Mais de 16% dos pesquisadores e funcion�rios que atuam em biot�rios e laborat�rios desenvolvem alergias �s prote�nas eliminadas na urina, na saliva ou nos pelos dos animais. Embora a exposi��o constante a esses al�rgenos coloque os trabalhadores em risco de desenvolver doen�as como asma, apenas 19,4% usam m�scara de prote��o de forma rotineira.
Os dados s�o de uma pesquisa feita na Faculdade de Medicina de Ribeir�o Preto, da Universidade de S�o Paulo (FMRP/USP), coordenada pelo professor Elcio dos Santos Oliveira Vianna e financiada pela FAPESP.
A equipe investigou 455 trabalhadores, entre funcion�rios, estagi�rios e estudantes de gradua��o e p�s-gradua��o, que lidam diretamente com cinco esp�cies de animais: ratos, camundongos, cobaias, coelhos e hamsters.
“Para aumentar a abrang�ncia do estudo foram inclu�dos volunt�rios que atuam nos laborat�rios e biot�rios da USP de Ribeir�o Preto e tamb�m da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)”, disse Vianna.
Outros 387 trabalhadores dessas duas institui��es foram recrutados para compor o grupo controle. “Nesse caso, escolhemos fun��es com baixa exposi��o a subst�ncias alerg�nicas, como as da �rea administrativa, motoristas e t�cnicos de inform�tica”, explicou Vianna.
Os cientistas submeteram volunt�rios dos dois grupos a testes cut�neos para ver quantos reagiam aos al�rgenos mais comuns, como prote�nas de �caros, fungos, grama, cachorro, gato e barata. Em seguida, outro teste cut�neo foi feito com al�rgenos dos cinco animais de laborat�rio.
No teste de alergia geral, o �ndice de sensibiliza��o foi semelhante nos dois grupos. J� no teste espec�fico para animais de laborat�rio, o grupo exposto apresentou �ndice de 16,4% de sensibiliza��o, enquanto o grupo controle apresentou �ndice de 3%.
“Esses 16,4% j� se tornaram al�rgicos a animais de laborat�rio e, quanto mais tempo continuarem se expondo a esse ambiente sem prote��o adequada, mais forte essa rea��o vai se tornar. O primeiro passo � a rinite, mas o quadro pode eventualmente piorar para asma”, disse Vianna.
As alergias respirat�rias s�o as mais comuns nessas situa��es, pois as prote�nas eliminadas pelos animais ficam suspensas no ar e s�o aspiradas pelos trabalhadores.
“Por isso o uso de m�scaras � t�o importante nesses casos, mas apenas 19,4% dos volunt�rios declararam fazer uso desse equipamento de prote��o individual todas as vezes que manuseavam animais”, disse Vianna.
J� o uso de luvas foi bem mais frequente: 78% disseram usar rotineiramente. Embora os equipamentos de prote��o individual estivessem dispon�veis em quase todos os laborat�rios avaliados no estudo, apenas 20% dos volunt�rios disseram ter recebido orienta��o sobre a import�ncia de us�-los.
Preven��o
“Um dos objetivos do nosso estudo � avaliar a necessidade de programas de preven��o nas universidades. No futuro, pretendemos propor algumas metodologias e testar se s�o eficazes”, disse Vianna.
Na Alemanha, segundo o pesquisador, foi poss�vel reduzir o �ndice de sensibiliza��o a menos de 1% gra�as a programas de prote��o individual e tamb�m ambiental.
Dados de uma pesquisa anterior coordenada por Vianna, publicada no peri�dico Occupational & Enviromental Medicine, apontaram que 4% dos jovens entre 23 e 25 anos de idade no Brasil t�m quadro de asma relacionada ao trabalho.
“A preval�ncia de asma na popula��o como um todo � de 10%. Vimos que 4% dos jovens adultos t�m um quadro de asma que ou come�ou ou foi agravado no ambiente de trabalho. E 2,7% desenvolveram asma apenas por causa do trabalho”, disse Vianna.