Entre os tipos de c�ncer do sistema digest�rio em Minas Gerais, cerca de 2,7 mil este ano ser�o de intestino (c�lon e reto), segundo dados do Instituto Nacional do C�ncer (Inca). As mineiras s�o as mais atingidas pela doen�a, com 1.480 novos casos, contra 1.250 do sexo masculino, mas a preven��o � necess�ria para ambos os g�neros, sobretudo a partir dos 50 anos.
A enfermidade pode, atualmente, ser identificada com bastante seguran�a e anteced�ncia. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed), S�rgio Bizinelli, “j� � poss�vel detectar a doen�a de maneira precoce, por meio da endoscopia baixa ou colonoscopia, um exame r�pido e indolor e que gera grande possibilidade de cura. Se existissem programas no SUS para incentivo do exame, menos pessoas morreriam por causa dessa enfermidade”, afirma.
Os sintomas podem ter intensidade distinta. Variam de mudan�a do ritmo intestinal, com pris�o de ventre ou diarreia sem causa aparente, ou anemias sem motivo. A pessoa que evacua uma vez ao dia e repentinamente passa dias sem evacuar ou vai ao vaso muitas vezes no mesmo dia sem que tenha alterado a alimenta��o deve suspeitar de algum problema. Essa altera��o no ritmo intestinal � um alerta para que se procure logo um m�dico.
As varia��es no funcionamento normal do organismo tamb�m mudam de acordo com a localiza��o do tumor. Se ao lado direito do abdome, o mais comum � um quadro de fraqueza, anemia e diarreia. Quando do lado esquerdo, h� maior probabilidade de pris�o de ventre. J� o c�ncer no reto tem como maior indicativo o sangramento e a vontade recorrente de ir ao vaso. Nesse caso, � comum o paciente confundir o problema com hemorroida, o que mascara a doen�a. Mas h� diferen�as: em casos de hemorroidas, o sangue vivo n�o se encontra misturado �s fezes, caracter�stica presente no sangue ocasionado pelo c�ncer. Mas como � complicado para o paciente distinguir entre um e outro, a indica��o cl�nica � procurar um m�dico em caso de sangramento.
Para Bizinelli, o Brasil deveria investir em campanhas de preven��o dos c�nceres do aparelho digest�rio, assim como ocorre com a mama e a pr�stata. “Com a colonoscopia, conseguimos ver todo o intestino grosso, parte mais distal do intestino delgado, e o reto. Podemos at� retirar um p�lipo, que � a forma��o de verruga na parede do intestino ou reto e que pode evoluir para um tumor. A pe�a � encaminhada para a bi�psia. Nem todos os casos de p�lipos evoluem para um tumor, mas 95% dos casos de neoplasias do c�lon prov�m da forma��o de p�lipos”, detalha. Se um p�lipo � retirado, o repouso � de apenas 24 horas. No Brasil, o c�ncer no intestino � o quarto mais frequente nos homens, atr�s apenas do c�ncer de est�mago, pulm�o e pr�stata.
O desenvolvimento do c�ncer colorretal leva de 10 a 15 anos, segundo estimativas. Por isso, a maior incid�ncia ocorre a partir dos 60 anos. Quanto mais casos na fam�lia, maior o risco de desenvolver a doen�a. Principalmente se acometeu um parente de primeiro grau com menos de 40 anos. Nesse caso, indica-se aos parentes saud�veis que iniciem o controle por meio da colonoscopia 10 anos antes da idade de diagn�stico do paciente.
Es�fago
O endoscopista digestivo e diretor da Sobed de Minas Gerais, Jairo Silva Alves, lembra que os c�nceres de es�fago, est�mago e duodeno tamb�m podem ser diagnosticados por uma endoscopia alta. O tumor no es�fago � o mais recorrente entre os tr�s �rg�os e, geralmente, muito perigoso, pois se desenvolve silenciosamente. “Existem alguns m�todos para o diagn�stico, mas o mais seguro e eficiente � a endoscopia. At� porque, permite interven��o imediata. O aparelho endosc�pico permite inserirmos uma pin�a para retirar o p�lipo ou aplicar um medicamento”, garante.
