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Estado de Minas

Conhe�a hist�rias reais de amizade entre cuidadores e pacientes como no filme Intoc�veis

Muitas pessoas encontram em seus cuidadores verdadeiros companheiros. Especialistas dizem que confian�a � chave da rela��o e reconhecem que descobrir esse outro algu�m � um desafio


postado em 18/11/2012 11:18 / atualizado em 18/11/2012 10:28

O cuidador Joaquim Silveira Furtado e Marco Túlio Ricaldoni de Miranda, que sofreu um acidente de moto aos 17 anos, já viajaram juntos e têm muitas histórias para contar(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
O cuidador Joaquim Silveira Furtado e Marco T�lio Ricaldoni de Miranda, que sofreu um acidente de moto aos 17 anos, j� viajaram juntos e t�m muitas hist�rias para contar (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)

Tudo o que ele queria era algu�m que n�o o tratasse com diferen�a, que n�o o olhasse com piedade ou como um ser cheio de n�o me toques. Ele, ent�o, optou pelo improv�vel. Philippe � um rico aristocrata franc�s que, depois de um acidente de parapente, ficou tetrapl�gico, dependendo de cuidados 24 horas por dia. Cansado da piedade de qualificados enfermeiros, resolveu dar uma chance a Abdel, um imigrante negro sem qualquer experi�ncia no of�cio, pobre, politicamente incorreto e ainda com antecedentes criminais, mas que carrega o diferencial de tratar Philippe de igual para igual. Tinha tudo para ser um cuidador desastroso, mas a experi�ncia se tornou um encontro, sem l�grimas ou d�, cheia de gargalhadas e de uma li��o: amizades verdadeiras n�o t�m tempo certo para ocorrer, n�o esbarram em limita��es, preconceitos e, tampouco, diferen�as. Elas acontecem e fazem a vida valer a pena.

A hist�ria � real e chegou no bom tom da com�dia �s salas de cinemas atraindo nada menos do que 30 milh�es de espectadores, consagrando-se como o filme franc�s mais visto no mundo. Um fen�meno que levou o nome de Intoc�veis e que, em 2013, representa a Fran�a na 85ª cerim�nia do Oscar. N�o h� nada de clich�s, como se espera, e ningu�m o assiste sem se sentir tocado. O enredo � baseado no livro Segundo suspiro, escrito pelo pr�prio Philippe Pozzo di Borgo, mas poderia ser o relato de muitas pessoas que, como o aristocrata, encontraram diante de suas limita��es algu�m que lhes desse a m�o, sem d�, piedade ou qualquer outra cerim�nia.

O Estado de Minas encontrou alguns desses protagonistas. S�o idosos ou portadores de necessidades especiais que viram nesse outro algu�m, que nem sequer tem o sangue da fam�lia correndo nas veias, o colo para se apoiar, desabafar, rir, chorar e se livrar da solid�o. Do outro lado, esses cuidadores tamb�m descobriram naquela pessoa que tanto precisa da sua ajuda um ouvinte, amigo de verdade e de todas as horas. Assim, nasceram la�os fortes de amizades, antes inimagin�veis, que, formados pelo acaso, assemelham-se na leveza dos toques, que ora s�o de aux�lio, ora de companheirismo.

Ainda que ‘toc�veis’, pelo menos para a dupla do filme, n�o seria esta a melhor palavra para defini-los. “Somos ambos ‘intoc�veis’ em diversos aspectos. Abdel, de ascend�ncia do Norte da �frica, sentiu-se marginalizado na Fran�a tal como a classe dos intoc�veis na �ndia. N�o se pode ‘tocar’ nele sem o risco de levar um soco, e ele corre t�o r�pido que os tiras, repetindo suas palavras, conseguiram peg�-lo apenas uma vez em sua longa carreira de delinquente. Quanto a mim, atr�s dos altos muros que cercam minha mans�o em Paris, minha gaiola dourada, como diz Abdel , abrigado da necessidade gra�as � minha fortuna, fa�o parte dos ‘extraterrestres’, nada pode me atingir. Minha paralisia total e a aus�ncia de sensibilidade me impedem de tocar o que quer que seja; as pessoas evitam at� ro�ar a minha pele, tamanho o medo que lhes causa minha condi��o f�sica, e ningu�m pode me tocar o ombro sem desencadear dores lancinantes. ‘Intoc�veis’, portanto”, escreveu Philippe, em seu livro.”

