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Estado de Minas

Estudo da UFMG inibe rejei��o da medula �ssea transplantada

Experimento desenvolvido na UFMG reduz inflama��es em �rg�o tratado pelo transplante, que surgem no f�gado, no intestino e na pele. Problema ocorre em at� 40% dos pacientes


postado em 27/04/2012 06:40 / atualizado em 27/04/2012 08:41

Quando o dramaturgo renascentista Christopher Marlowe escreveu a frase em latin quod me nutrit me destruit (o que me nutre me destr�i) com certeza n�o imaginava que uma doen�a agiria da mesma forma. Ele se referia aos prazeres e �s motiva��es da vida, mas o corpo humano entende de outro jeito. Ao ser submetido ao transplante de medula �ssea alog�nico*,o organismo tem sua imunidade baixada para n�o rejeitar as novas c�lulas. Mas, ao mesmo tempo, a nova medula n�o reconhece o organismo e passa a atac�-lo, iniciando um processo conhecido como enxerto contra hospedeiro, que resulta em inflama��es no �rg�o a ser tratado pelo transplante. Esse efeito colateral incide em at� 40% dos pacientes, mas gra�as a pesquisadores mineiros pode estar com os dias contados. Eles detectaram um receptor ligado � doen�a, chamado fator de ativa��o plaquet�rio (PAF), e constataram que, sem ele, o dist�rbio n�o se manifesta.

Imunossupressores s�o usados para evitar a doen�a do enxerto (no caso, a medula) contra o hospedeiro (o transplantado), explica o hematologista Phillip Scheinberg. “Essa doen�a surgiu entre a d�cada de 1960 e 1970, com o desenvolvimento dos transplantes. Se eles n�o existissem, jamais surgiria esse mal”, observa o m�dico.

Segundo Scheinberg, a enfermidade se manifesta at� tr�s semanas depois do procedimento e ataca o f�gado, a pele e o trato gastrointestinal. A vers�o cr�nica n�o tem cura, embora tenha controle.

Pensando em uma forma de acabar com o dist�rbio, a professora Vanessa Pinho, do Laborat�rio de Imunofarmacologia do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), bloqueou a a��o do PAF por estrat�gia gen�tica (usando animais deficientes no receptor da mol�cula) ou farmacol�gica (usando uma droga que se liga ao receptor impedindo sua a��o no organismo).

Segundo Vanessa, a enfermidade foi induzida pela transfer�ncia de medulas em camundongos geneticamente incompat�veis. Nesses ratos, houve o desenvolvimento de les�es caracter�sticas da doen�a especialmente no f�gado e no intestino, resultando na morte dos animais nos est�gios mais avan�ados da doen�a. “Nos animais que tiveram o PAF inibido e nos camundongos tratados com o antagonista do mesmo receptor – droga que bloqueia a fun��o do receptor do PAF –, houve uma importante redu��o da les�o dos �rg�os afetados e da mortalidade dos animais”, descreve.

“Pela primeira vez, um receptor para uma importante mol�cula inflamat�ria apresenta um papel crucial na patog�nese da doen�a do enxerto contra hospedeiro, que � a principal complica��o depois de transplantes de medula �ssea”, destaca Vanessa. “De forma importante, o tratamento utilizado em nosso trabalho mant�m o efeito do transplante contra as c�lulas tumorais, um efeito desejado para elimina��o total da doen�a preexistente”, justifica.

A pesquisadora destaca tamb�m a amplitude da complica��o do transplante. “Essa doen�a � desencadeada depois de transplantes de c�lulas da medula �ssea como uma estrat�gia de cura para diversos males, como leucemias e doen�as autoimunes”, contextualiza.

Para o hematologista, Alexandre Sotero Caio Barbosa, o destaque do estudo � conseguir inibir o receptor PAF sem bloquear a a��o imunol�gica da nova medula. Ele explica que a medula transplantada tem um papel de acabar com todo e qualquer resqu�cio de c�lulas cancer�genas.

“Se os resultados em humanos forem t�o animadores quanto os em camundongos, ser� fant�stico poder aproveitar apenas o efeito positivo do procedimento”, imagina. Existem v�rias drogas sendo testadas que bloqueiam o receptor PAF. “Entretanto, estudos mais aprofundados devem ser feitos para garantir o uso com maior seguran�a em humanos. Estamos realizando estudos para entender melhor os mecanismos envolvendo a resposta inflamat�ria e o desenvolvimento da doen�a”, acrescenta a pesquisadora Vanessa Pinho.

* Tr�s tipos
Existem tr�s tipos de transplantes de medula: o autog�nico, o alog�nico e o sing�nico. O primeiro consiste em retirar a medula do paciente, congelar, tratar o doente e depois reimplantar as c�lulas. O segundo ocorre quando a medula de um doador � implantada no enfermo. J� o sing�nico � o transplante de medula �ssea entre irm�os g�meos id�nticos.


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