O es�fago liga a boca ao est�mago. Trata-se de um m�sculo que encaminha o alimento para ser digerido pelos outros �rg�os do sistema. � como um tubo que se estende do pesco�o, atr�s da traqueia, pelo tronco atr�s do esterno, osso do peito, at� o est�mago.
O c�ncer de es�fago, invariavelmente, se origina nas c�lulas de tipo epitelial (carcinomas), ou nas c�lulas das gl�ndulas (adenocarcinomas). No Brasil, o mais comum � o epitelial. Os sintomas s� costumam aparecer quando a doen�a j� est� em est�gio avan�ado, com pequena chance de cura.
Pacientes portadores de doen�a de Chagas com comprometimento do es�fago (megaes�fago), carcinomas de outros locais, principalmente da cabe�a e do pesco�o, doen�a cel�aca ou esofagite de refluxo com altera��es da por��o inferior da mucosa do es�fago (es�fago de Barret) t�m um risco aumentado para esse tipo de c�ncer. Negros tamb�m t�m mais risco de desenvolver esse tumor. O monitoramento deve come�ar aos 50 anos.
A alimenta��o est� intimamente ligada ao surgimento tanto do c�ncer de intestino quanto do de es�fago. Gordura animal, refei��es pobres em fibra e ricas em corantes favorecem a incid�ncia. Os corantes liberam nitrosaminas no intestino, subst�ncias reconhecidamente cancer�genas, presentes numa s�rie de produtos industrializados.
Na dieta rica em gordura destacam-se as carnes gordas, a manteiga e os queijos amarelos. A gordura da carne vermelha, os alimentos salgados e defumados tamb�m cont�m subst�ncias carcinog�nicas. As frituras tamb�m devem ser evitadas, porque o �leo se decomp�e quando vai ao fogo.
Por outro lado, verduras, frutas, legumes e cereais s�o ricos em fibras e protegem o intestino. As fibras aumentam o bolo fecal, aceleram o tr�nsito intestinal e diminuem o tempo de contato das subst�ncias carcinog�nicas com o intestino. Outras medidas preventivas s�o: pr�tica de exerc�cio f�sico; evitar fumo e bebidas alco�licas.
Endoscopia alta
O paciente faz jejum de alimento por oito horas e de l�quidos por quatro horas antes do exame.
Ao chegar para a consulta, � entrevistado pelo m�dico, para definir qual seda��o venosa ser� aplicada. Normalmente, a escolha � entre leve e moderada. Sedado, o exame com o endosc�pio � feito entre seis e 10 minutos. Tamb�m � feito uso de anest�sico t�pico.
Em quase 100% dos casos, � feita extra��o de tecido para bi�psia.
O paciente fica em recupera��o por 20 a 30 minutos.
O tubo endosc�pico tem que ser reprocessado e higienizado.
A desinfec��o � regulada pela Anvisa e dura cerca de 30 minutos.
O paciente precisa estar acompanhado.
Endoscopia baixa
O preparo � fundamental. Feito da boca para o �nus. Entre 36 e 24 horas antes do exame, � feita uma restri��o na dieta. Nas 12 horas que antecedem o exame, o paciente usa laxante e medicamentos que limpem o intestino.
O procedimento � feito por dois m�dicos, j� que o paciente � sedado profundamente e dorme durante todo o tempo.
O exame dura entre 20 e 30 minutos e � todo documentado.
Ao t�rmino, o paciente � encaminhado para repouso, por 30 a 40 minutos.
O aparelho passa pelo mesmo tipo de higieniza��o que o da endoscopia alta.
> Quando fazer os exames
A American College of Gastroenterology preconiza a investiga��o do c�ncer de intestino da seguinte forma:
>> Indiv�duos sem sintomas, a partir dos 50 anos, sem outros fatores de risco associados � doen�a, devem realizar a colonoscopia a cada tr�s a cinco anos, acompanhado de exame de pesquisa de sangue oculto nas fezes em tr�s amostras, anualmente
>> Indiv�duos com hist�ria pessoal de p�lipos tipo adenoma maiores que um cent�metro ou m�ltiplos p�lipos (adenomas) devem submeter- se a novas colonoscopias a cada tr�s anos
>> Indiv�duos com doen�a inflamat�ria intestinal devem submeter-se � colonoscopia a cada um ou dois anos