A chave para o efetivo reparo e a cont�nua regenera��o dos tecidos vasculares de pacientes que sofreram um enfarte pode estar no uso de nanofibras. Um grupo de pesquisadores da Universidade de Washington (EUA) e da Universidade Nacional de Cheng Kung, em Taiwan, injetou o biomaterial com um fator de crescimento no cora��o de ratos. Menos de um m�s depois, os animais mostraram uma melhora significativa na fun��o card�aca. O experimento foi, ent�o, repetido em porcos, que t�m um cora��o com funcionamento mais similar ao dos humanos. O tratamento n�o s� melhorou o desempenho card�aco como tamb�m promoveu o crescimento de art�rias e novos vasos sangu�neos na regi�o danificada.
Estudado pelos cientistas, o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) j� foi utilizado em diversos estudos, mas ainda n�o havia atingido um alto n�vel terap�utico. Ele � respons�vel por promover o “crescimento” de novos vasos sangu�neos em regi�es que foram obstru�das, como ocorre no enfarte. A inten��o pode ser comparada a um sistema de encanamento. “Imagine que um duto respons�vel pela manuten��o do fluxo da �gua em uma casa foi obstru�do. O fator de crescimento conseguiria que o fluxo fosse desviado por outros dutos que seriam gerados pelo est�mulo desse fator”, exemplifica Marcelo Sampaio, respons�vel pelo ambulat�rio farmacogen�mico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, unidade ligada � Secretaria de Sa�de de S�o Paulo. O endot�lio � uma fina camada de c�lulas que fica na superf�cie de todos os vasos do corpo e produz in�meras subst�ncias favor�veis, entre elas o VEGF.
Existia, no entanto, um impasse em aplicar o conhecimento de forma bem-sucedida devido � dificuldade de transporte da subst�ncia ao cora��o, onde o reparo tecidual seria feito a partir do est�mulo da produ��o de vasos por meio do fator de crescimento. Por isso, os pesquisadores viram a necessidade de fornecer uma matriz extracelular capaz de abrigar e estabilizar os fr�geis dutos rec�m-criados e, ent�o, atingir a capilaridade e uma gera��o cont�nua de vasos colaterais. Um dos autores do estudo, Patrick Hsieh, da Universidade Nacional de Cheng Kung, em Taiwan, e do Departamento de Bioengenharia da Universidade de Washington, explica que as nanofibras utilizadas foram capazes de formar um microambiente favor�vel � nova vasculariza��o e � recupera��o das fun��es card�acas pela primeira vez.
O biomaterial usado por eles foram nanofibras pept�dicas de automontagem, que t�m uma degrada��o lenta e baixa imunogenicidade — n�o causam estranheza ou rejei��o ao organismo. Ao mesmo tempo, s�o terapeuticamente potentes para uma libera��o sustentada e cont�nua de subst�ncias, no caso da pesquisa, o fator de crescimento. “Essas nanofibras possuem duas fun��es importantes. Em primeiro lugar, elas atuam como transportadoras e liberam lentamente o VEGF para facilitar o crescimento capilar, assim, a angiog�nese. Em segundo lugar, fornecem um microambiente que � ideal para as c�lulas de recrutamento, ben�ficas para a forma��o da art�ria forte”, detalha Hsieh.
Os resultados, apresentados na revista Science Translational Medicine desta semana, mostram que a deposi��o aconteceu por at� 14 dias e reduziu os efeitos colaterais a n�veis pr�ximos ao do grupo de controle. Os testes cl�nicos, em humanos, est�o previstos para iniciar daqui dois ou tr�s anos. Antes disso, a pesquisadora Karen Christman, do Departamento de Bioengenharia, da Universidade da Calif�rnia, sugere uma forma de aplica��o da terapia em humanos via cateter intrafemoral (veja arte). “O procedimento proposto pelo grupo de Christman � verdadeiramente surpreendente e adiciona outra t�cnica promissora”, comenta Hsieh. Segundo ele, uma s�rie de experi�ncias de dosagem j� foram realizadas em ratos e, apesar de terem sido utilizadas a mesma dose no modelo su�no, ainda precisa ser feita uma otimiza��o dessa medida.
No Brasil
O pr�ximo passo da pesquisa � a cria��o de testes para determinar os efeitos a longo prazo no porco e o tempo terap�utico ideal para o tratamento tardio. O cardiologista do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul Renato Kalil � o �nico brasileiro a realizar testes cl�nicos em humanos com o mesmo fator de crescimento para a recupera��o de tecidos card�acos. Segundo ele, esse tipo de terapia est� voltada a pacientes em condi��o refrat�ria, ou seja, pessoas nas quais o tratamento cl�nico e a angioplastia n�o s�o mais vi�veis. O experimento foi feito com uma inje��o direta no cora��o, por meio de uma pequena incis�o no t�rax.