Unidos pelo acaso

� claro que ningu�m quer, por livre e espont�nea vontade, depender da ajuda do outro para seguir vivendo. Ter algu�m para dar banho, trocar a roupa ou lhe dar comida � para qualquer adulto consciente um fardo dif�cil de lidar. Mas a vida nos prega pe�as das quais n�o h� como fugir. Em segundos, a liberdade dos movimentos pode n�o ser mais a mesma. Apesar de tr�gico, para muitos a condi��o n�o foi o fim, e ainda que haja sofrimento, h� tamb�m um segundo suspiro, que vem com a descoberta de que um outro algu�m pode trazer um novo olhar sobre a vida, trocando o que era pesado pela leveza de ser e sentir.

Se Intoc�veis fosse a hist�ria de dois brasileiros, certamente os protagonistas seriam Marco T�lio Ricaldoni de Miranda, de 50 anos, e Joaquim Silveira Furtado, de 45. H� 33 anos, T�lio, assim conhecido, poucos dias antes de completar 17 anos, sofreu um acidente de moto e ficou tetrapl�gico. A partir da�, passou a depender dos outros para tudo, at� que sete anos depois encontrou Joaquim, que tamb�m era jovem e tinha pouca ou nenhuma experi�ncia com algu�m limitado como T�lio, mas tornou-se seu cuidador. “Foi empatia. N�s nos tornamos grandes amigos. Viaj�vamos juntos, fomos para o Esp�rito Santo, Rio de Janeiro e outros tantos lugares para nos divertir”, lembra T�lio, que destaca que Joaquim se entrosava facilmente com sua turma de amigos. “Tanto � que todo mundo passou a cham�-lo de Joca.”

Assim como no filme, a amizade de T�lio e Joaquim se fortaleceu pela confian�a cada vez mais maior entre ambos. “� um cara em quem posso contar para tudo”, destaca T�lio. Joaquim trabalhou com ele por 15 anos, at� que se casou, teve filhos, mas n�o deixou o grande amigo sem sua amizade. Vira e mexe ele est� l�, ao lado de T�lio, jogando conversa fora. “Ele n�o � mais meu cuidador, mas algu�m como ele � imposs�vel de encontrar. Tenho uma rela��o de confian�a at� maior do que tenho com meus familiares.” O Estado de Minas conheceu de perto esse companheirismo. Quando Joaquim chegou para a entrevista, na casa de T�lio, os dois riam, contavam casos e se divertiram com o assunto. Brincadeiras n�o faltaram. “Ele me ensinou muita coisa. Aprendi a gostar de rock antigo e d�vamos boas risadas juntos. � uma rela��o para o resto da vida. Quando o cuidador dele n�o pode vir, eu venho e o ajudo”, diz Joaquim. Apesar da harmonia, entre os dois h� diverg�ncias. T�lio � atleticano e Joaquim, cruzeirense. “Desse assunto n�o podemos falar”, diverte-se T�lio, �s gargalhadas.

LA�OS

 

Para surpresa da equipe do Estado de Minas, T�lio contou ter um filho, de 9 anos, de uma rela��o com uma cuidadora. “Foi algo que aconteceu. Hoje, n�o somos casados, mas ela e o meu menino moram comigo”, comenta, certo de que na vida h�, sim, boas surpresas. “O que vemos no filme e em tantas outras hist�rias dos la�os que se formam entre quem cuida e quem precisa de cuidados est� na forma de tratar ‘de igual para igual’”, comenta a psic�loga da Associa��o Mineira de Reabilita��o Marta Alencar, que diz que, quando se trata de portadores de necessidades especiais, muitos os tratam com d� ou piedade. “Mas quem est� nessas condi��es n�o quer ser tratado como coitado e � a� que vai se formando uma rela��o diferenciada, porque � muito mais motivador e encorajador se ver como uma pessoa com possibilidades”, diz.

A confian�a nesses encontros do acaso � a chave fundamental, segundo destaca Marta. “Os dois lados t�m que perder a vergonha e ter o respeito um pelo outro. � uma rela��o de entrega, do confiar nas m�os do outro”, afirma. Marta diz que o profissional n�o pode tamb�m invadir o espa�o de quem precisa da sua ajuda. “A melhor rela��o � quando essa m�o que auxilia leva quem precisa dela para a socializa��o , o que cria la�os com o mundo. O cuidador pode ser essa ponte.”

