(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas

Mesmo a ingest�o moderada de �lcool causa preju�zo ao organismo

Terceira causa de �bitos no mundo, consumo excessivo de �lcool tem a��o devastadora no organismo at� mesmo quando as ingest�es da bebida s�o moderadas, dizem cientistas


postado em 28/08/2012 11:14 / atualizado em 28/08/2012 11:24

Amplia a imagem para entender a pesquisa
Amplia a imagem para entender a pesquisa
 

Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), o consumo de �lcool � a terceira causa de mortes no mundo, matando 2,5 milh�es de pessoas todos os anos. No entanto, as vidas que s�o tiradas pelo consumo irrespons�vel dessa droga v�o al�m dos acidentes de tr�nsito, dos abortos e dos danos ao f�gado. As consequ�ncias da ingest�o da bebida s�o alvo de pesquisas que, ao longo dos �ltimos anos, t�m sido capazes de mostrar que ela � nociva para diversas �reas do organismo, como o sistema cardiovascular, o c�rebro e o cora��o. Mesmo teorias antigas, como a liga��o entre o �lcool e o c�ncer, t�m sido refor�adas com experimentos in�ditos que destacam a mensagem de que a droga pode ser mortal.

A rela��o entre a ingest�o de bebidas alco�licas e o surgimento de tumores � discutida h� 30 anos, mas somente agora o processo foi testado em humanos. A pesquisa foi divulgada na semana passada, durante o Encontro Nacional da Sociedade Americana de Qu�mica. Sabe-se h� algum tempo que o �lcool, quando � metabolizado pelo corpo, transforma-se em uma subst�ncia chamada acetalde�do, um composto com potencial cancer�geno. Para mostrar pela primeira vez como o processo � danoso ao organismo, a pesquisadora Silvia Balbo, do Instituto do C�ncer da Universidade de Minnessota, deu doses de vodca a 10 volunt�rios e analisou seus genes poucas horas depois.

Ela notou que o DNA deles apresentava uma grande quantidade de aductos, uma esp�cie de liga��o que causa muta��es no c�digo gen�tico. Essas combina��es eram feitas justamente com o acetalde�do, formado a partir do �lcool. A prote��o contra esse processo est� na enzima �lcool desidrogenase (ADH), que converte o acetalde�do e impede que as liga��es causem muta��es. Mas n�o � poss�vel depender da ANH em casos de bebedeira extrema. “Conforme aument�vamos as doses de bebida, observ�vamos mais aductos. Portanto, quanto mais a pessoa beber, mais tempo vai levar para o corpo eliminar os aductos e o �lcool, e mais acetalde�do ficar� no corpo”, resume Silvia.

O mecanismo de prote��o tamb�m falha em pessoas com uma variante ineficiente da ADH, em sua maioria asi�ticos e pessoas de sangue ind�gena. “Tudo acontece num balan�o de ativa��o de danos e reparos feitos por essas enzimas, mas h� pessoas que ativam ou reparam mais. � �bvio que, no primeiro caso, existe maior risco de c�ncer”, ilustra Gilberto de Castro Jr., oncologista do Instituto de C�ncer de S�o Paulo (Icesp). Estima-se que 1,6 bilh�o de pessoas estejam no grupo �tnico de risco e que 10% dos casos de c�ncer sejam relacionados ao abuso do �lcool. “Mas ningu�m vai saber exatamente qual � o risco da pessoa, pois alguns desses mecanismos ainda s�o desconhecidos. Logo, a exposi��o deve ser evitada”, alerta Gilberto.

De acordo com Silva Balbo, o consumo de �lcool j� � ligado a casos de c�ncer de f�gado, de es�fago, de c�lon, de mama e de cabe�a e pesco�o. Pesquisadores da Associa��o Norte-Americana para a Pesquisa do C�ncer apontaram que quem bebe muito pode ter at� 75% mais chances de desenvolver um tumor g�strico. J� a Associa��o M�dica Americana (AMA) mostrou que h� mais riscos de c�ncer de p�ncreas para as pessoas que bebem mais de tr�s drinques por dia – basta a mesma quantidade por semana para que uma mulher tenha 15% a mais de probabilidade de ter c�ncer de mama, e duas doses por dia para aumentar essa chance para 51%.

