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Estado de Minas

Polui��o afeta cora��o e c�rebro

Pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina da USP mostra como a polui��o influencia no risco de aterosclerose, mesmo quando � adotada uma dieta com baixo teor de gordura


postado em 06/10/2012 17:09 / atualizado em 06/10/2012 17:16

(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Se voc� � predisposto � aterosclerose, perigosa inflama��o que ataca os vasos sangu�neos e pode evoluir para graves problemas como acidente vascular cerebral (AVC) ou infarto, � melhor ficar atento a um novo vil�o que est� � solta. E o pior: presente no ar. Emitida principalmente pelos motores de carros, motocicletas, caminh�es e demais ve�culos cada vez mais presentes nas ruas dos grandes centros brasileiros, a polui��o oriunda de material particulado pode levar � acelera��o da doen�a e uma inflama��o geral no corpo, atacando de �rg�os espec�ficos ao cora��o.

O alerta vem da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (FMUSP). Resultados preliminares de uma pesquisa financiada pelo estado de S�o Paulo indicam que a exposi��o � polui��o atmosf�rica durante a gesta��o e logo depois do nascimento pode aumentar o risco de surgimento de aterosclerose, mesmo em quem adota uma dieta saud�vel e com baixos teores de gordura no organismo.

Simulando o cotidiano de um cidad�o que vive ou trabalha na regi�o central de S�o Paulo, o estudo usou como base oito grupos de camundongos geneticamente modificados para desenvolver a doen�a, que atinge os vasos sangu�neos. As experi�ncias foram feitas no jardim da faculdade, que funciona em uma avenida da regi�o central da capital paulista, local de grande fluxo de �nibus do transporte coletivo urbano.

Nos primeiros testes, os animais foram submetidos ao ar filtrado incubados em c�maras, ao passo que as demais cobaias ficaram expostas ao ar ambiente. “O equipamento inspira o ar da rua, consegue concentrar a quantidade de part�culas e, a partir da�, expomos os camundongos uma ou duas horas por dia, dependendo da dose de part�culas. A dose equivale ao que uma pessoa est� exposta na cidade de S�o Paulo 24 horas por dia”, explica a pesquisadora e bi�loga Mariana Matera Veras, respons�vel pela pesquisa e membro do Instituto Nacional de An�lise Integrada do Risco Ambiental (Inaira) – um dos institutos nacionais de ci�ncia e tecnologia (INCTS) financiados pela Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de S�o Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (CNPq).

Conclu�do o experimento, os animais passaram por um exame de ultrassom que avaliou o tamanho da placa de gordura formada no interior dos vasos sangu�neos. Os resultados foram reveladores. Enquanto nos camundongos que receberam dieta rica em gordura o efeito da polui��o foi menos importante e ofuscado pela alimenta��o, os animais com dieta balanceada expostos � polui��o e em fase de gesta��o apresentaram placa ateroscler�tica tr�s vezes maior que a observada no grupo de controle.

Nos animais expostos � polui��o somente ao nascimento, a placa foi sete vezes maior. Somadas � exposi��o gestacional e � fase p�s-natal, o desenvolvimento da doen�a foi ainda maior: o aumento foi de 13 vezes. “A literatura cient�fica vem revelando h� cerca de 20 anos que a exposi��o das pessoas � polui��o nas grandes cidades est� aliada ao aumento de risco de problemas card�acos e respirat�rios. Por meio da pesquisa, conseguimos medir as consequ�ncias dessa polui��o tendo como base n�o uma pessoa que trabalha no tr�nsito, ou seja, extremamente exposta, mas um cidad�o normal, que sai de casa para o trabalho”, afirma Mariana Veras.

Os resultados preliminares foram revelados durante o 31º Simp�sio Anual da Society of Toxicologic Pathology ocorrido em junho, em Boston, nos Estados Unidos. Agora, Mariana e a equipe do Inaira avaliam como a quantidade de gordura circulante no sangue dos animais, marcadores inflamat�rios e a express�o dos genes associados � forma��o da placa ateroscler�tica interferem na progress�o da doen�a.