A falta da estrutura de nanofibras p�de ser sentida por Kalil e sua equipe no estudo, j� que o VEGF sozinho formou vasos muito fr�geis. “Conseguimos mostrar uma melhora cl�nica e tamb�m um aumento da irriga��o do mioc�rdio pelos vasos que se formaram. As nanofibras formam uma estrutura tubular que imita um vaso, onde as c�lulas v�o se desenvolver. A vantagem delas est� na forma��o de uma estrutura mais consistente, com um microambiente favor�vel”, detalha Kalil.
Estudado pelos cientistas, o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) j� foi utilizado em diversos estudos, mas ainda n�o havia atingido um alto n�vel terap�utico. Ele � respons�vel por promover o “crescimento” de novos vasos sangu�neos em regi�es que foram obstru�das, como ocorre no enfarte. A inten��o pode ser comparada a um sistema de encanamento. “Imagine que um duto respons�vel pela manuten��o do fluxo da �gua em uma casa foi obstru�do. O fator de crescimento conseguiria que o fluxo fosse desviado por outros dutos que seriam gerados pelo est�mulo desse fator”, exemplifica Marcelo Sampaio, respons�vel pelo ambulat�rio farmacogen�mico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, unidade ligada � Secretaria de Sa�de de S�o Paulo. O endot�lio � uma fina camada de c�lulas que fica na superf�cie de todos os vasos do corpo e produz in�meras subst�ncias favor�veis, entre elas o VEGF.
Existia, no entanto, um impasse em aplicar o conhecimento de forma bem-sucedida devido � dificuldade de transporte da subst�ncia ao cora��o, onde o reparo tecidual seria feito a partir do est�mulo da produ��o de vasos por meio do fator de crescimento. Por isso, os pesquisadores viram a necessidade de fornecer uma matriz extracelular capaz de abrigar e estabilizar os fr�geis dutos rec�m-criados e, ent�o, atingir a capilaridade e uma gera��o cont�nua de vasos colaterais. Um dos autores do estudo, Patrick Hsieh, da Universidade Nacional de Cheng Kung, em Taiwan, e do Departamento de Bioengenharia da Universidade de Washington, explica que as nanofibras utilizadas foram capazes de formar um microambiente favor�vel � nova vasculariza��o e � recupera��o das fun��es card�acas pela primeira vez.
O biomaterial usado por eles foram nanofibras pept�dicas de automontagem, que t�m uma degrada��o lenta e baixa imunogenicidade — n�o causam estranheza ou rejei��o ao organismo. Ao mesmo tempo, s�o terapeuticamente potentes para uma libera��o sustentada e cont�nua de subst�ncias, no caso da pesquisa, o fator de crescimento. “Essas nanofibras possuem duas fun��es importantes. Em primeiro lugar, elas atuam como transportadoras e liberam lentamente o VEGF para facilitar o crescimento capilar, assim, a angiog�nese. Em segundo lugar, fornecem um microambiente que � ideal para as c�lulas de recrutamento, ben�ficas para a forma��o da art�ria forte”, detalha Hsieh.
Os resultados, apresentados na revista Science Translational Medicine desta semana, mostram que a deposi��o aconteceu por at� 14 dias e reduziu os efeitos colaterais a n�veis pr�ximos ao do grupo de controle. Os testes cl�nicos, em humanos, est�o previstos para iniciar daqui dois ou tr�s anos. Antes disso, a pesquisadora Karen Christman, do Departamento de Bioengenharia, da Universidade da Calif�rnia, sugere uma forma de aplica��o da terapia em humanos via cateter intrafemoral (veja arte). “O procedimento proposto pelo grupo de Christman � verdadeiramente surpreendente e adiciona outra t�cnica promissora”, comenta Hsieh. Segundo ele, uma s�rie de experi�ncias de dosagem j� foram realizadas em ratos e, apesar de terem sido utilizadas a mesma dose no modelo su�no, ainda precisa ser feita uma otimiza��o dessa medida.
No Brasil
O pr�ximo passo da pesquisa � a cria��o de testes para determinar os efeitos a longo prazo no porco e o tempo terap�utico ideal para o tratamento tardio. O cardiologista do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul Renato Kalil � o �nico brasileiro a realizar testes cl�nicos em humanos com o mesmo fator de crescimento para a recupera��o de tecidos card�acos. Segundo ele, esse tipo de terapia est� voltada a pacientes em condi��o refrat�ria, ou seja, pessoas nas quais o tratamento cl�nico e a angioplastia n�o s�o mais vi�veis. O experimento foi feito com uma inje��o direta no cora��o, por meio de uma pequena incis�o no t�rax.
A falta da estrutura de nanofibras p�de ser sentida por Kalil e sua equipe no estudo, j� que o VEGF sozinho formou vasos muito fr�geis. “Conseguimos mostrar uma melhora cl�nica e tamb�m um aumento da irriga��o do mioc�rdio pelos vasos que se formaram. As nanofibras formam uma estrutura tubular que imita um vaso, onde as c�lulas v�o se desenvolver. A vantagem delas est� na forma��o de uma estrutura mais consistente, com um microambiente favor�vel”, detalha Kalil.