
A nutricionista e doutora em bioqu�mica da nutri��o Maria do Carmo Peluzio trabalha na linha de pesquisa do efeito dos lip�dios no organismo para a preven��o de doen�as, principalmente �cidos graxos polissaturados, como �mega 3 e �mega 9. Ela explica que a alimenta��o, al�m da gen�tica do indiv�duo e de fatores como sedentarismo, consumo de produtos t�xicos ou alguns medicamentos, � um importante fator que pode levar ao c�ncer intestinal. A falta de fibras, por exemplo, pode ser um fator de pr�-disposi��o � doen�a. “Esse � um dos tipos de c�ncer em que o h�bito alimentar influi muito. Tirando o fator familiar, � o que mais influencia”, pondera.
Por esse motivo, a pesquisa comparando os �leos de soja, linha�a, oliva e peixe foi feita no sentido de observar os efeitos de cada um deles. Para isso, a pesquisadora usou 30 ratos, durante 72 dias. O experimento avaliou o uso de alimentos que cont�m os �cidos graxos �mega 3 e �mega 9 para analisar se eles poderiam auxiliar na revers�o do in�cio do processo de prolifera��o de c�lulas cancerosas. Al�m disso, os pesquisadores, coordenados por Maria do Carmo Peluzio, verificaram seus efeitos para prevenir a incid�ncia de prote�nas que auxiliam na forma��o de um c�digo gen�tico que leva ao c�ncer.
O que se observou foi que n�o houve nenhuma diferen�a no ganho de peso ou na efic�cia alimentar, mas no controle do colesterol total e na mucosa do intestino, os demais �leos tiveram melhores efeitos do que o de soja para a qualidade da sa�de. Conforme o estudo, esses �cidos graxos inibem a ativa��o de processos inflamat�rios. “O azeite de oliva, o �leo de peixe e o �leo de linha�a, ou mesmo os peixes de �gua gelada, como o atum e a sardinha, s�o alimentos ricos nesses �cidos graxos que podem prevenir o c�ncer. � comum, hoje em dia, as pessoas sentirem a “lipofobia”, o medo de lip�dios na dieta, mas elas se enganam. Afinal, os �cidos graxos comp�em o lip�dio e ingeridos de forma moderada trazem v�rios benef�cios para a sa�de, al�m dos comprovados pela pesquisa”, recomenda.
O �leo de soja foi usado como controle, por ter consumo majorit�rio na alimenta��o do pa�s. Os de peixe, linha�a e oliva por serem fontes importantes de �mega 9 e �mega 3. “O �leo de soja � rico em �mega 6. Na literatura m�dica, o �mega 3 e os �cidos graxos t�m a��o mais anti-inflamat�ria, enquanto o �mega 6 � mais pr�-inflamat�rio. N�o � que ele ative a inflama��o, mas ele vai ativar a produ��o de mol�culas que t�m maior tend�ncia � inflama��o”, explica Maria do Carmo. Por esse resultado do estudo, a pesquisadora indica a substitui��o dos �leos no card�pio alimentar: ou seja, reduzir o consumo de �leo de soja e aumentar o uso dos de linha�a, oliva e peixe.
Comercializa��o
Mas essa troca pode esbarrar no problema da comercializa��o. Enquanto o �leo de soja � vendido em grande escala nas redes de supermercado, os que cont�m os �cidos graxos s�o mais dif�ceis de achar. O �leo de peixe � geralmente consumido em c�psulas, encontrado em farm�cias. J� o �leo de linha�a tem suas propriedades presentes no farelo de linha�a, tamb�m encontrado em mercados, farm�cias da manipula��o e lojas de produtos naturais. Todos devem ser misturados � dieta. Pode ser no feij�o, no iogurte, na salada de frutas ou em outra composi��o.
Al�m de ser comprovado que o �mega 3 e o �mega 9 s�o agentes na preven��o do c�ncer de intestino, a cientista alerta que uma dieta equilibrada de �cidos graxos � importante para prevenir doen�as cr�nicas como a aterosclerose (doen�a inflamat�ria cr�nica na qual ocorre a forma��o de placas nas paredes dos vasos sangu�neos). O pr�ximo passo da pesquisa da Federal de Vi�osa � testar a quinoa, um gr�o rico em �mega 3 e tamb�m altamente cicatrizante. Os pesquisadores est�o avaliando se a ingest�o do alimento traz um benef�cio extra, o da cicatriza��o interna, e se a quinoa atua na produ��o de prote�nas auxiliares na recupera��o do ciclo celular e no impedimento da produ��o de c�lulas mut�veis.
De acordo com o Inca, somente este ano s�o esperados 14.180 novos casos de c�ncer do c�lon e reto em homens e outros 15.960 em mulheres no Brasil. Ou seja, est�o em risco 15 em cada 100 mil homens e 16 em cada 100 mil mulheres. O c�ncer do intestino � o segundo mais frequente na regi�o Sudeste e o terceiro nas regi�es Sul e Centro-Oeste. A doen�a tem chances de cura se diagnosticada nos est�gios iniciais. De acordo com estudo do Inca, a sobrevida m�dia � de 5 anos em 55% dos casos nos pa�ses desenvolvidos e 40% nos em desenvolvimento. As taxas de mortalidade s�o maiores entre os homens.
Fique alerta aos sintomas da doen�a
Para obter um diagn�stico precoce da doen�a, segundo o Instituto Nacional do C�ncer, s�o usadas a pesquisa de sangue oculto nas fezes e m�todos endosc�picos, que podem encontrar e remover os chamados p�lipos adenomatosos colorretais (precursores do c�ncer do c�lon e reto e de tumores em est�gios iniciais). Os sintomas do c�ncer de intestino s�o vagos, nos est�gios iniciais podem n�o aparecer. Em fases avan�adas, a doen�a pode ser detectada pela anemia, c�licas, dores abdominais, n�useas e v�mitos, pris�o de ventre ou diarreia. At� mesmo sangramento intestinal pode ocorrer.