Efeitos no homem O desejo dos pesquisadores � saber se existem outros mecanismos envolvidos. Uma vez inalado, explica Mariana, o material particulado – que inclui subst�ncias pesadas como alum�nio, chumbo, enxofre e s�dio – pode apresentar dois tipos de efeito no corpo humano. O primeiro � ser absorvido pelas c�lulas do pulm�o, provocando um processo inflamat�rio. A outra consequ�ncia vai bem mais al�m: as subst�ncias podem atravessar a barreira de c�lulas, entrar na corrente sangu�nea e provocar uma inflama��o geral no corpo, com grandes chances de atingir �rg�os espec�ficos como cora��o e c�rebro. "Por serem muito pequenas, essas part�culas n�o s�o barradas pelas vias a�reas superiores, alcan�ando as regi�es mais profundas do pulm�o, os alv�olos", diz a pesquisadora

Paralelamente, outros estudos que t�m como foco observar os impactos dos poluentes na gesta��o e no sistema produtivo est�o sendo feitos pelo Inaira. "A literatura cient�fica mostra que a polui��o das grandes cidades est� relacionada � prematuridade, mortalidade neonatal e p�s-neonatal, retardo do crescimento intrauterino e baixo peso ao nascer. Al�m disso, causa altera��o da raz�o sexual, fazendo com que nas�am mais mulheres do que homens." Outro efeito est� ligado � fertilidade. “Tamb�m houve nas f�meas uma redu��o no n�mero de fol�culos ovarianos, o que sugere que as gera��es seguintes podem sofrer problemas de infertilidade. Nos machos, verificamos altera��es na morfologia dos espermatozoides”, conclui a pesquisadora.

Fuma�a de motores a diesel leva ao c�ncer

Pessoas em contato prolongado com motores movidos a diesel t�m uma raz�o a mais para se preocupar com a sa�de. Indo muito al�m da m�xima de que o cigarro � a principal causa para o aparecimento de c�ncer de pulm�o, a fuma�a emitida pelo escape desses motores foi recentemente apontada como cancer�gena pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS). Tomando como base caminhoneiros, funcion�rios ferrovi�rios e trabalhadores de alto risco como mineiros, a pesquisa realizada pela Ag�ncia Internacional de Pesquisas sobre o C�ncer (Iarc) concluiu que a polui��o gerada pelo material particulado tamb�m pode levar a tumores na bexiga.

Embora o efeito dos motores no organismo sejam menores que o da fuma�a de um cigarro, a exposi��o prolongada a subst�ncias presentes no �leo diesel, como chumbo, enxofre e outros metais pesados, pode agravar o desenvolvimento da doen�a no pulm�o. Combinados ao h�bito do cigarro, as chances de desenvolvimento de c�ncer s�o ainda maiores. "A princ�pio, a exposi��o prolongada � fuma�a do diesel � muito semelhante � influ�ncia da fuma�a de cigarro, s� que num efeito muito menor. No entanto, a exposi��o prolongada a esses tipos de subst�ncias pode ser crucial na somat�ria de outros fatores associados � g�nese do c�ncer. Se o motorista inspira �leo diesel todo dia e ainda fuma, as chances de o c�ncer atac�-lo s�o ainda maiores", alerta o oncologista e diretor do Cetus-hospital dia de Betim, na Grande Belo Horizonte, Charles P�dua.

A inala��o da fuma�a dos motores, explica P�dua, agride continuamente os tecidos que comp�em a �rvore respirat�ria do ser humano, levando � muta��o das c�lulas do organismo. O que, associado ao tabagismo, leva a uma superexposi��o de fatores de risco. "As c�lulas respondem � agress�o da fuma�a alterando suas formas e fun��es, tentando-se adequar �quele meio nocivo. Al�m de diminuir a quantidade de muco e c�lios que ajudam a expelir subst�ncias dos nossos pulm�es, ocorrem muta��es e as c�lulas podem migrar para a forma��o de c�lulas malignas. S�o anos de exposi��o que podem levar a um ponto em que o organismo simplesmente falhar� e perder� a capacidade de eliminar aquela c�lula incorreta, formando o c�ncer", aponta.

Desde que o escape do diesel foi reclassificado pelo IARC do grupo 2A, de prov�vel carcin�geno, para o grupo 1A, que inclui subst�ncias com associa��o comprovada � doen�a, a fuma�a se equiparou � mesma categoria que o amianto, o g�s mostarda, o g�s ars�nico, o �lcool e o cigarro. A exposi��o a esses agentes aumenta as chances de desenvolvimento da doen�a em 40%.


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