Profiss�o regulamentada

Em outubro, o Senado aprovou um projeto de lei que vai regulamentar a profiss�o do cuidador de idoso. Os profissionais ter�o que fazer curso de capacita��o para aprender a lidar melhor com essa faixa et�ria, que j� representa mais de 10% da popula��o brasileira. Al�m de gostar do trabalho, o cuidador tem que ser um profissional qualificado, que saiba como tratar o idoso corretamente. Al�m da obrigatoriedade do curso, o projeto tamb�m estabelece que ele tenha, no m�nimo, 18 anos e ensino fundamental completo. O projeto tamb�m aumenta em um ter�o as penas para os crimes previstos no Estatuto do Idoso quando forem cometidos pelo cuidador.

Nem t�o f�cil assim...

O filme Intoc�veis � dirigido por Olivier Nakache e Eric Toledano. Eles adaptaram a hist�ria real de Phillippe Pozzo di Borgo, milion�rio tetrapl�gico que criou um forte la�o de amizade com o enfermeiro argelino, que foi seu bra�o direito, Abdel Sellou. No filme, Phillippe � interpretado por Fran�ois Cluzet. E Abdel, que no cinema ganhou o nome de Driss, � vivido por Omar Sy.

Em setembro, o longa foi selecionado para representar a Fran�a na 85ª cerim�nia do Oscar. Em 15 de janeiro de 2013, ser� definido se est� entre os cinco finalistas para competir na categoria de melhor filme estrangeiro, na qual mais de 60 pa�ses v�o concorrer. A cerim�nia de premia��o do Oscar ser� em 24 de fevereiro. Al�m disso, o filme recebeu nove indica��es ao C�sar, o Oscar franc�s.

Mas como mostra bem o filme, esses encontros n�o s�o t�o f�ceis. Logo no in�cio da trama, Philippe faz uma sele��o para contratar seu futuro cuidador, o que fica claro que a busca � mesmo uma quest�o de identidade. “� extremamente dif�cil. Primeiro, porque se trata de um relacionamento muito pr�ximo e muito �ntimo. Depois, h� a quest�o do custo, que n�o � baixo. Al�m disso, voc� tem que pensar que ir� colocar uma pessoa dentro da sua casa. E n�o pode ser qualquer um”, destaca o analista do Minist�rio P�blico de Minas Gerais e professor da Pontif�cia Universidade Cat�lica de Minas Gerais (PUC Minas) Daniel Augusto dos Reis, de 45 anos.

Aos 18, ele ficou parapl�gico ao mergulhar em uma lagoa. “Desde ent�o, precisei de um cuidador, que s� se encontra com uma quest�o de ‘feeling’”, diz. Para ele, muitas pessoas n�o t�m o menor jeito para o trabalho, pecam na quest�o da confian�a. “Agrade�o a Deus todos os dias por, finalmente, ter encontrado duas pessoas em quem posso confiar. Eles s�o muito mais do que meus funcion�rios. S�o meus amigos”, conta Daniel, referindo-se a Pedro Alves do Santos, de 37, e Reinaldo Ribeiro Silva, de 31. “Sei que os dois n�o v�o me deixar na m�o”, aposta.

E n�o v�o mesmo. Pedro est� h� quase quatro anos cuidando do professor e conta que j� recebeu outras propostas de emprego, mas n�o quer largar o amigo. “Nunca tinha feito esse trabalho. Fui para fazer um teste e desde ent�o estou com ele”, lembra. Ele conta que o bom da rela��o dos dois � que um respeita as diferen�as e os direitos do outro. “Com ele, aprendi a valorizar mais a vida. Ele � um guerreiro e um grande amigo”, afirma. H� um ano no of�cio, Reinaldo diz ver Daniel como um companheiro. “Antes, atuava como auxiliar de servi�os gerais”, revela, dizendo ter aprendido muita coisa com Daniel. Uma delas � de ver a vida de uma forma diferente, bem mais positiva. “Temos uma rela��o de amizade, conversamos sobre tudo, contamos piadas, casos, assistimos a filmes, passeamos. � algu�m especial para mim, como um irm�o”, compara.

