(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas O ESPELHO POR TR�S DA VIOL�NCIA

Pesquisa explica porque filmes com viol�ncia lotam os cinemas

Pesquisa conduzida na Alemanha e nos EUA indica que p�blico se sente mais atra�do por filmes com cenas brutais quando obras provocam uma reflex�o sobre a pr�pria vida


postado em 10/04/2013 09:30 / atualizado em 10/04/2013 09:56

Vilhena Soares

Os estudantes de cinema Daniel, Daniela e Lucas: apreciadores de filmes de ação(foto: ANTONIO CUNHA/ESP. CB/D.A PRESS)
Os estudantes de cinema Daniel, Daniela e Lucas: apreciadores de filmes de a��o (foto: ANTONIO CUNHA/ESP. CB/D.A PRESS)
Bras�lia – Por que filmes repletos de cenas violentas, em vez de afastar o p�blico, t�m o poder de lotar as salas de cinema? Haveria nos telespectadores um prazer secreto em ver o sofrimento alheio ou existiriam outras motiva��es que levariam algu�m a pagar para ver soldados morrendo baleados ou lutas que deixam personagens seriamente feridos? Para responder essa quest�o, pesquisadores das universidades de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, e de Augsburg, na Alemanha, perguntaram a centenas de pessoas nos dois pa�ses por que certos filmes, com cenas violentas, atra�am a aten��o delas. A constata��o foi de que o p�blico via nessas pel�culas a possibilidade de se identificar com os personagens e fazer rela��es com embates da vida real.

O estudo – que ser� apresentado em junho na 63ª Confer�ncia Anual da Associa��o Internacional de Comunica��o, em Londres – contou com a participa��o de 482 pessoas entre 18 e 82 anos. Todos assistiram a trailers de filmes, alguns com mais viol�ncia (cenas com sangue, mortes etc.) e outros com menos, mas sempre com similar n�vel de suspense. Depois da exibi��o, os volunt�rios responderam um question�rio no qual indicavam se gostariam de ver algumas das obras at� o fim e justificar essa decis�o. Os pesquisadores perceberam uma ocorr�ncia muito grande de motivos como identifica��o com personagens, aprecia��o pela hist�ria e tamb�m uma “busca pela verdade”. Ou seja, al�m do prazer, fatores relativos � condi��o humana foram respons�veis pela prefer�ncia do p�blico.

Amplie e entenda melhor a pesquisa
Amplie e entenda melhor a pesquisa
Anne Bartsch, uma das respons�veis pelo estudo e pesquisadora da Universidade de Augsburg, explica as motiva��es para a realiza��o da pesquisa. “Quer�amos descobrir se quem busca satisfa��o nesses filmes vai atr�s apenas de prazer intelectual ou de uma motiva��o geral”, conta. Ela ressalta o porqu� do m�todo usar filmes que t�m n�veis diferentes de viol�ncia.

“Com a ajuda dos trailers de obras que s�o, al�m de sangrentas, significativas e de outras que s�o simplesmente sangrentas, foi poss�vel comparar e estabelecer o direcionamento da prefer�ncia dos participantes de forma mais f�cil”, exemplifica.
Anne e os colegas se dizem satisfeitos com os resultados da pesquisa, mas pretendem continuar a investiga��o e tentar identificar poss�veis efeitos gerados em quem assiste aos filmes. “O passo mais importante para n�s, futuramente, ser� analisar representa��es que podem ter efeitos pr�-sociais no p�blico, por exemplo, gerando empatia com as v�timas da viol�ncia ou levando a uma autorreflex�o sobre impulsos violentos”, adianta.

Homens x mulheres

Apesar da m�xima de que os homens gostam mais de filmes de a��o do que as mulheres, a pesquisa n�o observou essa diferen�a. “O padr�o geral identificado � de que as pessoas s�o mais propensas a assistir cenas violentas em um contexto de hist�ria significativa. Esse padr�o foi o mesmo para ambos os sexos. Ent�o, pode haver outras raz�es pelas quais os homens s�o mais atra�dos por filmes violentos”, diz Anne.

