global – setores p�blico e privado – de unir-se para assumir o desafio de proteger e melhorar a qualidade da �gua nos nossos rios, lagos, aqu�feros e torneiras.

* Trecho da Declara��o da “ONU �gua” para o Dia Mundial da �gua 2010


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