Riscos variados
Al�m do c�ncer, efeitos da bebida s�o vistos tamb�m nos sistemas cardiovascular, gastrointestinal e nervoso central. De acordo com especialistas, mesmo o consumo moderado pode causar danos permanentes no corpo. “Quanto mais gente em uma popula��o beber �lcool, mais problemas esse pa�s ter�, independentemente da modera��o do h�bito”, resume Ilana Pinsky, psic�loga e vice-presidente da Associa��o Brasileira de Estudos do �lcool e Outras Drogas (Abead). O problema � ainda maior se o h�bito for precoce. “� importante adiar o m�ximo poss�vel o in�cio do consumo. Estudos mostram que quanto mais cedo o jovem inicia a ingest�o de bebida alco�lica, maior a probabilidade de ele ter depend�ncia na faixa dos 20 anos”, alerta Ilana.

Segundo a psic�loga, a bebida pode atrapalhar tamb�m a forma��o do c�rebro do adolescente. A teoria foi comprovada em estudos como o da m�dica Alicia Ann Kowalchuk, que mostra que o consumo exagerado de �lcool, mesmo isolado, afeta permanentemente o c�rtex pr�-frontal, cujo desenvolvimento s� termina aos 25 anos. “O �lcool � neurot�xico e mata ainda mais c�lulas cerebrais sob altas concentra��es de �lcool no fluido cerebrospinal. No caso dos jovens, as conex�es novas do c�rtex pr�-frontal s�o mais suscet�veis aos efeitos t�xicos do �lcool que as dos adultos”, explica Alicia.

Efeitos mais imediatos podem ser sentidos por pessoas que sofrem de problemas card�acos, como a fibrila��o atrial. Batizada de s�ndrome do cora��o de feriado, a combina��o entre essa condi��o e a bebida excessiva resulta em uma chance 4,5 vezes maior de surgimento da palpita��o card�aca acelerada, que pode causar hipertens�o. Outro experimento, realizado com ratos, aponta ainda que o �lcool afeta a mitoc�ndria do cora��o, respons�vel por fornecer energia ao �rg�o. Isso ocorreria porque a subst�ncia aproxima a organela do ret�culo endoplasm�tico, sobrecarregando a mitoc�ndria com c�lcio. Ainda h� estudos indicando que a bebida alco�lica atrapalha a resposta imune do corpo, atrasando a recupera��o de ossos quebrados ou desencadeando alergias.

Mas, o sinal mais claro dos efeitos negativos do �lcool no corpo talvez seja o mal-estar digestivo. De acordo com um estudo divulgado pelo Colegiado Norte-Americano de Gastroenterologia, basta apenas um drinque por dia para que uma pessoa sofra sintomas como gases, dores abdominais ou diarreia. De 198 pacientes estudados com esses sinais, 95% consumiam �lcool com frequ�ncia.

Isso ocorre porque a subst�ncia leva a um crescimento de bact�rias no intestino delgado, condi��o que pode levar � m� nutri��o. “O �lcool rompe v�rios dos mecanismos de defesa do intestino delgado, que mant�m a quantidade de bact�rias sob controle. Quando essas defesas s�o quebradas, as concentra��es de bact�rias podem aumentar”, ensina o autor do estudo, o m�dico Scott Gabbard. As consequ�ncias da bebida, aponta ele, s�o similares �s da s�ndrome do intestino irritado. “Se um paciente reclama de excesso de gases, incha�o e diarreia, � razo�vel considerar se abster do �lcool para ver se h� uma diminui��o dos sintomas”, completa.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)