Para o estudante de cinema Daniel Souza Lopes, de 22 anos, filmes de a��o t�m um charme diferente dos outros. “Acredito que eles mexem mais com a gente, por serem r�pidos e cheios de acontecimentos. Al�m disso, os roteiros s�o mais f�ceis de serem feitos e d�o mais lucro que a maioria. Talvez seja por isso que eles sempre est�o em alta”, opina.

Identificar-se com o personagem pode ser uma boa justificativa para o gosto de muitos pelo filme de a��o, defende Lucas da Silva, de 22, colega de faculdade de Daniel. “Quando vemos algu�m que sofre, acabamos torcendo por ele. A gente acaba se colocando no lugar da pessoa”, comenta. A tamb�m estudante de cinema Daniela Costa, de 18, se diz atra�da pelas situa��es que fogem da vida cotidiana. “O que me encanta, e talvez encante outras pessoas, s�o os enredos com situa��es que n�o vivemos no nosso dia a dia, diferentes da nossa realidade”, explica.

Identifica��o

Na opini�o de Benedito Rodrigues dos Santos, antrop�logo e professor da Universidade Cat�lica de Bras�lia, o estudo mostra uma vis�o interessante sobre o que a viol�ncia pode revelar sobre a condi��o humana. “Na antropologia, sempre discutimos esse assunto, da a��o e da rea��o. Como uma crian�a que, mesmo assustada, reage com algum impulso violento, se debatendo, por exemplo. Acredito que a quest�o da identifica��o � plaus�vel, mas precisamos ter cuidado ao falar sobre o reflexo que isso teria nas pessoas, j� que at� o pr�prio fato de falar incentivaria a viol�ncia”, completa.

O antrop�logo destaca tamb�m que a viol�ncia est� em outros lugares al�m dos filmes de a��o. “Podemos encontrar ind�cios violentos em com�dias que recorrem a situa��es perigosas. � s� observar com cuidado que conseguimos enxergar quantos elementos semelhantes e do mesmo g�nero existem”, explica.

O psiquiatra da Universidade de Bras�lia (UnB) Rafael Boechat acredita que o estudo mostra uma forma cl�ssica usada pela ind�stria de entretenimento para chamar a aten��o do p�blico. “Por que as novelas fazem sucesso? � justamente pela identifica��o dos personagens, o que leva a uma aceita��o maior da popula��o”, analisa.

Alguns dos filmes usados na pesquisa

O resgate do soldado Ryan (EUA, 1998)

De Steven Spielberg. Com Tom Hanks, Tom Sizemore, Edward Burns. Classifica��o indicativa: 16 anos
Nas praias da Normandia, for�as militares confrontam-se numa batalha que vai decidir o curso da guerra. Soldados americanos cumprem uma arriscada miss�o para encontrar o soldado James Ryan.


O massacre da serra el�trica (EUA, 1974)

De Tobe Hooper. Com Marilyn Burns, Gunnar Hansen, Edwin Nael. Classifica��o indicativa: 18 anos.
Sally e seus amigos ouvem um boato de que o t�mulo do av� da jovem foi violado. Ela resolve checar a informa��o na companhia dos colegas, e no caminho, eles d�o carona para um homem que se revela louco e assassino.


A identidade Bourne (EUA, 2002)

De Doug Liman. Com Matt Damon, Chris Cooper e Clive Owen. Classifica��o indicativa: 14 anos.
Jason Bourne � um homem sem passado e, talvez, sem futuro. Tudo que ele se lembra � de que estava no Mar Mediterr�neo e seu corpo estava crivado de balas. Nessa situa��o de amn�sia, � perseguido por estranhos que parecem dispostos a tudo para mat�-lo.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)