
Empreitada tamb�m compartilhada por m�dicos e cientistas. Os especialistas enfrentam um mal de origem complexa e tratamentos recentes (veja arte). At� 1996, n�o havia medicamentos contra a HAP. Hoje, h� sete em todo o mundo, mas com resultados limitados. “Falamos de uma doen�a que, mesmo com a combina��o de drogas, tem �ndice de mortalidade de 25% a 45% em tr�s anos”, observa Rog�rio de Souza, um dos principais pesquisadores da enfermidade no pa�s e respons�vel pelo Grupo de Hipertens�o Pulmonar do Servi�o de Pneumologia do Instituto do Cora��o da Universidade de S�o Paulo (Incor/USP).
Soma-se ao pouco tempo de exist�ncia de drogas o diagn�stico tardio. Na maioria dos casos, quando a doen�a � descoberta, o paciente j� est� bastante debilitado. Falta ar para tarefas corriqueiras, como trocar de roupa, e at� mesmo em momentos de repouso. “Passei muito tempo achando que tinha asma grave. Quando descobriram a hipertens�o pulmonar, j� estava no est�gio mais grave. Nem andar direito eu conseguia”, conta Iara Maria.
A grande brecha entre o in�cio da doen�a e o tratamento se repete pelo mundo. “Sessenta e tr�s por cento dos nossos diagn�sticos s�o de pacientes na terceira classe da doen�a (que chega a quatro). Se reduz�ssemos para a classe dois, ter�amos um aumento consider�vel na sobrevida”, observa Marc Humbert, especialista do Centro Nacional de Refer�ncia para Hipertens�o Pulmonar, na Fran�a.
Humbert e centenas de m�dicos e cientistas reuniram-se recentemente em Medell�n para compartilhar as dificuldades no enfrentamento do mal e os resultados de pesquisas recentes. A uni�o de esfor�os durante o 5º Simp�sio Latino-americano de Hipertens�o Arterial Pulmonar revela um amadurecimento da classe, que tem � disposi��o estudos cada vez mais espec�ficos para a a��o da HAP.
No Brasil, por exemplo, observa-se que a esquistossomose aparece como a principal causa associada � vers�o secund�ria da doen�a (quando ela surge em decorr�ncia de outro problema de sa�de). Segundo Caio J�lio C�sar dos Santos Fernandes, um dos palestrantes do simp�sio, cerca de 30% das pessoas atendidas nos centros de refer�ncia para HAP no pa�s t�m esquistossomose. “No mundo, s�o 420 mil casos potenciais de hipertens�o pulmonar por esquistossomose, levando-se em conta que a preval�ncia da doen�a � de 4,3% nessas condi��es”, estima o tamb�m m�dico do Incor/USP.
De acordo com Souza, o problema ganha ainda mais gravidade quando se nota que a esquistossomose � end�mica no Brasil. Estima-se que a doen�a parasit�ria acometa 2,5 milh�es de cidad�os, principalmente na Regi�o Nordeste e em Minas Gerais. “Se erradic�ssemos a doen�a hoje, ainda assim ter�amos que lidar com casos de HAP ligados � esquistossomose nos pr�ximos 30 anos”, alerta.
Mais conhecida
H� cerca de 10 anos, acreditava-se, por exemplo, na ocorr�ncia de um ou dois casos em um grupo de 1,7 milh�o de pessoas. Hoje, fala-se entre 30 e 50 a cada 1 milh�o no planeta. Um entendimento maior e disseminado sobre a doen�a tem facilitado a vida de m�dicos e pacientes. “Nos �ltimos 15 anos, tivemos avan�os significativos. Com as terapias dispon�veis, melhoraram a qualidade de vida, a capacidade de exerc�cio e a performance card�aca dos pacientes, o que influencia na sobrevida”, avalia Souza, ressaltando a import�ncia de um envolvimento m�dico ainda maior.
“� preciso investigar a fundo as causas da falta de ar. N�o s� para o diagn�stico da HAP, mas para tantas outras doen�as graves que t�m esse sintoma”, aconselha. A curiosidade, segundo Maria do Ros�rio Costa Mauger, presidente da Associa��o Brasileira de Pacientes de Esclerose Sist�mica, � mais que bem-vinda na Regi�o Norte. “Pelos relatos que recebemos de l�, os pacientes t�m praticamente todas as caracter�sticas da HAP e seus m�dicos sequer pensam no cateterismo”, diz.
O procedimento � o que fecha o diagn�stico da doen�a, j� que o aumento da press�o sangu�nea nas art�rias pulmonares sobrecarrega o cora��o. O problema ocorre em cerca de um entre sete pacientes com esclerose sist�mica, caracterizada por fibrose e altera��es vasculares na pele, nas v�sceras e no sistema musculoesquel�tico. No Brasil, h� 20 centros de tratamento da HAP, mas nenhum na Regi�o Norte.