Daniel ressalta que o relacionamento � uma situa��o diferente dos outros encontros da vida. “Se eu n�o oferecer para eles uma contrapartida, como uma estabilidade de emprego, n�o vou mant�-los aqui. Hoje tenho a tranquilidade de entregar o meu carro nas m�os deles e, dentro das minhas possibilidades, o que eu puder fazer para contribuir, eu fa�o”, diz.

Os cuidadores se envolvem emocionalmente

Autora do livro Quem vai cuidar de nossos pais?, Marleth Silva entrevistou profissionais que cuidam dos outros de v�rios estados brasileiros, inclusive de Minas Gerais. Certa de que a rela��o � de la�os fortes, Marleth diz que os pr�prios cuidadores tamb�m precisam de cuidados. “Todo mundo � um cuidador. Uma filha, uma esposa, uma irm�. � um trabalho muito duro.”

Como est� a situa��o em Honduras?
Fomos avisados pelas Organiza��o de Estados Americanos (OEA) que em vez de se precipitarem como haviam feito anteriormente e julgado Honduras sem nos ouvir, que corrigiram seu procedimento e integraram uma comiss�o de quatro Estados, que chegam hoje, na qual se estabelece que se contate com o governo de Roberto Micheletti e que recebem as informa��es para comprovar os fatos que aconteceram. Eles v�o regressar e informar diretamente o conselho.

Micheletti vai fazer uma campanha internacional para explicar o que aconteceu?
N�o � campanha. O presidente da Rep�blica vai expressar a posi��o oficial em cadeia televisiva de forma coerente, transparente, � comunidade internacional e a todas �s embaixadas. Preparamos e enviamos informa��es para todas as embaixadas.

Ent�o o plano agora � receber a comiss�o da OEA, comprovar que se cumpriu o ordenamento jur�dico e esperar que Micheletti seja confirmado internacionalmente como presidente da Rep�blica?
O presidente Micheletti em todo momento � presidente e n�o estamos esperando que venham a confirmar que � presidente. O povo hondurenho j� o escolheu como presidente. O que n�s vamos comprovar � o cumprimento da lei, mas n�o substituir presidentes ou justificar os cargos. Aqui � presidente com OEA ou sem OEA. Aqui n�o houve golpe de Estado, aqui se respeita toda a Constitui��o Pol�tica, todo ordenamento jur�dico.

O que pensaram quando sa�ram declara��es como a do presidente Lula, que diz que n�o vai reconhecer outro governo que n�o seja o de Zelaya?
N�s respeitamos o crit�rio de todos os Estados, todo Estado � livre segundo os crit�rios que lhe corresponda, assim como todo estado � livre para defender-se, formar parte, e buscar os amigos ou retirar-se. O �nico que vamos fazer � a reciprocidade. Os que n�o quiserem ter rela��es com Honduras, tampouco Honduras vai querer ter rela��es.

Diz-se que as consultas p�blicas que Zelaya queria fazer eram ilegais. Por qu�?
Aqui as consultas s� podem ser feitas por um organismo eleitoral, sob a compet�ncia aut�noma da Justi�a Eleitoral. Mas o pior foi o que eles fizeram foi mudar no di�rio oficial o car�ter da consulta, que j� n�o era uma consulta t�cnica, mas j� se estava convocando a Assembleia Constituinte e depois de uma consulta esp�ria.

Zelaya n�o ficou como v�tima? O que vai acontecer agora?
N�s j� temos um presidente eleito como diz a constitui��o, por unanimidade, ent�o o que foi presidente poder� regressar j� sem cargo, como faltou e desacatou as ordens constitucionais. Este � o �nico caso na Am�rica Latina que vai ser um precedente em que sai o ex�rcito para fazer com que a lei seja cumprida e para defender a constitui��o. Em outras partes, os militares o que fazem � ficar com o poder.

Uma quest�o de sorte

Terezinha Santos logo se apressou para p�r um belo vestido em Aura Massara, de 86 anos, mais conhecida como dona Maninha, de Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. No quintal, Rosilene Gomes de Oliveira Rodrigues, a Rosa, �s gargalhadas, lembrava das muitas hist�rias j� vivenciadas por ela e dona Maninha. “O vestido est� muito curto? N�o gosto dele longo”, brincou dona Maninha, se preparando para a entrevista, que foi de risos e muitas brincadeiras. O trio, de mulheres adultas, mais parece um encontro de adolescentes, cheio de segredos e muita alegria. “Se um dias elas fossem embora? Ficaria chateada”, confessa dona Maninha.

