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Estado de Minas

Jovens fumantes t�m problemas precoces no cora��o

Estudo su��o mostra que tabagismo prejudica art�rias de pessoas mais novas da mesma forma que as dos adultos. Como os vasos sangu�neos ficam obstru�dos, h� um risco maior de enfarte


postado em 29/08/2012 06:00 / atualizado em 29/08/2012 10:02

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No Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado hoje, o principal alerta � enviado aos adolescentes. Pesquisa apresentada nesta semana no Congresso 2012 da Sociedade Europeia de Cardiologia mostra que os jovens fumantes j� apresentam paredes das art�rias coron�rias mais espessas mesmo quando o fumo � um h�bito recente. O diagn�stico indica um desenvolvimento precoce da aterosclerose – doen�a cr�nica progressiva que pode ocasionar a obstru��o de vasos sangu�neos e, consequentemente, a ocorr�ncia de enfartes, derrames e insufici�ncia renal.

A rela��o entre o fumo e doen�as card�acas � antiga. O h�bito aumenta em tr�s vezes as chances de um enfarte, mesmo com consumo pequeno de tabaco, como cinco cigarros por dia. Segundo a coordenadora do Grupo de Cardiologia Pedi�trica Preventiva do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, L�cia Pellanda, na d�cada de 1950, estudos de autopsia dos soldados envolvidos na Guerra da Coreia mostravam certa les�o nas art�rias coron�rias em jovens de 18 anos. Ainda assim, at� ent�o, o fumo era considerado altamente degenerativo �s art�rias em adultos, mas pouco se sabia sobre o impacto da exposi��o � fuma�a do tabaco na sa�de cardiovascular de adolescentes.

No estudo da institui��o su��a Sapaldia, foram analisados 288 crian�as e jovens com idade entre 8 e 20 anos, sendo 53% do sexo feminino. Os pesquisadores avaliaram a espessura m�dia da art�ria car�tida para investigar sua associa��o com o tabagismo ativo e o perfil de risco cardiovascular dos participantes. O tabagismo regular (di�rio ou semanal) foi relatado por 11% deles, outros 15% se declararam fumantes menos frequentes (mensal). A dura��o m�dia do tabagismo entre os fumantes era de dois anos.

“Depois de um per�odo relativamente curto de tabagismo ativo, a estrutura vascular j� mostrou sinais de mudan�as estruturais em compara��o aos adolescentes n�o fumantes. Esses resultados evidenciam um impacto adverso sobre a vasculatura logo no in�cio da exposi��o ativa ao tabaco, o que � indicativo do in�cio do desenvolvimento da aterosclerose”, afirmou a principal autora do estudo, Julia Dratva. A pesquisadora tamb�m relata que a dura��o do tabagismo se mostrou intimamente associada aos resultados. Ou seja, quanto mais o indiv�duo fumava, maior era a espessura m�dia das paredes da art�ria.

Na aterosclerose, ocorre a forma��o de placas, compostas especialmente por l�pidos e tecido fibroso, dentro dos vasos sangu�neos. Elas levam progressivamente � diminui��o do di�metro do vaso, podendo chegar a sua obstru��o total. Em geral, � fatal quando afeta as art�rias do cora��o ou do c�rebro, �rg�os que resistem apenas poucos minutos sem oxig�nio. As art�rias car�tidas s�o vasos que levam sangue do cora��o para o c�rebro. O coordenador do Comit� Antitabaco da Sociedade Brasileira de Cardiologia, M�rcio Gon�alves de Sousa, conta que j� era conhecido que o cigarro mexe intimamente com a camada mais interna do vaso sangu�neo, chamada de endot�lio. Ela est� em contato direto com o sangue e, assim que as subst�ncias s�o tragadas, elas se dissolvem tamb�m com a c�lula endotelial, conversando diretamente com outros mecanismos do organismo.

Gon�alves considera que a pesquisa chega para desmistificar a fala dos jovens, que, muitas vezes, acreditam que a pouca idade os protege de repercuss�es cl�nicas mais graves do tabagismo. “Tenho exemplo de jovens com 23 anos que falam que v�o parar aos 30, enquanto ainda n�o t�m problemas de sa�de. Aqui, vemos que, em pouco tempo, o espessamento dos vasos ocorre. Antigamente, existia esse tipo de conceito que, para sofrer com todos os danos do tabagismo, eram necess�rios anos de exposi��o. Isso � um mito. Temos pacientes com 28 anos e enfisema pulmonar.”

Campanhas

O cardiologista Marcelo Sampaio, respons�vel pelo Ambulat�rio Farmacog�nico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, unidade ligada � Secretaria de Sa�de de S�o Paulo, estudou a ocorr�ncia de enfarte em indiv�duos abaixo de 40 anos. Ele conta que, ao avaliar os fatores de risco, o tabagismo estava em 90% dos casos. O mais jovem do grupo tinha 17 anos quando sofreu o primeiro enfarte e era fumante. “Imagine o grande contingente de jovens nessa condi��o. Nem todos v�o enfartar, mas v�o apresentar os malef�cios, como angina, cansa�o exagerado, crescimento e dilata��o do cora��o, al�m de arritmias. As placas da aterosclerose tamb�m estar�o ali, que podem ou n�o se romper levando ao enfarte.” Ele ressalta que o grupo estudado tamb�m tinha um montante de genes que, interagindo com as subst�ncias do tabagismo, provoca uma intera��o negativa para o processo da aterosclerose. “A pesquisa refor�a a necessidade de campanhas e incentivo � cessa��o do tabagismo.”

A autora da pesquisa feita na Sui�a, Julia Dratva, traz a necessidade de a��es para a cessa��o do tabagismo entre os jovens como o principal foco da pesquisa. “Uma a��o urgente � necess�ria para ajudar adolescentes fumantes a largar o v�cio e para que outros n�o comecem a fumar. Mais pesquisas s�o necess�rias tamb�m para determinar se o dano � estrutura vascular dos adolescentes fumantes � revers�vel no caso de abandono do h�bito.”

Um levantamento feito na cidade de Macei� por Maria Alayde Silva, participante do grupo de pesquisa do qual L�cia Pellanda faz parte, mostrou que 9% das crian�as de 7 a 9 anos nas escolas da capital alagoana j� haviam experimentado o cigarro. O percentual entre aqueles com idade entre 10 e 14 anos aumentou para 21%, chegando a 36% dos estudantes de 15 a 17 anos.
“Eles concluem que os estudantes que j� experimentaram o cigarro apresentam 34 vezes mais chances de se tornarem fumantes na vida adulta”, detalha Pellanda. A cardiologista explica que o perigo de desenvolvimento da aterosclerose se inicia ainda na vida intrauterina. O consumdo do tabaco exerce seus efeitos por meio de compostos t�xicos que atravessam a barreira placent�ria e a parede alveolar dos pulm�es, levando a um aumento da inflama��o local e em todo o organismo.


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