
O ato de dan�ar pode ter v�rias explica��es, art�sticas ou filos�ficas. Mas, nos games, ele era bem mais simples, quase sempre se limitando a acertar complicadas sequ�ncias de setas em uma tela, pisando em um controle em forma de tapete. Entretanto, os jogos de dan�a deixaram de ser um g�nero de nicho e tomaram de assalto a m�sica pop. E para alcan�ar esse patamar, usam como arma a tecnologia que mais popularizou os videogames nos �ltimos anos: os sensores de movimento, como o Kinect, do Xbox; o Wiimote, da Nintendo; e o Playstation Move, da Sony.
A franquia multiplataforma Just dance, da Ubisoft, criada em 2009, j� vendeu cerca de 35 milh�es de c�pias no mundo todo, com tr�s jogos principais e edi��es especiais, como as do rei do pop Michael Jackson. Sua principal rival, Dance central, da Harmonix (a criadora de Rock band), � exclusiva do Kinect e teve cerca de 4 milh�es de unidades comercializadas com dois t�tulos em dois anos.
A dupla come�ou a despontar no mercado de games na mesma �poca em que outro estilo de jogo de m�sica estava em decl�nio: o que simula bandas de rock usando controles em forma de guitarras e de baterias. O subg�nero caiu em desgra�a tanto pelo fim da febre dos instrumentos de pl�stico quanto por um excesso de t�tulos no mercado, principalmente por parte da s�rie Guitar hero, que acabou sendo descontinuada pela Activision.
Os dois games s�o como Fifa e Pro evolution soccer no campo dos games de futebol: enquanto Dance central � mais t�cnico, tanto em modos de jogo quanto na complexidade dos movimentos, Just dance � mais focado na simplicidade e em aspectos sociais, como inventar uma coreografia e compartilhar com seus amigos nas redes virtuais de cada console. “� um jogo para fazer a festa. Desde o in�cio ele foi pensado para o grande p�blico”, conta o presidente da Ubisoft Brasil, Bertrand Chaverot.
Como todo bom game de dan�a que se preza, � necess�rio ter os hits do momento. Foi a� que as duas franquias travaram seu duelo particular mais recente: a corrida para incluir em seus repert�rios a m�sica Gangnam style, do cantor/rapper sul-coreano Psy. A can��o chegou em ambos os jogos quase ao mesmo tempo e tamb�m est� no Dance central 3 e PS3.
Brasil Por aqui, a s�rie demorou um pouco para pegar no tranco, mas hoje repete o sucesso obtido no exterior. Em 2010, Just dance 2, o primeiro a ser distribu�do oficialmente em territ�rio nacional, em 2010, teve 10 mil unidades comercializadas. No ano seguinte, seu sucessor triplicou a quantia apenas na data de lan�amento. No total, foram 50 mil c�pias vendidas. A filial brasileira da Ubisoft espera dobrar esse n�mero para a edi��o deste ano, a Just dance 4.
A explica��o por tr�s de um crescimento t�o r�pido est� no aumento da base instalada de Xbox 360 com Kinect e Wii – consoles nos quais os games vendem mais – e, com ela, todo um contingente de novos jogadores. “Esse grupo n�o � composto apenas de gamers �vidos. S�o fam�lias que querem jogos apenas para se divertir. E nos de dan�a, todo mundo pode competir, pois a maior parte sabe dan�ar e cantar, sem exigir de controles adicionais”, explica Chaverot.
Para aumentar a popularidade do g�nero no pa�s, a Ubisoft negocia com um cantor (ou cantora) nacional de destaque e deve incluir uma can��o como conte�do adicional por download (DLC) no in�cio de 2013. E para a pr�xima edi��o do game, Chaverot quer as m�sicas brasileiras j� no setlist do disco. “No Brasil h� muitos casos de artistas com originalidade, mas n�o t�m poder econ�mico para exportar isso. Esse tipo de converg�ncia � bom para n�s e para os m�sicos”, completa.
Abaixo as calorias
(Shirley Pacelli)

J� Igor Colodetti � veterano quando o assunto � game de dan�a. Apesar disso, ainda n�o tinha dan�ado Gangnam Style da mais recente vers�o do Dance Central. Em sua primeira tentativa, Colodetti deu um show na partida e pouqu�ssimos erros foram cometidos por seu avatar. Ele conta que costuma jogar com os amigos e j� tentou com os pais tamb�m. “Minha m�e � p�ssima de dan�a e ganhei do meu pai diversas vezes”, orgulha-se.
Tamb�m ao som do rapper sul-coreano Psy, por uma, duas e at� tr�s vezes, Ka�que Eduardo, de 16, dan�ou. “Observa��o: tenho dois quilos a menos agora”, brincou ap�s as partidas. O jovem conta que, no in�cio, a timidez faz com que voc� n�o consiga seguir toda a coreografia, mas depois de se soltar a dan�a fica f�cil. Ao menos, no primeiro n�vel... A irm� B�rbara, de 8, ria dos passinhos do irm�o, mas n�o se atreveu a enfrentar o desafio.
Um pouco mais retra�do que Izabella, Igor e Ka�que, Ant�nio Vieira, de 13, n�o aceitou o convite para testar o game, mesmo porque ele j� tinha o t�tulo em casa. “Tenho desde o primeiro Dance, mas prefiro games de RPG (jogo de representa��o de pap�is)”, conta. Mas, se Ant�nio n�o � t�o f� desse tipo de jogo, revela que a fam�lia e os amigos fazem fila para seguir a coreografia dos bonecos que comandam o ritmo na tela da TV.
Vendas Segundo Reginaldo Muniz, propriet�rio da Brother Games, n�o h� vencedores quando o assunto � a disputa entre os games Dance Central 3 e Just Dance 4, que t�m vendas equivalentes na loja. S� mesmo em consoles h� aquele que desponta: quem domina o mercado � o Xbox 360, por causa do Kinect, com seu sensor de movimento. Entre os t�tulos mais procurados no Natal estavam Far cry 3 e Call of Duty Black Ops 2, ambos videogames de tiro em primeira pessoa.