Aura Massara, a dona Maninha, é disputada pelas cuidadoras Rosilene Gomes de Oliveira e Terezinha Santos(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Aura Massara, a dona Maninha, � disputada pelas cuidadoras Rosilene Gomes de Oliveira e Terezinha Santos (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)


Se os risos da rela��o entre Philippe e Abdel fazem parte da com�dia francesa mais vista no mundo, as gargalhadas tamb�m s�o o rem�dio que esse trio muito especial encontrou para os dias ganharem mais leveza. Desde os 82 anos, por causa das limita��es da idade, ela foi convencida pelos filhos de que precisaria de uma companhia. No in�cio, resistiu. “J� a conhecia como vizinha e o filho dela me ofereceu esse trabalho. Na �poca, vinha das 8h �s 17h. Ela me chamava de sombra. Passei a vir das 7h �s 10h, s� para ajud�-la no banho, lanche e caminhada. A�, um dia, falei que estava indo embora, ela disse que eu poderia ficar mais tempo”, lembra, orgulhosa, Rosilene, h� quatro anos como cuidadora de Aura, que hoje, com o avan�o do tempo, est� mais debilitada e precisando de mais cuidados. Rosa sempre revezou o servi�o com outras cuidadoras. H� quatro meses, Terezinha chegou � casa e as duas se revezam em cuidados de 48 horas.

E n�o pense que n�o h� ci�mes entre elas. O carinho de dona Maninha, que diz aos risos que gosta de todas iguais, � disputado. “Tem ci�mes, sim”, confessa Rosa.“J� tive propostas para ganhar mais, mas ela eu n�o largo. � algu�m que passou ser tamb�m da minha fam�lia”, conta Rosa. Terezinha, que est� na profiss�o h� 35 anos, diz que a rela��o � cada vez mais pr�xima e de muito afeto. “Falamos muita bobagem”, diverte-se, e dona Maninha ri alto, como uma garota travessa. Ontem foi anivers�rio dela e, claro, a dupla de risonhas n�o p�de nem sonhar em faltar. Dona Maninha � uma mulher de sorte. Al�m das duas cuidadoras, que t�m curso, tem tamb�m ao seu lado Maria Madalena da Silva, que trabalha como dom�stica em sua casa h� 45 anos.

LUXO

“� quest�o de sorte”, reconhece o presidente da Associa��o dos Cuidadores de Idosos de Minas Gerais, Jorge Roberto Afonso de Souza Silva. Ele conta que, hoje em dia, o profissional tem se tornado “de luxo”, por causa do alto custo. “Muitos familiares t�m reclamado que ao entrevistar um cuidador, a primeira pergunta dele � quanto vai ganhar”, critica Jorge, dizendo que a procura est� cada vez maior. “Com isso, muitos t�m inflacionado o real valor do trabalho.”

O professor Daniel Augusto dos Reis diz que virou amigo dos cuidadores Pedro Alves dos Santos e Reinaldo Ribeiro Silva, que trabalham há quatro e há um ano para ele, respectivamente(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press. Brasil)
O professor Daniel Augusto dos Reis diz que virou amigo dos cuidadores Pedro Alves dos Santos e Reinaldo Ribeiro Silva, que trabalham h� quatro e h� um ano para ele, respectivamente (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press. Brasil)


Na associa��o h� 5 mil cadastrados. “A rela��o do cuidador com o idoso extrapola quest�es emocionais. H� uma depend�ncia de ambos os lados”, diz Jorge, contando que cuidou de um idoso alco�latra durante anos. “Era um homem cheio de traumas na vida. Ele sofreu um acidente de carro, em que sua neta teve sequelas, e perdeu um irm�o, que morreu no mar. S� soube da hist�ria, porque, na nossa rela��o, ele passou a confiar muito em mim e desabafar sobre o passado.”

Segundo ele, a adapta��o do cuidador com um idoso n�o � da noite para o dia, o que dir� a confian�a. “O per�odo de tr�s meses � decisivo. A partir da� come�am a criar os la�os. Quando os idosos morrem, muitos cuidadores perdem o rumo”, conta, destacando a import�ncia de esses profissionais terem cursos especializados para o of�cio.


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