Bruno Silva

Street fighter e Mega Man t�m duas semelhan�as e uma grande diferen�a. Ambos t�m uma fervorosa legi�o de f�s e completaram 25 anos em 2012, mas ganharam presentes de anivers�rio bem diferentes de sua criadora, a Capcom. Enquanto a s�rie de luta recebeu diversas homenagens e at� um novo game em comunh�o com Tekken – outro peso-pesado do g�nero –, a franquia do robozinho azul seguiu no ostracismo dos �ltimos anos, com projetos cancelados e um futuro sem muitas novidades.
No apagar das luzes de um ano em que a Capcom foi muito criticada pelo tratamento que deu a Mega Man, o t�tulo Street fighter x Mega Man parece mais uma tentativa da companhia japonesa de dar satista��o aos seguidores do rob� azul. O jogo foi criado por dois f�s: o programador cingapuriano Seow Zong Hui e o compositor norte-americano Luke Esquivel, e acabou adotado pela empresa japonesa durante seu desenvolvimento, para ser lan�ado em 17 de novembro de 1987, data em que o primeiro Mega Man chegou �s lojas.
O prop�sito � simples: agradar aos f�s de ambas as franquias, sem enredos complicados. O game � como um t�tulo cl�ssico da s�rie Mega Man, em que o her�i deve passar por oito fases, cada uma com um chefe. Mas, em vez dos androides do maligno Dr. Wily, quem aguarda no fim de cada n�vel � um dos guerreiros de Street fighter.
O elenco contempla todo o seu universo da saga de jogos de luta da Capcom. Ele passa por nomes cl�ssicos, como Ryu, Chun-Li, Dhalsim e o brasileiro Blanka, e inclui at� personagens mais novos e menos conhecidos, como Urien (Street fighter III), Rose (Street fighter alpha) e Crimson Viper (Street fighter IV). Al�m desses, h� mais tr�s lutadores que fazem as vezes de chef�es do jogo – se voc� � f� de Street fighter, provavelmente j� sabe quem s�o.
Mesmo com o apoio da Capcom, percebe-se que o grosso do desenvolvimento passou pelas m�os de Hui. As fases s�o curtas, simples, n�o oferecem muita variedade de inimigos e t�m alguns momentos lament�veis. Algumas ideias s�o at� boas, mas sofrem com uma execu��o porca. Por exemplo, em um dos chefes n�o h� duelo, pois o est�gio consiste em fugir de seus golpes at� que ele caia em um buraco. A falta de op��o para salvar tamb�m � um ponto negativo, embora o jogo n�o dure muito – � poss�vel termin�-lo em uma hora ou menos.
ADAPTA��O A principal homenagem do game est� em seus atributos art�sticos. Os cen�rios e os inimigos de Street fighter foram adaptados com primor ao estilo retr� das �ltimas duas aventuras de Mega Man. As fases t�m liga��o com os personagens – Blanka fica em uma floresta tropical, Dhalsim est� em um templo budista e por a� vai. Em alguns casos, como os de Ryu, s�o recria��es exatas de seus cl�ssicos est�gios em Street fighter II.
Nesse aspecto, quem brilha mais � a trilha sonora. Aqui se destaca o talento de Esquviel, conhecido por seu trabalho com �lbuns de chiptunes. A m�sica mistura as notas cl�ssicas de Street fighter com o ritmo acelerado do �udio de Mega Man, al�m de adaptar para o 8-bit vers�es de m�sicas de t�tulos mais modernos, como Street fighter IV.
Street fighter x Mega Man � um bom jogo, mas surgiu em m�s circunst�ncias. Fosse s� um projeto gr�tis para f�s, e n�o um produto oficial, provavelmente teria sido mais bem recebido. Ele acaba sendo um retrato da situa��o do querido rob� azul. Hoje, Mega Man se encontra no mesmo patamar em que Street fighter estava no fim dos anos 1990. � uma s�rie desacreditada e esquecida pela Capcom – e ser� necess�rio muito mais do que outro jogo retr� para tir�-lo dessa situa��o.